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Um ponto de vista diferente sobre PETZ3

Foi impressionante o quanto a abertura de capital da Petz chamou a atenção dos investidores em 2020. Talvez tenha sido a proximidade que as pessoas têm com o negócio, o carinho que tem pelos seus pets, o crescimento forte do número de pets no Brasil, enfim, muitos fatores a serem considerados.

Na época, me recordo de muitas pessoas se preparando para comprar ações da Petz, a euforia era grande. Não por acaso, a empresa veio ao mercado sendo negociada a múltiplos que apenas um forte crescimento justificaria a compra.

Os anos se passaram, a inflação brasileira cresceu, as taxas de juros acompanharam e as ações da Petz (PETZ3) foram derrubadas. Nos últimos 12 meses, inclusive, já acumulam uma queda que supera os -50%.

Analisando o resultado do 1º trimestre de 2022, é possível perceber que o agente mais danoso para a varejista tem sido a escalada da inflação brasileira.

O preço da matéria prima do seu principal produto, as rações, cresceu muito nos últimos meses (milho, soja, proteína animal, etc). Diante disso, como é natural que aconteça, houve o repasse desse aumento de custos dos insumos no preço da ração vendida e a Petz precisou – também – reajustar o preço das suas mercadorias.

O ponto positivo foi que a varejista conseguiu fazer o repasse integral desse aumento de custos, especialmente, na categoria de rações standard, premium e super premium. Por outro lado, na minha visão, isso pode se tornar um grande fator de risco para o negócio.

Sempre que observo um mix de produtos demonstrando alta resiliência e manutenção de margens, logo imagino o seguinte: o que custa para a concorrência observar essa vantagem e copiá-la?

Além disso, quando tratamos do setor de Varejo, precisamos lembrar que os produtos comercializados são idênticos. Sendo assim, o cliente tem um grande poder de barganha sobre a empresa, pois ele pode consultar o preço de um mesmo produto em lojas diferentes e, por conseguinte, selecionar o que estiver com o menor preço.

Dito isso, o que a concorrência poderia fazer? Apertar um pouco a margem para capturar alguns clientes da Petz que consomem essas rações? É uma ideia.

Adicionalmente, vale ressaltar que o mercado Pet, por maior que seja e por mais crescimento que apresente nos próximos anos, ainda é super pulverizado. O consumidor do mercado Pet ainda compra ração, produtos de higiene, medicamentos, dentre outros, em pet shops de bairro. Por consequência, é factível imaginar que cada um desses pet shops esteja, também, captando potenciais clientes da Petz e comprometendo o seu ganho de market share.

 

Portanto, o que a Petz poderia fazer para atrair a atenção dessa clientela? Comprimir suas margens oferecendo o mesmo produto por um preço bem mais em conta? Maiores condições de parcelamento? Tudo isso gera custos para a companhia e, no varejo, essa guerra de preços e incontáveis condições especiais de pagamento podem colocar em risco a sobrevivência do negócio.

Por fim, meu recado é o seguinte: não se prendam apenas aos pontos positivos de um negócio, prestem muita atenção nos riscos embutidos e pondere-os antes de tomar a decisão de se tornar sócio de qualquer empresa.

Obs: Nenhum conteúdo exposto aqui configura recomendação de compra ou venda de valores mobiliários.

Fez sentido?

Grande abraço e bons investimentos,

João Pedro Mello

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