Após dois anos, Fórum Econômico Mundial começa em Davos com desafios da economia
A economia global também estará em discussão, diante de uma inflação cada vez mais elevada, a interrupção do fornecimento de grãos pela Ucrânia, a desconfiança dos investidores e as sequelas sociais deixadas pela pandemia.
Dois anos depois da última edição do Fórum, a doença ceifou milhões de vidas e continua prejudicando as cadeias de suprimentos globais. Mesmo que a pandemia tenha diminuído em grande parte do mundo, as cicatrizes deixadas por ela permanecem abertas. Milhões de pessoas, principalmente mulheres, não voltaram ao mercado de trabalho, centenas de milhares de crianças foram forçadas a abandonar a escola e empresas que sobreviveram à crise ainda estão contabilizando suas perdas.
Há muita inflação, há muita desigualdade. Nossa economia global está desequilibrada. Estes assuntos, assim como a crise alimentar, devem ser abordados em Davos, porque precisam de atenção imediata
História de Davos
O Fórum Econômico Mundial é, na verdade, uma fundação sem fins lucrativos fundado em 1971 pelo economista alemão Klaus Schwab, com sede na Suíça. Atualmente, conta com as mil maiores empresas do mundo dentre os seus membros.
O objetivo da organização é “envolver os principais líderes políticos, empresariais, culturais e outros da sociedade para moldar as agendas globais, regionais e da indústria”, segundo seu site.
Desde 1988, passou a realizar encontros anuais, geralmente no começo do ano, na cidade de Davos, conhecida por abrigar resorts para esquiadores. O local acabou sendo fortemente associado ao evento, que é tradicionalmente chamado apenas de Davos ou Fórum de Davos.
O tema principal que pauta os debates no encontro muda a cada ano. Já foram discutidos assuntos como Quarta Revolução Industrial, globalização e sustentabilidade.
Importância de Davos
O elemento mais importante de Davos é possibilitar a discussão sobre a situação econômica dos países, mesmo com a guerra e a pandemia, a questão ambiental deve se manter como o centro das discussões, uma tendência dos últimos encontros.
Davos tem um lado prático e outro simbólico, que ainda predomina, e serve como um local de proposição de agendas, indicando as intenções de países e empresas para os próximos anos.
O encontro serve como oportunidade para líderes de países se encontrarem com investidores, e se antenar sobre as tendências nos mercados internacionais.
Davos não costuma ditar novas tendências na economia global, mas sim discutir e destacar as que já existem e geralmente são discutidas inicialmente em outros encontros, como os do G7 e G20.
O evento também pode, esporadicamente, ter um tom mais prático, dando origens a resoluções, como as envolvendo cibersegurança e atuação do setor privado na questão climática, mas “muito mais em função do que já foi decidido antes.
O que esperar em 2022?
A questão da recuperação econômica dos países devido à pandemia deve ser um assunto relevante, discutindo ideias de como retomar o crescimento econômico, mas não o foco.
Com a saída em geral dos países das fases mais críticas da pandemia, os desdobramentos da guerra devem dominar.
Deve predominar discussões sobre as formas de minimizar os impactos econômicos do conflito, como, por exemplo, das sanções aplicadas contra a Rússia, e também mais debates sobre a chamada agenda verde, englobando a questão dos investimentos em sustentabilidade.
A guerra na Ucrânia afetou os preços e fornecimento de gás natural para a Europa, obrigando muitos países a reverter algumas posições e até o uso de carvão, mais poluente. Nesse sentido, o evento pode dar pistas de como os países pretendem lidar com as consequências do conflito enquanto tentam balancear a importância do combate às mudanças climáticas.
É preciso ver se vai ter alguma sinalização de regionalização de cadeias. Seria um caminho para redução da dependência entre Ocidente e Oriente, que sustentou a globalização nos últimos anos antes da Covid-19. Pode vir sinalização que os países querem algo nesse sentido.
Economistas em Davos projetam dura inflação na América Latina
O relatório de economistas-chefes de grandes bancos e empresas internacionais divulgado nesta segunda-feira (23), no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, apontou as expectativas para a América Latina, além de projetar menor atividade econômica e maior inflação.
De acordo com o documento, a região tem perspectivas difíceis no que tange à alta inflacionária. Cerca de 41% dos economistas consideram que a inflação na região será muito alta, enquanto a previsão para os Estados Unidos e Europa é de inflação alta para 58% e 75% dos participantes do estudo, respectivamente. Espera-se que o crescimento das economias latino-americanas atinja 2,5% em média, uma revisão para cima de 0,1 ponto percentual, em um cenário de alta inflação.
O relatório é assinado por economistas-chefes de bancos UBS, Deutsch Bank, BBVA, HSBC, ABN Amro, dos bancos brasileiros Bradesco, Itaú e BTG, e de empresas como Nestlé, Unilever, Deloitte.
Subsídios
Cerca de 54% dos principais economistas esperam subsídios para lidar com o aumento nos custos de energia, enquanto 41% esperam subsídios para os preços dos alimentos em países avançados. Já para economias de baixa renda, a maioria (86%) acha que serão necessários subsídios aos preços dos alimentos, enquanto 60% esperam subsídios aos preços da energia.
O Banco Mundial, segundo o relatório, espera alta de preços da energia em mais de 50% do valor em 2022, antes de diminuir em 2023 e 2024.
Há a expectativa também de maior inadimplência da dívida em economias em desenvolvimento.
Agenda para esse ano
1) Resposta à pandemia
Muitos dos discursos especiais e painéis de discussão durante o evento Davos Agenda 2022 confrontaram a pandemia de COVID-19 em andamento, apresentando lições e oferecendo ideias para uma resposta contínua à pandemia.
2) Recuperação econômica
A economia também foi destaque durante as discussões da Agenda 2022 de Davos, com líderes mundiais comentando sobre o impacto da pandemia nas economias e os esforços em andamento para a recuperação.
3) Ação Climática
Aproveitando o impulso da COP26, os palestrantes da Agenda 2022 de Davos defenderam a necessidade de ação climática em termos inequívocos. Os riscos climáticos estão no topo do Relatório de Riscos Globais 2022 do Fórum Econômico Mundial, que analisa as percepções globais entre especialistas em riscos e líderes mundiais em negócios, governo e sociedade civil. John Kerry, representante do clima do governo dos EUA, foi claro sobre a necessidade de ação.
4) Inovação tecnológica
A pandemia do COVID-19 acelerou muitas das transformações digitais da 4ª Revolução Industrial em todos os setores, uma tendência que continuará no próximo ano. Na Agenda de Davos 2022, muitos dos palestrantes destacaram o papel fundamental da tecnologia e estavam otimistas sobre o potencial da tecnologia para ajudar a resolver problemas globais.
5) Colaboração global
Sustentando todas as conversas na Agenda de Davos 2022 estava o poder da colaboração global. Isso abrange todos os setores – da resiliência à pandemia à ação climática e à restauração da confiança no comércio global e nas cadeias de suprimentos – e envolve partes interessadas das esferas pública, privada e da sociedade civil.
Conclusão
Esse ano representa uma oportunidade para a disseminação de informações sobre os avanços na agenda econômica, que busca melhorar o ambiente de negócios, aprofundar os serviços de digitalização, ampliar as oportunidades para investimentos privados e reduzir impostos e tarifas a fim de dinamizar os fluxos comerciais.
Temos inflação alta, uma crise de energia, pobreza alimentar e uma crise climática. E não podemos resolver os problemas se nos concentrarmos em apenas uma das crises.
Até a próxima
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