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Analise Portobello Grupo PTBL3

Maior empresa de revestimentos cerâmicos do Brasil.

Fundada em Tijucas, Santa Catarina em 1979 a empresa hoje exporta para mais de 60 países nos cinco continentes, os controladores (23 acionistas) detêm 54% do capital da companhia, que é composto por 158.488.517 ações ordinárias, os 46% são free float.

Você pode acessar aqui o Acordo de Acionistas da companhia e compreender melhor a composição da base controladora.

Ela produz revestimentos para fachadas, azulejos, porcelanatos diversos, pastilhas, louças, em linhas diferenciadas para atender público variado, em duas plantas: Tijucas (SC) e Marechal Deodoro (AL). Para acessar o mix de produtos acesse – Linhas de produtos – vendendo para  varejo comum e também para grandes lojas conhecidas como Home centers e também fornece para grandes construtoras (atacado).

Ela possui uma rede de franquias – Portobello Shop com 129 unidades, sendo destas 17 lojas próprias. E ela possui controladas de capital aberto e de capital fechado.

O processo de produção é composto por:

  • Preparação da massa (a matéria prima vem de jazidas próprias e de terceiros)
  • Prensagem e preparação da massa
  • Secagem
  • Esmaltação/decoração
  • Queima da peça para adquirir caraterísticas das peças (resistência/cores)
  • Escolha e classificação das peças
  • Embalagem, identificação, paletização, estocagem para expedição.

Segundo trimestre de 2019

A pandemia.

Vamos começar falando pandemia, a empresa cita que a reforçou a gestão dos estoques, no intuito de manter os compromissos com os clientes, readequou a produção das duas plantas, para alocar os recursos de forma planejada e em sintonia com a previsão de demanda naquele cenário, exatamente o que a maior parte das indústrias fizeram nesse período.

Falando sobre as indústria de forma geral: primeiro veio a incerteza, então os estoques foram “garantidos”, com isso o ponto de estoque eleva, e isso afeta capital de giro, então as empresas revisaram a programação de produção, para executar as demandas solicitadas e com o cuidado para que os custos em relação a quantidade/tempo/espaço (custo fixo), não comprometessem toda a margem, se a indústria vende para distribuidores conseguiu alocar mais estoque nesses (veja MDIA3), caso o sell out já esteja funcionando, os fluxos continuam sendo ajustados por demanda na ponta final, e os estoques dos varejos não tiveram um grande aumento (exceção para alguns eletrodomésticos (linha branca) – inclusive falamos sobre isso no material da WEG), e com isso a indústria pode apresentar um trimestre com resultados mais fracos, afinal se não existe demanda e na ponta do estoque um aumento do abastecimento…logicamente teremos queda de produtividade.

Voltando a falar sobre a Portobello, a companhia informa no release do 2T2020 que viu em maio aumento nas vendas, essas no mês alcançaram 85% do vendido no mesmo mês de 2019 e em junho haviam atingido praticamente o mesmo desempenho do mês em 2019, no segmento cerâmico. Esse cenário fez com que a empresa voltasse as atividades industriais e administrativas antes do previsto.

Em relação a demanda do mercado consumidor dos seus produtos, a empresa cita que o faturamento para construtoras não sofreu grandes alterações em relação ao ano passado (o que diz muita coisa sobre o momento da construção civil), já no segmento de varejo multimarcas houve queda no faturamento em abril e maio, devido obviamente as restrições de circulação, mas a empresa cita que viu recuperação dos números no mês de junho. E não podemos falar em abastecimento e faturamento se não falarmos de produção, afinal significa custo x receita: a empresa informa que reduziu a capacidade produtiva e os custos fixos, no valor de R$ 19,3 milhões, ela cita também que esses custos fixos não foram diluídos, mesmo com as estratégias de corte de gastos: redução nas jornadas e de despesas no  milhões trimestre.

Outro ponto que não é diferente da maioria das estratégias das companhias nesse trimestre é a ação de manter a liquidez do caixa, a empresa cita que buscou novas fontes de financiamento e também que ajustou o perfil da dívida, com o adiamento para 2021/2022 de amortizações de empréstimos e financiamentos de R$ 26 milhões, informou ainda que captou R$ 35 milhões para financiar o giro, com prazo total de 3 anos e carência de 1 ano, além de R$ 11 milhões através do Adiantamento de Contrato de Câmbio, este com prazo de 12 meses.

E falando sobre capital de giro na comparação com o 2T2019: recuo de 28,1% ou de R$ 87,2 milhões, segundo a empresa, o ciclo econômico reduziu 22 dias, de 97 para 75 dias (conversão em caixa), pois a empresa negociou aumento do PMP com os  fornecedores e antecipou recebíveis (recebimento) com os clientes, geralmente existe custo nesse processo, mas é uma estratégia para manter liquidez e capacidade de custear a operação sem com isso incorrer em grandes custos de dívida.

Na comparação com o 1T2020 a empresa apurou recuo de 14,2%, ou R$ 37,1 milhões no capital de giro, sendo 2 dias (de 77 para 75 dias) no ciclo econômico (conversão de caixa), pelos mesmos motivos citados no parágrafo anterior. Essas estratégias demonstram que a empresa tem uma boa gestão da cadeia integrada (fornecedores).

Imagem retirada do release da companhia 2T2020

Sobre o caixa do trimestre, recuo de R$ 42,7 milhões, sendo que as atividades operacionais geraram R$ 84,8 milhões, devido especialmente a redução de capital de giro, nos investimentos R$ 63,9 milhões, já a redução da dívida reduziu caixa em R$ 63,6 milhões pela amortização da primeira parcela da debênture emitida em 2018. O saldo de caixa ao final do trimestre é de R$ 282,1 milhões contra R$ 324,8 milhões no trimestre anterior.

Números do T2020

A receita bruta foi de R$ 303,7 milhões, recuo de 13,6% em relação ao memso período do ano anterior, e a receita líquida no trimestre foi de R$ 241,7 milhões recuo de 12,9%, o lucro bruto foi de R$ 55,6 milhões recuando 40,5%, porém a margem bruta ajustada e recorrente foi de 34,1% aumentando 0,4 p.p. na mesma base comparativa, sem ajuste o recuo seria de 10,7 p.p. em 23%. O custo do produto vendido foi de R$ 159,4 milhões e o custo de ociosidade foi de R$ 26,7 milhões, e aqui lembro que já escrevi alguns materiais e gravei alguns podcast falando sobre capacidade produtiva, custos, cadeia integrada, etc.

Para ter uma ideia do impacto, o custo direto de produção (matéria prima e insumos) nesse trimestre foi de R$ 62.955 contra R$ 110.4 no 2T2019.

O ebit foi negativo em R$ 9,3 milhões contra positivo de R$ 50,7 milhões no 2T2019, o ebitda foi de R$ 15,7 milhões contra R$ 18,4 milhões no 2T2020. O lucro líquido apurado no trimestre foi de R$ 51,7 milhões, aumento de 27,6% na comparação com 2T2019, segundo a empresa esse número maior ocorreu devido ao ebitda e ao  resultado financeiro que aumentou devido a receita de variação cambial, além de impacto da alíquota efetiva nos impostos, pois ocorreu  reversão de provisões sobre a realização do crédito prêmio IPI – Polo Ativo no valor de R$ 54,0 milhões.

Observe a imagem abaixo:

Imagem retirada do ITR da companhia 2T2020

A receita no mercado interno que representou no trimestre 86% do total de faturamento, foram R$ 206,6 milhões, recuo de 10,6% na comparação com o mesmo trimestre de 2019

No mercado externo houve um recuo de 24% na receita na comparação com o mesmo trimestre de 2019, faturando R$ 35,1 milhões, principalmente devido dois fatores: a desvalorização cambial e da expansão da Portobello América.

Fonte: release da companhia 2T2020

Dívida

Essa é sempre uma linha importante que o acionista precisa observar, e na PTBL3 o múltiplo dívida líquida/ebitda é de 4x. O valor da dívida líquida é de R$ 410,1 milhões, recuo de R$ 173 milhões na comparação com 2019 e de R$ 4,4 milhões em relação ao tri anterior. A dívida bruta da companhia é de R$ 801,6 milhões ao final do trimestre (R$ 750 milhões em moeda nacional), sendo que 33% desta tem vencimento no curto prazo, mas a empresa cita que a posição de caixa é suficiente para cobrir esse valor de CP R$ 263,4 milhões. O custo da dívida médio da dívida é de 4,3% ao ano.

Concluindo

Informações importantes que a empresa destaca nas divulgações, e que devem ser consideradas juntamente com a análise setorial, para uma compreensão mais ampla das possibilidades de recuperação, visto que fica claro o que ocasionou a alta no lucro do trimestre, conforme descrito acima. Vamos as pontuações da companhia:

  • A companhia acredita em manutenção do aquecimento de curto prazo na comparação com o restante dos setores da economia.
  • A operação utilizada está próxima a capacidade das fábricas.
  • A empresa cita que as vendas em julho foram históricas, apontando crescimento da Receita Líquida em cerca de 25% em relação a 2019
  • Recuo previsto das tarifas do gás a partir de julho, o que resultaria em possível aumento das margens e lucratividade.
  • CAPEX será mantido no projeto “Lastras”, com ampliação das redes de lojas Portobello Shop.

A empresa cita também que continuará trabalhando para manter o equilíbrio financeiro, a gestão de caixa e continuidade na otimização de capital de giro através da gestão eficiente dos estoques, o que já vimos nesse release, para manter a liquidez, e nesse sentido a companhia divulgou no release que já possui financiamentos contratados de R$ 15 milhões, além de financiamento com o FINEP de R$ 98 milhões, sendo que destes R$ 64 milhões entram nesse segundo semestre,  para a continuação do financiamento do CAPEX no projeto “Lastras”. A companhia também deixa claro que está avaliando novos empréstimos e financiamentos para manutenção de caixa e assim o custeio da operação e também obviamente pensando na dívida.

De forma geral ao analisar negócios é importante lembrar de um material que escrevi a algumas semanas atrás, que falava sobre a volta ao normal após a pandemia, e como isso não é tão simples em relação a previsão de demanda e ajustes de processos, ainda mais quando junto com o negócio vem uma dívida que precisa ser mantida sob controle em momentos onde a geração de valor compromete parte dos fluxos.

OBS: isso não é recomendação de compra ou de venda do ativo.

Daniel Nigri com apoio de Patricia Rossari

O analista Daniel Nigri CNPI1810 é o responsável pelas informações perante a ICVM 598

As informações não constituem recomendação de compra ou venda de qualquer ativo

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