História
A crise que originou a palavra “apagão”:
A crise do apagão foi uma crise nacional ocorrida no Brasil, que afetou o fornecimento e distribuição de energia elétrica.
Ocorreu entre 1 de julho de 2001 e 19 de fevereiro de 2002, durante o segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, sendo causada por falta de planejamento e investimentos em geração de energia.
O Apagão de 2001: 1ª grande crise energética do Brasil
De proporção nacional, a crise de energia de 2001 afetou o fornecimento e a distribuição do insumo entre 1 de julho de 2001 e 19 de fevereiro de 2002, e teve como principal agravante, a falta de planejamento e investimentos no setor energético brasileiro.
À época, foi anunciado que talvez fosse necessário fazer longos cortes forçados de energia. Esses cortes forçados foram apelidados de “apagões” — daí o nome da crise — pela imprensa.
A escassez de chuvas no período foi uma das principais causas que, somada à falta de planejamento e investimentos em geração e transmissão de energia elétrica deixaram o cenário preocupante.
Com a falta das chuvas, o nível de água dos reservatórios das hidrelétricas baixou, obrigando toda a população ao racionamento de energia.
Vale destacar que, em 2001, o mercado livre de energia ainda engatinhava — sua origem é de 1998. Por isso, em vez de idealizar novos projetos e outras fontes para a geração de energia elétrica, o plano do governo foi criar um racionamento — cerca de 20% do consumo total — para evitar que a matriz energética brasileira entrasse em colapso.
Como margem comparativa, o início do século XXI (anos 2000 e 2001) marca a utilização da energia solar fotovoltaica em grande escala no mundo todo.
Com um bom plano de substituição de fontes e reestruturação da matriz, as próximas duas grandes crises poderiam ter sido evitadas e nossa energia elétrica seria de melhor qualidade.
Conheça os apagões que marcaram história no Brasil:
- Em 22 de janeiro de 2005, um grande blecaute que atingiu os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, afetando 3 milhões de pessoas.
- Em 7 de setembro de 2007, novamente os dois estados foram atingidos por desligamento de energia causado por problemas em Furnas.
- Em 10 de novembro de 2009, devido a um inédito desligamento total da usina hidroelétrica de Itaipu Binacional, 18 estados brasileiros ficaram totalmente ou parcialmente sem energia, sendo a região sudeste a mais afetada.
- Em 4 de fevereiro de 2011, quase toda a região Nordeste do país ficou às escuras a partir das 23h30 (horário local) – 0h30 (horário de Brasília), após um problema em linhas de transmissão locais. O blecaute atingiu pelo menos sete estados: Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte.
- Em 22 de setembro de 2012, outro grande problema no setor elétrico foi registrado no Nordeste Brasileiro.
- Em 3 de outubro de 2012, novo blecaute registrado por falha em transformador de Itaipu afetou cinco Estados. O blecaute atingiu áreas do Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Acre, Rondônia e parte do Centro-Oeste.
- Em 4 de outubro de 2012, devido ao desligamento geral da Subestação Brasília Sul, controlada por Furnas Centrais Elétricas, Brasília também enfrentou uma queda de energia por volta das 13h15 do dia 4 de Outubro de 2012 e durou por mais de 2 horas.
Crise 2015-2016
No final de 2014 e no começo de 2015, análises apontavam para uma nova crise energética se aproximando. O problema? Um velho conhecido: os níveis dos reservatórios das hidrelétricas. Na ocasião, eles atingiram os valores mais baixos de toda a história do país.
Para não cometer o mesmo erro de 15 anos antes, o governo decidiu privilegiar usinas termoelétricas para criar uma base de segurança energética para o país.
Contudo, isso custou muito caro e em um curto período alguns lugares atingiram aumento de 100% na tarifa de energia elétrica.
Além disso, termoelétricas utilizam combustíveis caros (como o gás) e em alguns casos poluentes (óleo combustível e carvão).
Ou seja, além do prejuízo econômico, um grande prejuízo ambiental.
Momento atual
Há algumas semanas uma crise no abastecimento dos reservatórios de hidrelétricas no Brasil tem acendido alertas de risco energético para este ano. O país, que tem pressão crescente no setor de geração elétrica, terminou o período chuvoso em abril com os menores níveis dos reservatórios da região Sudeste/Centro-Oeste, a principal em termos de geração hidráulica de energia, para o mês desde 2015, quando o país também enfrentou crise hídrica severa.
Diante do risco, o governo, por meio do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) autorizou que sejam utilizados todos os recursos disponíveis de geração de energia, sem importar quanto isso custará para o consumidor no início de maio. A definição envolve o acionamento de todas as usinas térmicas e importação de energia da Argentina ou do Uruguai.
O governo federal também criou uma “sala de situação” para acompanhar o suprimento de energia no Brasil que envolve diversos ministérios, incluindo a Casa Civil e as pastas da Economia, de Relações Exteriores e Meio Ambiente, além da Secretaria de Comunicação da Presidência, do Ibama e autarquias como a Aneel e Agência Nacional de Águas (ANA). A primeira reunião do grupo ocorreu há duas semanas.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) revisou a tarifa de energia elétrica na sexta-feira, 28, para o patamar mais alto, o de bandeira vermelha 2. O aumento começa a ser aplicado para os consumidores na conta de luz de junho. Em maio, a agência reguladora passou a bandeira tarifária para vermelha no patamar 1, o que significou uma cobrança adicional de R$ 4,169 para cada 100 quilowatts-hora consumidos.
Como seca histórica no Brasil traz risco de inflação e racionamento de energia
O Sistema Nacional de Meteorologia (SNM) emitiu na sexta (28/05) um alerta de emergência hídrica entre junho e setembro para cinco Estados — Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.
A falta de chuvas é considerada crítica na região da bacia do rio Paraná, que concentra importantes usinas hidrelétricas, como Jupiá, Ilha Solteira, Porto Primavera e Itaipu.
O comunicado se soma a uma sequência de notícias que expõem uma das piores secas que o país já enfrentou, concentrada na região Centro-Sul.
Dados divulgados em abril pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) apontaram que, entre setembro de 2020 e março deste ano, as hidrelétricas do país receberam o menor volume de chuvas em 91 anos
A situação piorou em abril, conforme o Índice Integrado de Seca (IIS) do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), com intensificação da seca em relação a março.
Conta de luz mais cara
O impacto mais direto desse quadro é no preço da energia elétrica.
O Sudeste, onde a situação dos reservatórios é pior, responde por cerca de 70% da produção de energia hidrelétrica do país.
Com a menor oferta de energia a partir das hidrelétricas, o país precisa acionar usinas térmicas, cuja produção é muito mais cara e mais poluente.
Nas contas de luz enviadas aos consumidores neste mês já aparece o acréscimo da bandeira vermelha patamar 1 acionada no início de maio pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A perspectiva para os próximos meses não é de melhora a cobrança pode ser ainda mais alta, caso a Aneel considere ser necessário adotar a bandeira vermelha patamar 2, a mais cara entre as quatro consideradas pela agência.
Inflação
A partir de agora, com a bandeira vermelha e alta no custo de energia, aumenta a pressão na produção das empresas. Assim, além da inflação dos alimentos e combustíveis, vai haver uma despesa maior se for preciso recorrer às termelétricas, mais caras, porque dependem do óleo diesel. Esse cenário vai afetar os índices de inflação Calcula se que, no final, a fatura vai cair no colo do consumidor residencial, que vai ter que desembolsar mais 20% do orçamento com a conta de luz.
Na prática, como funciona esse aumento? Imaginemos que o consumidor gasta R$ 42,00 por mês. Se continuar consumindo a mesma quantidade de KWh, com a bandeira vermelha a R$ 7,50, 100 a 200 KWh consumido, vai passar a pagar R$ 49,50
Bolsa
Com o atual cenários algumas companhias muito baseadas em energia hidrelétrica para operar devem ser pressionadas, enquanto outras que possuem outras matrizes de energia devem ser beneficiadas, apontam analistas.
As ações mais impactadas pela crise hídrica são a AES Brasil (AESB3) e a Cesp (CESP6), que estão localizadas em regiões mais afetadas pelo atual déficit hídrico (estado de São Paulo).
Concessionárias integradas como Cemig (CMIG4), Copel (CPLE6) e Light (LIGT3) também podem ser impactadas.
Nos resultados do primeiro trimestre de 2021, tanto a Cesp quanto a AES Brasil tiveram uma redução na produção de energia elétrica de 21% e 22% na base anual, respectivamente, devido às diretrizes de despacho praticadas pelo ONS. Isso ilustra que o impacto do déficit hídrico já é uma realidade para algumas geradoras, principalmente as localizadas em regiões mais afetadas pela escassez hidrológica.
Já em relação ao segmento de distribuição, as companhias são afetadas em um segundo estágio da escassez hídrica, a partir do momento em que há um racionamento de energia
No caso de empresas como Engie (EGIE3), o cenário é diferente. A companhia, tem 30% da capacidade de geração térmica / eólica, além de ter um negócio de transporte de gás e de transmissão greenfield.
Ações de geradoras com maior participação em energia eólica e solar também podem ser beneficiadas pela situação. Entre as empresas nesse perfil estão Omega (OMEG3), Renova (RNEW3) e Alupar (ALUP11). E, indiretamente, a Aeris (AERI3), que é fabricante de pás para geradores de energia eólica.
Confira a exposição do risco hídrico por segmento do setor elétrico
Imagem e dados Fonte XP
Um abraço
Até a próxima
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