O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira que as expectativas de inflação têm sido uma má notícia para a autoridade monetária, ressaltando que dados recentes também indicam uma piora na percepção de risco relacionado ao Brasil.
“Em termos de expectativas para a inflação, aqui tem sido uma notícia bastante ruim para o Banco Central”, disse em palestra no X Seminário Anual de Política Monetária, promovido pela Fundação Getulio Vargas.
Campos Neto afirmou que o cenário fiscal, o ambiente externo e a credibilidade do BC podem explicar essa desancoragem das expectativas, citando ainda uma possível piora na percepção sobre o Brasil.
“Mais recentemente, a gente viu que as curvas longas (de juros) norte-americanas voltaram e a taxa terminal até voltou um pouco, mas o Brasil não melhorou quase nada. Então parece que nesse movimento a gente ficou um pouco na contramão do mundo emergente, o que sugere que se adicionou prêmio (de risco) específico de Brasil na curva”, afirmou.
O mais recente boletim Focus do BC mostra que o mercado está vendo uma inflação de 3,74% em 2025, projeção que piorou nas últimas semanas. A meta de inflação é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Na apresentação, o presidente do BC disse ainda que a inflação à frente poderá ser pressionada para cima como resultado do aumento de preços dos alimentos causado pelas enchentes no Rio Grande do Sul e outros fatores.
“Uma coisa que chamou atenção mais recentemente, conversando com analistas, é que quem tem a inflação mais baixa para 2024 e 2025 tem um preço de alimentação relativamente comportado”, disse.
Fonte: Investing
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