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O mercado é soberano, mas sempre se auto corrige

Wall Street reescreve os manuais de mercado para a segunda onda da pandemia

À medida que o mundo se prepara para uma segunda onda de contaminação por Coronavírus, com números de desemprego em massa, falência de empresas e perda de renda, as bolsas de todo o mundo indicam um bull market.

Os investidores institucionais estão cada vez mais desconfortáveis ​​com esses sinais conflitantes entre a economia real e o mercado financeiro. Os investidores mais experientes, em sua maioria, estão adotando o tom de cautela, pois segundo muitos, mercados movidos pela euforia nunca terminam bem.

O que está acontecendo com o mercado de ações dos EUA, está se repetindo em todo o mundo. Desde a baixa de março, os investidores pessoa física estão numa fase de entrada na bolsa de valores, ao mesmo tempo em que uma grande recessão na economia real está apenas começando.

Os novos investidores confiam que a liquidez dos bancos centrais criou milagrosamente um crescimento econômico, enquanto investidores experientes acreditam que tais bancos apenas aliviaram temporariamente a dor da queda da renda interna bruta.

É inquestionável que a resposta intensa dos bancos centrais foi essencial, mas claramente de curta duração, uma espécie de dopamina para impressão de dinheiro do Fed, ignorando completamente como os ciclos empresariais funcionam.

Engana-se quem pensa que acabou à medida que os bancos centrais aumentam sua resposta ao vírus e os governos prometem mais de US$ 8 trilhões em estímulos fiscais para combater as consequências da pandemia.

A resposta da injeção trilionária de dinheiro se assemelha às crises financeiras de 2008, mas desta vez há uma sensação de que as apostas podem ser maiores.

O mercado trabalha com expectativas, enquanto a economia mostra o presente.

Os preços-alvos de uma ação são sempre para o ano seguinte (12-18 meses). O preço de uma ação é o valor presente de lucros esperados, e o que podemos no mínimo afirmar é que a relação entre preço se lucros está bem acima do que poderia estar.

O índice MSCI Inc. mostra as ações de empresas internacionais negociando mais de 19 vezes os ganhos do próximo ano. Esses níveis não eram vistos desde o estouro da bolha das empresas “ponto com” em 2002.

E o que é preocupante é que dessa vez uma suposta bolha chegaria quando milhões de pessoas estão desempregadas e as Nações Unidas vêm alertando que essa será a crise mais desafiadora desde a Segunda Guerra Mundial.

Podemos concluir que o fato de o banco central da moeda mundial de reserva estar comprando tudo, de títulos do governo a dívidas corporativas, está puxando as bolsas do mundo inteiro para cima. No entanto, o ponto de inflexão será quando houver mais clareza sobre qual é o impacto do vírus a longo prazo.

O estímulo fiscal e monetário do governo em curso não impede crises econômicas. Pelo contrário, quando há esse descasamento absurdo da economia real para o mercado de capitais, podemos ver bolhas se formarem. Mercados bear markets e recessões começam com bolhas formadas entre a avaliação equivocada de ativos e desequilíbrios da dívida, e nada impede que isso venha a acontecer desta vez.

De acordo com o economista e gestor brasileiro de maior visibilidade nos EUA, Tavi Costa, as crises econômicas raramente são interrompidas e revertidas pela intervenção de governos tão cedo no processo. A impressão de dinheiro não resolve a economia. É visualmente surpreendente como os ativos do balanço do Fed e o Índice Econômico Semanal (WEI) são divergentes.

Desenvolvido pelo Federal Reserve de Nova York, o WEI mede a atividade combinando uma série de outros índices de linha de base, como vendas no varejo nas mesmas lojas, opinião do consumidor, reclamações iniciais de desemprego, emprego temporário e por contrato, produção de aço, venda de combustível e até consumo de eletricidade.

O gráfico abaixo mostra claramente que esse índice não apresenta nenhum nível de melhora desde março de baixa, uma comparação drástica ao recente crescimento vertical dos ativos do Fed.

A maior parte dos investidores recém chegados na bolsa vem apostando que as empresas cotadas na bolsa são as melhores do país e, assim, possuem melhor preparo para enfrentar a crise.

Mas até que ponto um grande varejista pode estar vendendo no e-commerce fortemente se os fornecedores e consumidores estão quebrados?

A verdade é que, com a quantidade absurda de liquidez, as ações foram para cima e com a Selic a 2,25% para o investidor PF, entre ficar ganhando zero em uma renda fixa e ir para a bolsa, o mercado financeiro acaba sendo mais atrativo.

Com todo esse dinheiro injetado pelos bancos centrais e governos, os preços ainda irão ficar mais altos e teremos que nos acostumar com isso. O mercado é soberano e está se correlacionando com o excesso de liquidez, criando o ambiente perfeito para mais cisnes negros aparecerem.

E o dólar?

As oscilações do câmbio estão aumentando novamente – sendo mais um sinal de que os investidores não podem decidir entre o medo de uma segunda onda de COVID e o otimismo que as economias estão começando a se recuperar. Mas com a queda da Selic ,fica mais improvável pensarem um dólar baixo a médio e longo prazos.

Uma diminuição da volatilidade no dólar e nas bolsas pode ocorrer quando os mercados retornarem à realidade econômica como a que tínhamos antes da pandemia e formar um consenso sobre como será a precificação de ativos em um mundo que viveu o caos causado pelo coronavírus.

No entanto, isso pode não acontecer até 2022, passando pelas projeções do Fed, que poderá começar a aumentar as taxas de juros novamente.

No momento, todo mundo está recebendo algum tipo de anestesia, mas à medida que avançamos para outra fase, haverá muito uma diferenciação entre vencedores e perdedores.

Afinal, o mercado é soberano, mas ele sempre se auto corrige.

Pra ter acesso as nossas carteiras de ações, FIIs, análises das empresas e aos relatórios, escolha um plano. (clique aqui  pra ver mais).

Debora Toledo

Eu, Debora Toledo e Daniel Nigri  recebemos o Ministro da Infraestrutura do Brasil o Sr Tarcísio Freitas para um bate papo sobre:

  • O Pró Brasil
  • Malha Logística
  • Marco do Saneamento

Vai ser na próxima quinta feira 25/06/2020 as 16:00hs

Segue o link

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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