Hoje o mercado acredita que os preços da celulose de fibra curta e fibra longa podem recuar nesse início de 2023 e chegar a uma estabilidade no meio do ano, justamente fruto da correção devido a oferta aumentando, fruto de novas capacidades entrando em operação.
A parte positiva fica a cargo da China aumentando a demanda para recompor estoques, que obviamente não tem uma grande possibilidade de acontecer antes que os preços recuem mais, no mesmo modelo que ocorreu com a proteína bovina.
Outra notícia que movimentou o setor foi referente aos incêndios florestais no Chile que destruíram parte da plantação em Santiago, e isso é uma informação importante que pode interferir no preço da celulose, afinal qualquer recuo na oferta de celulose, na produção da Arauco (uma das empresas que opera por lá, a outra é a CMPC), acaba pressionando os valores.
Então a perspectiva é de que com o viés otimista de “abertura da China” pode ocorrer estabilização de preços, mas abaixo do patamar atual
A demanda de celulose por parte do gigante asiático deve crescer sim, mas não tanto a ponto de mudar a projeção principalmente porque está todo mundo de olho nas novas entradas de produção nos próximos anos, que passa das 3mm/t. Esse número significa um aumento maior que o crescimento da demanda projetada, ou seja, mais oferta que demanda.
Essa é a análise para o preço estar sendo projetado na casa dos US$ 600 por parte do mercado.
Mas o recuo de preço se a China não desempenhar “bem o seu papel” e a capacidade de oferta de fato forem maiores do que a anteriormente prevista, pela entrada em operação das demais plantas no mundo, não precisa de muita conta pra entender que preço da tonelada pode reduzir mais.
Resumindo, existem incertezas em relação a China, a possibilidade de recessão também continua fazendo preço, a Europa, que tem uma grande importância na composição da demanda, vem mostrando números melhores do que as expectativas apontavam, em relação ao volume.
Mas de qualquer forma, grandes companhias do país já anunciaram neste ano uma redução no preço da tonelada.
E claro, não adianta nada falar de preços se não considerarmos os custos que irão completar a conta que resultará na margem.
Explicando melhor, o consumo afeta o nível do estoque, que por sua vez pressiona o preço, o estoque maior pode afetar a capacidade utilizada e isso pressiona a diluição dos custos fixos, o que pode levar a uma margem menos atrativa, logo quando a empresa opera próximo da capacidade produtiva, o consumo dos estoques no mundo precisam estar aquecido, caso contrário ela fica com muito estoque sem saída (porque os estoques dos clientes ainda estão altos) e precisa reduzir produção, que prejudica a diluição dos custos.
Ou seja, se vende menos inevitavelmente vai produzir menos, afinal os custos de estoques assim como as perdas são variáveis consideradas nesse planejamento de produção, veja que essas grandes empresas possuem as paradas programadas, que são formas de ajustes de produção e estoque, tanto que o custo caixa tonelada é sempre calculado levando em consideração ambos os cenários.
E a demanda fica menor, afinal se os maiores consumidores ainda têm produto é preciso que o fluxo do consumo aqueça para então os estoques baixarem e assim exista necessidade de compras, ou seja, aquece mercado e então gera a necessidade que dá start para as novas compras que irão recompor os estoques que estão sendo consumidos.
Importante destacar também que essa indústria possui um dos menores custos do mundo, e isso é muito importante. A distância média da floresta até a fábrica menor ajuda muito na conta, própria e de terceiros também.
Essa movimentação até a fábrica gera um custo e quanto menor ele for menor será o custo caixa e obviamente isso influencia o resultado operacional, e quanto maior o aquecimento do preço no mercado e o volume, maior a margem auferida, e o contrário também é verdadeiro e é isso que hoje deve ser moniotorado.
Patrícia Rossari
Analista de Negócios.
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