Histórico
Tudo começa no continente em 1911, quando uma República da China surge no oriente e finca sua bandeira sobre uma Monarquia caída, o contexto era uma China enfraquecida e dividida pelo imperialismo das nações europeias. A partir daí, a instabilidade política gera a criação do partido nacionalista Chinês, o Kuomintang. Os nacionalistas, porém, não estavam sozinhos, em 1917, um gigante escarlate despertou no norte, e em terras Russas nasceu o primeiro Estado comunista do mundo. Não demorou para o vermelho transbordar pela fronteira sul, e logo nasceu o Partido Comunista Chinês, ou PCC para os íntimos.
É assim que, em 1925, a estranha amizade entre os dois partidos dá lugar à hostilidade do novo líder nacionalista do país, Chiang Kai-shek. Este personagem ordena, então, uma perseguição sistemática contra os comunistas que cresciam cada vez mais, tornando-se uma ameaça ao Kuomintang. Começa a longa guerra civil, que vai envolver os dois protagonistas desse conflito: deste lado do Tatame temos o líder comunista Mao Tsé-tung, pesando um partido com crescimento desenfreado e aliados ao norte, do outro lado se encontra Chiang Kai-shek, com o peso da faixa presidencial, do apoio da elite e do exército.
Enquanto isso, banhada pelo Mar da China Oriental, a ilha de Taiwan era subjugada por outra ilha. Já que se encontrava há quase cinquenta anos sob controle do Japão, que ganhara o território em uma guerra contra a dinastia Chinesa Qing no século anterior. Esse cenário muda em 1945, tão rápido quanto uma bomba atômica (ou pior, duas), já que com a rendição japonesa no fim da Segunda Guerra Mundial, Taiwan volta a pertencer ao continente. São apenas 14 anos depois, porém, que as trajetórias das duas Chinas se tornam uma só.
O ano é de 1959 e o continente finalmente se curva para o vencedor, Mao Tsé-tung tem o controle sobre o que ele agora chama República Popular da China. Três meses depois, em dezembro daquele mesmo ano, Chiang Kai-shek zarpa com sua comissão do Kuomintang para a Ilha Formosa, levando consigo o sonho da República Chinesa se instala em Taipei, capital do país até hoje.
Relações diplomáticas
Sem dúvidas, Taiwan é um ponto delicado nas intrincadas relações que envolvem as tensões geopolíticas. A questão ganhou tons mais dramáticos a partir de 2017, com a posse do republicano Donald Trump, que intensificou a chamada Guerra Fria 2.0, ou seja, o conflito geopolítico e ideológico entre Estados Unidos e China. Mesmo sob a presidência do democrata Joe Biden, a partir de 2021, a questão não arrefeceu. Declarações de cada um dos lados insistem em reacender as polêmicas.
Em recente diálogo, por telefone, no dia 28 de julho deste ano, Taiwan foi um dos temas da conversa e o presidente chinês Xi Jinping não se fez de rogado, afirmou com veemência que “aqueles que brincam com fogo só vão se queimar, espero que o lado dos EUA possa ver isso claramente”.
Apesar das ameaças do governo chinês, o presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, iniciou nesta segunda-feira (1º) uma viagem pela Ásia.
A visita é marcada pelo sigilo sobre o itinerário, em um momento de tensão com a China por conta de Taiwan. Na semana passada, o governo chinês advertiu que o presidente norte-americano, Joe Biden, estaria “brincando com fogo” caso Pelosi visite a ilha.
A delegação liderada por Pelosi visitará Singapura, Malásia, Coreia do Sul e Japão, mas as expectativas sobre uma possível escala em Taiwan concentram as atenções da viagem.
A questão para os EUA
A questão de Taiwan, é “um tanto nebulosa”, já que a China considera que o território pertence ao país, enquanto os Estados Unidos reconhecem, ao mesmo tempo, a política de “uma só China”, mas também mantém relações com Taiwan, a ponto de fornecer armas para uma “política de autodefesa”.
Por outro lado, a ligação telefônica entre o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o mandatário chinês, Xi Jinping, “denota interesse de que EUA e China mantenham relações que não escalonem num conflito.”
Uma ação militar em Taiwan não interessa a ambos. Embora, nos EUA, exista pressão doméstica pela inflação e falta de popularidade de Biden, e, na China, haverá decisão do Congresso para consolidar o terceiro mandato de Jinping.
No debate EUA e China tem um ponto em questão
Joe Biden, ainda não decidiu se suspenderá algumas tarifas comerciais sobre a China, disse na terça-feira (26) um funcionário do alto escalão, embora o presidente tenha um telefonema com seu par chinês, Xi Jinping, programado para esta semana.
John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, afirmou que o governo acredita que as tarifas impostas pela guerra comercial no mandato do ex-presidente Donald Trump não estão funcionando, mas que Biden ainda está resolvendo o próximo passo.
Biden quer uma revisão das tarifas que estão em vigor para garantir que estejam alinhadas com nossas prioridades econômicas estratégicas, que atendam aos nossos melhores interesses nacionais e, francamente, aos melhores interesses do povo americano, mas ainda não tomou uma decisão”, explicou Kirby aos repórteres.
As tarifas em questão são de 25% sobre bilhões de dólares em importações chinesas em retaliação ao que os Estados Unidos apontam como as práticas comerciais habitualmente desleais de Pequim.
Porque a China dialoga com EUA
Entre os principais motivos estão a possibilidade de retaliação dos Estados Unidos, as sanções que Pequim sofreria – em um momento em que sua economia perde fôlego – e a liderança mundial de Taiwan na fabricação de chips
Os americanos mantêm, no entanto, uma política de “ambiguidade estratégica” sobre como reagiriam de fato a um ataque chinês.
Há também razões econômicas para a China pensar duas vezes, apesar do seu poder militar bem superior, como sanções globais e o chamado “escudo de silício”.
O termo se refere à liderança mundial da ilha na fabricação de chips (feitos com silício).
Sem eles e com as prováveis sanções, a economia chinesa – que deve ter o menor crescimento em 30 anos -seria muito abalada.
A China se opõe de modo veemente a qualquer forma de intercâmbio oficial entre qualquer país e Taiwan, incluindo a negociação e assinatura de um acordo econômico e comercial com conotações soberanas e caráter oficial”, disse o porta-voz do ministério do Comércio, Gao Feng, a repórteres, um dia após o anúncio do começo das negociações comerciais entre Taiwan e Estados Unidos.
Estados Unidos e Taiwan estão vinculados desde 1994 por um “marco” de comércio e investimentos.
O que é o “escudo de silício”?
Significa que a posição de Taiwan como líder mundial na fabricação de chips semicondutores avançados atua como um elemento de dissuasão para a ação militar chinesa.
O impacto de uma guerra nesta parte do mundo seria tão grande que a China pagaria um preço muito alto, incluindo graves danos à sua própria economia.
O gigante asiático, como o resto da economia mundial, depende de chips super sofisticados fabricados em Taiwan.
Essas pequenas peças são feitas com semicondutores O escudo de silício é semelhante ao conceito de MAD (sigla em inglês para “destruição mútua assegurada”) da Guerra Fria, porque qualquer ação militar no estreito de Taiwan seria tão prejudicial para a China quanto para Taiwan e os Estados Unidos.
De modo que, com efeito, evita o início do conflito e protege o pequeno território de um ataque militar ordenado por Pequim.
O custo de tal ação seria tão alto, não apenas para o mundo, mas para a própria China, que o governo de Xi Jinping teria que pensar duas vezes antes de dar a ordem. Ente de silício.
O fato de o governo chinês não ter conseguido levar adiante sua intenção declarada de tomar Taiwan à força se necessário mostra que o “escudo de silício” está funcionando.
Se Taiwan não fosse um fornecedor tão importante de tecnologia para o mundo, é possível que a China já tivesse tomado medidas para ocupar o território.
Escassez de microchips
Desde o início da pandemia, o mundo tem passado por uma forte escassez de microchips. O forte aumento da demanda, já que a venda de computadores e videogames aumentou em ritmo acelerado, não acompanhou a velocidade da produção, causando um forte desequilíbrio no mercado internacional.
Por causa da liderança de Taiwan na produção das peças, o país precisou agir para evitar o pior. De acordo com ele, a empresa Taiwan Semiconductor Manufacturing Co (TSMC), que fornece cerca de um quarto dos chips do mundo, começou a investir em uma nova capacidade produtiva para o longo prazo.
No curto prazo, adotou uma política de dar prioridade a pedidos ‘reais’ de compradores de chips com necessidades imediatas, em vez de atender clientes que estão reservando o dobro para cobrir suas provisões durante a escassez.
Estratégia chinesa de contra-ataque
Para se livrar da dependência de Taiwan e, quem sabe, no futuro conseguir uma investida militar no país, a China está desenvolvendo planos para se tornar autossuficiente na produção de microchips.
Porém, autossuficiência completa, que incluiria a capacidade de dominar toda a cadeia de suprimentos, indo do design até a fabricação, seria impossível na prática.
Isso não se aplica apenas à China, mas também aos Estados Unidos. Portanto, nesse sentido, tudo que se fala sobre autossuficiência da China é ilusório.
Nenhum país é autossuficiente em todos os aspectos da tecnologia e, definitivamente, não em semicondutores.
Nas últimas décadas, a indústria de semicondutores se tornou fragmentada e várias etapas da cadeia de suprimentos são realizadas em diferentes locais ao redor do mundo e por diferentes empresas.
O design do chip é feito principalmente nos Estados Unidos, a placa é fabricada em Taiwan e a montagem e os testes do chip são realizados na China ou no Sudeste Asiático.
Espero que tenham gostado do assunto.
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