OI(códigos Bovespa: OIBR3, OIBR4)
RESUMÃO – Resultados 3T19: (Data de divulgação dos resultados ao mercado: 02/dezembro/2019). (Dados retirados do site de RI:http://ri.oi.com.br)
Estratégia da Empresa:
A Oi (OIBR3, OIBR4) é uma das principais provedoras de serviços de telecomunicações do país e está presente em todo o território nacional com a maior capilaridade de rede do Brasil, chegando às áreas remotas do país e promovendo a inclusão digital da população.
A Oi oferece serviços de telefonia fixa e móvel, banda larga, TV por assinatura, transmissão de dados e provedor de internet, além de vários outros serviços corporativos e de atacado, como serviços de rede de transporte e backbone internacional.
Além disso, a empresa oferece mais de dois milhões de pontos públicos de rede Wi-Fi, disponíveis em diversos locais, como por exemplo, aeroportos e shopping centers.
A Oi requereu o pedido de recuperação judicial em 20/junho/2016, com base na Lei de Recuperação Judicial e Falências. Na época, apresentava R$ 65 bilhões de dívidas declaradas.
No dia 16/julho/2019, apresentou seu novo plano estratégico, considerado um passo importante para saída da operadora do processo de recuperação judicial.
O plano se baseia em alguns pontos estratégicos: focar em conquistar a liderança em Fibra e Infraestrutura, alavancando a maior e não replicável rede de alta capacidade (ponto de partida para viabilizar o 5G no país);
Otimizar e capturar todas as oportunidades de valor no segmento móvel;
Implementar uma significativa redução de custos; e para financiar a estratégia, a Oi está contando com desinvestimento de ativos “não-core” e liberação de caixa, com aumento de capital e créditos de PIS/CONFINS (impacto potencial de R$ 12,5 a R$ 14,5 bilhões).
Composição Acionária:
Destaques Operacionais e Financeiros:
Receita Líquida:
No 3T19, a Receita Líquida consolidada atingiu R$ 5.001 milhões, queda de 8,8% em relação ao 3T18 e de 1,8% em relação ao 2T19.
A receita líquida das operações brasileiras totalizou R$ 4.955 milhões (-8,8% em comparação com o 3T18 e -1,8% em relação ao 2T19).
A receita líquida das operações internacionais (África e Timor Leste) foi de R$ 46 milhões, queda de 8,5% em relação ao 3T18 e incremento de 2,3% em relação ao 2T19.
Receita Líquida – Segmento “Residencial”:
No 3T19, a receita líquida do segmento Residencial totalizou R$ 1.803 milhões, uma queda de 13,5% em relação ao 3T18 e queda de 3,0% em relação ao 2T19.
O Plano de Expansão da Fibra é a principal alavanca para a reversão da trajetória da receita do segmento Residencial.
Telefonia Fixa:
A Oi encerrou o 3T19 com 7.480 mil clientes de telefonia fixa no segmento Residencial, uma redução de 12,8% comparada ao 3T18 e de 3,7% comparada ao 2T19.
A telefonia fixa segue o processo de retração da demanda do mercado e sua crescente substituição pela telefonia móvel, mais especificamente por dados.
Banda Larga:
No 3T19, a Oi contabilizava 4.531 mil UGRs (“Unidades Geradoras de Receitas”) de banda larga fixa no segmento Residencial, apresentando uma redução de 9,7% versus o 3T18 e de 3,0% comparado ao 2T19.
A contratação de banda larga pelos clientes fixos alcançou 60,6%, renovando a máxima histórica atingida no trimestre anterior, que reforça a eficiência da estratégia comercial de venda conjunta dos serviços de voz, dados e TV.
Segundo a empresa, a acirrada competição com os players regionais que atuam na oferta de serviços de banda larga em pequenas cidades, fora dos grandes centros urbanos, continua a ser o principal ofensor ao crescimento do produto.
Fibra:
No final do 3T19, foram alcançadas 3,6 milhões de casas passadas com fibra (Homes Passed – HP’s), representando um crescimento de 44% em relação ao 2T19.
Dessas, cerca de 1.130 mil foram construídas neste trimestre.
A empresa está atualmente operando com capacidade para construir aproximadamente 400 mil Homes Passed por mês.
De acordo com o plano estratégico da Oi, o objetivo é alcançar 4,6 milhões de casas passadas com fibra até o final de 2019 e chegar a 16 milhões ao final de 2021.
É importante observamos que a estratégia da OI de intensificar os recursos para a Fibra tem surtido efeito.
Em termos de receita, a Fibra alcançou um crescimento médio mensal de 20% durante o ano de 2019, contribuindo para compensar parcialmente a queda natural da receita de serviços de cobre e TV paga.
TV Paga:
A base de “TV paga” do Residencial apresentou uma queda de 3,6% em relação ao 3T18 e queda de 3,0% em relação ao 2T19, atingindo 1.522 mil UGRs.
Receita Líquida – Segmento “Mobilidade Pessoal”:
No 3T19, a receita líquida de Mobilidade Pessoal foi de R$ 1.763 milhões, um aumento de 1,8% em relação ao 2T19 e queda de 2,8% em relação ao 3T18.
Principalmente devido ao crescimento da base de clientes pós-pagos, efeito da migração da base de clientes pré-pagos e da receita desses produtos.
Pré-pago:
O segmento pré-pago terminou o 3T19 com 25.670 mil UGRs, redução de 11,8% em relação ao 3T18.
Alguns fatores influenciaram estes dados: a política de desconexão de clientes inativos; a migração de clientes de pré-pago para pós-pago; a tendência de consolidação de chips no mercado.
A receita, incluindo longa distância, apresentou redução de 12,7% em relação ao 3T18e 1,5% em relação ao 2T19.
Pós-pago:
A Oi encerrou o 3T19 com 9.032 mil UGRs no pós-pago, crescimento de 22,8% comparado ao 3T18e 5,8% na comparação com o 2T19.
A receita, incluindo longa distância, cresceu 13,8% contra o 3T18 e 4,9% em relação ao 2T19.
As ofertas regionalizadas, intensificação comercial e o refarming da faixa de frequência de 1.8Ghz para o 4G e 4,5G são os principais fatores que continuam possibilitando os resultados positivos do pós-pago.
Custos e Despesas Operacionais:
No 3T19, os custos e despesas operacionais consolidados de rotina, incluindo as operações internacionais, totalizaram R$ 4.022 milhões, em linha com 3T18 e um crescimento de 3,8% em relação ao 2T19.
O Opex de rotina das operações brasileiras ficou em R$ 3.947 milhões, com queda de 0,7% em relação ao 3T18 e crescimento de 2,8% em relação ao 2T19.
EBITDA:
No 3T19, o EBITDA consolidado de rotina alcançou R$ 979 milhões, queda de 32,9% em relação ao 3T18 e queda de 19,6% em relação ao 2T19 (R$ 1.218 milhões).
A margem EBITDA de rotina das operações brasileiras foi de 20,3%, com redução de 6,4 p.p. em relação à do 3T18 e redução de 3,6p.p. em relação à do 2T19.
Os Itens não rotina, no total negativo de R$ 2.821 milhões no 3T19, se referem a: impairment de ativos, no montante de R$ 3.342 milhões, e créditos de PIS e COFINS sobre ICMS, de R$ 531 milhões.
Investimentos:
Os investimentos consolidados da Oi totalizaram R$ 2.065 milhões no 3T19, aumento de 35,3% em relação ao 3T18e em linha com o 2T19.
O crescimento do Capex no ano de 2019, superior em 45,5% quando comparado ao acumulado de 2018, reflete a aceleração dos investimentos previstos no seu Plano Estratégico.
Com foco principal na expansão de FTTH, oferecendo banda larga de alta velocidade, além da expansão da cobertura móvel 4G e 4,5G.
Fluxo de Caixa Operacional:
No 3T19, o fluxo de caixa operacional consolidado de rotina (EBITDA de rotina menos Capex) foi negativo em R$ 1.086 milhões, principalmente em função da aceleração dos investimentos no período e das receitas menores, que impactaram o EBITDA.
-Resultado Financeiro:
No 3T19, a Oi registrou despesas financeiras líquidas consolidadas de R$2.376 milhões, em comparação às despesas financeiras de R$1.374 milhões no 2T19 e R$1.455 no 3T18.
Na comparação com 2T19, o aumento é explicado, principalmente, pela contabilização de despesas no item “Resultado Cambial Líquido”devido à desvalorização do Real frente ao Dólar, de 8,7% no período, comparado ao 2T19.
Quando houve uma valorização cambial frente à moeda americana, que gerou uma receita naquele período.
Lucro (Prejuízo) Líquido:
No 3T19, o resultado operacional da Oi, antes do resultado financeiro e dos tributos (EBIT).
Foi negativo de R$ 3.352 milhões, comparado ao resultado negativo de R$ 6 milhões no 3T18 e ao resultado negativo de R$ 446 milhões do 2T19.
No 3T19, a OI apresentou um prejuízo líquido consolidado de R$ 5.695 milhões. Considerando os efeitos do IFRS 16, o Lucro Líquido Consolidado do período foi negativo em R$ 5.784 milhões.
Endividamento:
No final do 3T19, a Oi apresentou dívida bruta consolidada de R$ 17.905 milhões, com aumento de 6,1%, ou R$ 1.037 milhões, em relação ao registrado no 2T19 e aumento de 11,0%, ou R$ 1.769 milhões, comparado ao 3T18.
O aumento, tanto no trimestre quanto no comparativo anual, é resultado do accrual de juros e da amortização do ajuste a valor presente (AVP) e adesvalorização do Real frente ao Dólar no trimestre (de 8,7%) e em doze meses (de 4,0%).
Ao final de setembro, a parcela da dívida em moeda estrangeira representava 52,7% da dívida a valor justo.
A Oi encerrou o 3T19 com caixa consolidado de R$ 3.192 milhões, o que representou uma redução de R$1.104 milhões no período, redução inferior aos cerca de R$1.970 milhões de queda do trimestre anterior.
Como resultado, a dívida líquida somou R$ 14.713 milhões no 3T19. A redução no caixa no trimestre ocorreu, principalmente, em função da manutenção elevada dos investimentos.
Soma-se a isso o pagamento de obrigações pontuais relacionadas à implementação do Plano, incluindo pagamentos de juros semestrais do Bond Qualificado.
Conclusão sobre os resultados:
Após muitos pedidos, eu escrevi sobre Oi no segundo trimestre de 2019 –clique aqui e releia.
No dia 28/08/2019, quando eu escrevi, as ações de Oi oscilaram entre R$ 0,87 e R$ 1,01 e muitas casas de análise recomendaram as ações pelo possível “desconto” que existia na companhia, tanto que as ações chegaram a R$ 1,30 poucos dias depois.
Hoje, vemos as ações sendo negociadas entre R$ 0,90 e R$ 1,00, quase esquecidas e com proposta de grupamento das ações prestes a ser apresentada pela grande quantidade de dias seguidos fechando abaixo de R$ 1,00.
Eu poderia copiar e colar tudo que eu escrevi naquele outro dia, porque a companhia segue igual.
- Quantidade de clientes está em queda.
- Receita da companhia está se reduzindo.
- Como os custos estão estáveis, a margem Ebitda de Rotina, que chegou a 26,8% no 3T2018 e 23,9% no 2T2019, está em 20,3% agora no 3T2019. Ainda não tem mostras que essa queda se esgotou.
- O endividamento segue crescendo em torno de R$ 1 bilhão por trimestre, porque a empresa queima caixa.
Aqui vai uma observação importante, que me lembrou de uma história:
Uma vez eu conheci uma moça, que eu inclusive fui inquilino dela por cerca de 10 anos em uma das minhas lojas, que tinha recebido uma herança de mais de 40 imóveis comerciais no Rio de Janeiro.
Ela alugava esses imóveis e vivia da renda dos aluguéis.
Depois de dois anos, eu percebi que ela precisou vender uma sala comercial, depois outro imóvel e, nesses 10 anos, ela dilapidou o patrimônio.
Quando eu deixei de ser inquilino dela, ela tinha menos de 20 imóveis no total.
Ou seja, o custo de vida dessa senhora era maior do que a renda gerada pelos aluguéis.
Então, para que ela não reduzisse seu conforto e sua qualidade de vida, todo ano precisava cobrir a diferença com a venda de algum imóvel.
Ao longo do tempo, como os aluguéis iam diminuindo (ela tinha cada vez menos imóveis para locar), a necessidade de venda de imóveis era cada vez maior.
Essa história tem muito a ver com o que acontece com a Oi.
A Oi saiu de um plano de recuperação judicial em que ela conseguiu renegociar suas dívidas, que caíram de R$ 65 bilhões para os atuais R$ 17 bilhões.
Ela tem alguns ativos que podem e devem ser vendidos. No entanto, a Oi gasta mais do que gera de Caixa ao longo de todos os trimestres.
Assim como aquela senhora precisava vender seus imóveis para cobrir suas despesas, a Oi precisa vender ativos ou captar recursos para levar à tona seu plano de investimentos.
Veja a tabela abaixo com os dados dos investimentos e do Ebitda de Rotina (Geração de Caixa Operacional) da Oi nos 3 últimos trimestres, após o novo plano ser aprovado.
Em Bilhões de R$ | Ebitda de Rotina | Investimentos Capex | Queima de Caixa |
4T2018 | R$ 1,287 | R$ 2,085 | R$ 0,798 |
1T 2019 | R$ 1,239 | R$ 1,718 | R$ 0,479 |
2T 2019 | R$ 1,208 | R$ 2,061 | R$ 0,853 |
3T 2019 | R$ 1,008 | R$ 2,065 | R$ 1,057 |
Elaborado com dados apresentados no release da Oi.
O Ebitda de Rotina já exclui não recorrentes como impairment de ativos ou créditos tributários.
Como vocês podem ver na imagem acima, os investimentos necessários para a Oi perder o tempo perdido, se mantêm constantes em torno de R$ 2 bilhões por trimestre, ou seja, uma necessidade de Caixa de R$ 8 bilhões por ano.
No entanto, a geração de Caixa operacional deve encerrar 2019 com R$ 4,5 bilhões e com Ebitda de Rotina em queda nos últimos 4 trimestres! Ou seja, sem previsão de melhora operacional.
O que eu vejo é que a Oi ainda terá uma demanda por investimentos muito grande até 2021, com o projeto de passar fibra por 16 milhões de casas.
Esta receita de Fibra atualmente é muito pequena para movimentar o resultado da Oi, apenas R$ 78 milhões no 3T2019, cerca de 1,5% da Receita Líquida da companhia.
A Geração de Caixa ainda não mostra como será retomada, então na minha visão eu vejo queda de receitas e queda de Ebitda ao longo de 2020 e 2021.
Os ativos que a companhia tem serão utilizados para custear esses investimentos e para frear um pouco o endividamento.
Outra opção seria a Oi fazer mais chamadas de capital, outras emissões de ações, como realizou recentemente para custear todo esse investimento.
Por fim, eu gostaria de dizer que eu sei que muitos que estão lendo esse artigo possuem ações da Oi.
Muitos compraram a tese de alguma casa de análise. E o que eu posso dizer é que eu tenho uma estratégia própria de comprar ações que já demonstrem alguma melhora operacional.
E neste artigo, vimos que a Oi não demonstra melhoras nem nas Receitas, nem no Ebitda e nem na quantidade de clientes.
Espero que no futuro eu recomende a Oi, até mesmo por um valor maior, depois que ela der alguns indícios de melhoras, mas atualmente ela não reúne as características necessárias, assim como no segundo trimestre também não reunia, para que eu consiga fazer essa recomendação.
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Abraços e Bons Investimentos!
Daniel Nigri (analista CNPI)
Com a ajuda de Leo Bittencourt
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Elaborado pelo analista independente Daniel Isaac Nigri, CNPI 1810, este relatório é de uso exclusivo de seu destinatário.
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