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Análise VIA VAREJO (Código B3: VVAR3)

RESUMÃO – Resultados 2T20:

(Data de divulgação dos resultados ao mercado: 12/agosto/2020)

(Dados retirados do site de RI: http://ri.viavarejo.com.br/)

– Estratégia da Empresa:

A Via Varejo é a maior empresa de varejo de eletroeletrônicos e móveis do Brasil. Dona das marcas: “Casas Bahia” (com mais de 850 lojas e presença em mais de 20 estados brasileiros), “Ponto Frio” (com mais de 200 lojas nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste), “Bartira” (maior fábrica de móveis do Brasil e da América Latina), “Extra.com.br” (e-commerce que comercializa um amplo número de produtos, como: automotivo, fraldas, móveis, utilidades domésticas, etc.) e seu banco digital “banQi” (criado em parceria com a startup Airfox (EUA), que oferece produtos e serviços financeiros, como: cartão de crédito, empréstimos, cheque especial, pagamentos de carnês, saques nas lojas Casa Bahia e tem como objetivo atingir pessoas que têm pouco ou nenhum acesso aos bancos tradicionais.

A companhia informou que o 2T20 foi um trimestre muito desafiador por conta da pandemia da COVID-19 e que também serviu como um período de mais amadurecimento da sua cultura digital. Neste trimestre, a Via Varejo lançou Novos Apps, uma nova plataforma de vendas diretas (Vendedor Online/Me chama no Zap), CDC Digital (tradicional Carnê das Casas Bahia no formato digital), novas funcionalidades de marketplace e novo sistema de vendas nas lojas, o Via+. A companhia explorou ao máximo o seu e-commerce e atingiu resultados expressivos, terminando o trimestre com 70% de participação no canal online no GMV Total (contra 18,5% no 2T19 e 27% no 1T20) e com ganho de 12 p.p. no market-share (resultado de pesquisa de mercado de e-commerce especializado nas categorias de eletroeletrônicos).

A Via Varejo também informou que levantou R$ 4,45 bilhões em sua oferta de ações (“follow on”) concluída em junho/2020. Os recursos serão utilizados para investimentos na área de tecnologia e logística (1/3), além da melhora da estrutura de capital e eficiência do capital de giro (2/3).

– Composição Acionária:

– Destaques Operacionais e Financeiros:

 – Desempenho Lojas Físicas:

No 2T20, a receita bruta de lojas físicas atingiu R$ 2,17 bilhões, o que representou uma queda de 63% em relação ao 2T19, devido ao impacto do fechamento das lojas no dia 21 de março de 2020 e reabertura parcial ao longo do 2T20.

– Desempenho Online:

No 2T20, o GMV (“Gross Merchandise Value”) faturado online foi de R$ 5,1 bilhões, crescimento de 280% em relação ao 2T19. Segundo a companhia, isso foi resultado da estabilidade das ferramentas no canal online (Sites e Aplicativos), da introdução de muitas melhorias na experiência do cliente e o sucesso das iniciativas de marketing. O GMV do 1P foi de R$ 4,1 bilhões, crescimento de 311% no período em relação ao 2T19 e já observam uma boa performance do e-commerce durante o 3T20 também. O GMV do 3P foi de R$ 900 milhões, crescimento de 180% no 2T20, fruto da estratégia de contínua expansão no número de lojistas (6 mil lojistas no marketplace), maior oferta de produtos e melhoria do nível de serviço.

– Lucro Bruto e Margem Bruta:

O Lucro Bruto da Via Varejo no 2T20 foi de R$ 1,8 bilhão, representando um aumento de 10,8% em relação ao 2T19. A empresa encerrou o trimestre com margem bruta operacional de 30,7%, superior em 3,4 p.p. em relação ao 2T19, resultado da renovação dos estoques, integração omnicanal e melhor execução da estratégia comercial, com aumento das margens dos produtos em ambos os canais.

– Despesas com Vendas, Gerais e Administrativas:

No 2T20 as despesas com vendas, gerais e administrativas apresentaram uma redução de 9,7% em relação ao 2T19. Tais reduções se devem principalmente à economia de R$ 64 milhões nas despesas de aluguel (lojas), redução de R$ 138 milhões por conta da redução de jornada e suspensão de contratos (MP 936) e redução de R$ 147 milhões com diminuições de serviços de terceiros, despesas de marketing, manutenções de lojas e viagens.

– EBITDA Ajustado:

No 2T20 o EBITDA ajustado operacional atingiu R$ 314 milhões, com aumento de 76% em relação ao 2T19, e a margem EBITDA ajustada operacional do período foi de 5,9%, aumento de 2,9 p.p. em relação ao 2T19. Esta melhora foi resultado do aumento da venda do canal online, aumento das margens dos produtos e reduções de despesas fixas e variáveis.

– Lucro (Prejuízo) Líquido:

A Via Varejo apresentou um lucro líquido contábil no 2T20 de R$ 65 milhões, revertendo um prejuízo de R$ 162 milhões do 2T19. A companhia considerou nesta conta o “item Não Recorrente” relacionado ao Crédito transitado em julgado de ICMS na base PIS/Cofins, de R$ 241 milhões no CMV (Custo das Mercadorias Vendidas) e R$ 123 milhões no Resultado Financeiro, totalizando R$ 364 milhões no 2T20. Se retiramos este “item Não Recorrente”, a Via Varejo apresentou prejuízo operacional de R$ 176 milhões no 2T20, contra um prejuízo operacional de R$ 296 milhões no 2T19.

– Ciclo Financeiro:

No 2T20, a Via Varejo apresentou uma variação do seu ciclo financeiro de R$ 1.461 milhões, impactados pelo aumento nos estoques e fornecedores. O aumento da cobertura dos estoques (variação de R$ 327 milhões em relação ao 2T19) é devido ao fortalecimento da posição como diferencial estratégico, que foi fundamental para seu ganho de market-share no período.

– Endividamento:

A Via Varejo concluiu, no 2T20, com sucesso, o processo de alongamento de suas dívidas, o que, em complemento à oferta pública de ações, no montante de R$ 4,4 bilhões, resultou no reforço da sua estrutura de capital. A companhia encerrou o trimestre com uma posição de Caixa Total de R$ 7,4 bilhões e Caixa Líquido Ajustado de R$ 2,9 bilhões, considerando sua carteira de recebíveis não descontados no valor de R$ 2,7 bilhões e o alongamento via instrumento financeiro de dívida, pelo prazo final de dois anos, de operações de Risco Sacado de fornecedores com vencimentos originais no 2T20, no valor de R$ 2,5 bilhões.

Conclusão sobre os resultados:

Para analisar os resultados de Via Varejo, precisamos separar os valores operacionais, que na minha visão, devido à pandemia foram bastante positivos, daqueles resultados financeiros que ainda possuem sérios problemas quando excluímos os não recorrentes, embora estejam melhorando indubitavelmente.

O risco ao se investir hoje em Via Varejo se reduziu muito em relação ao ano passado, quando analisamos a empresa. Clique aqui e releia o relatório do ano passado.

O turnaround da empresa prossegue com a construção de novos centros de distribuição, a utilização das lojas como hubs de distribuição para o last mile e a companhia cresceu as vendas do e-commerce, assim como todo o setor. No entanto, ainda vemos dois problemas graves na companhia:

  1. ”A Via Varejo realiza operações de aluguel com CBD, Sendas e GAS. Adicionalmente, a Companhia e sua controlada Bartira têm contratos de aluguéis de 296 imóveis, entre centros de distribuição, prédios comerciais e administrativos, estabelecidos em condições específicas com a Casa Bahia Comercial (“CB”) e seus sócios, conforme Acordo de Associação celebrado entre Via Varejo, CBD, CB e sócios da CB.”

Ou seja, o controlador da Via Varejo possui 296 imóveis que ele próprio aluga para as Casas Bahia. Pelos números que veremos abaixo, a locação de imóveis é uma operação para o controlador mais lucrativa que os resultados da própria Via Varejo. Na imagem abaixo, vejam que apenas neste semestre foi contabilizada uma despesa total, incluindo depreciação e juros de financiamento, no valor total de R$ 155 milhões.

Fonte – ITR Via Varejo.

Duas grandes consequências desse conflito de interesses foi a menor movimentação rumo às vendas digitais nos últimos 5 anos, tendo sido acelerada apenas no último ano e, com isso, foram necessárias duas capitalizações com emissões de ações.

A segunda consequência podemos perceber comparando empresas similares varejistas. A Magazine Luiza renegociou os aluguéis no período da pandemia. A C&A, por exemplo, judicializou os aluguéis que deveria pagar. Enquanto isso, a Via Varejo seguiu pagando os aluguéis normalmente, uma mostra clara de como o acionista minoritário é colocado em segundo plano pela empresa em algumas situações.

  1. Mesmo com o aumento de vendas do e-commerce e com a redução de endividamento, a companhia, excluindo os R$ 364 milhões referentes à exclusão do ICMS da base de PIS e COFINS, não teria melhorado seu resultado líquido ao acionista.

Esperamos que no próximo trimestre, com a reabertura das lojas físicas, que tiveram uma redução brusca nas vendas (De R$ 5,9 bilhões para R$ 2,2 bilhões), vejamos uma melhora desses indicadores e um lucro líquido real sem “não recorrentes”.

A Via Varejo hoje possui receitas provenientes de 3 formas diferentes. A primeira delas é a venda de lojas tradicionais. São mais de 1.000 lojas dentre as marcas Casas Bahia e Ponto Frio. Destas, 564 lojas reabriram ao longo do segundo trimestre, sendo que na maior parte do tempo ficaram fechadas. Dessa forma, a redução de vendas foi de 63%. A companhia informa que os níveis de venda pós reabertura estão em níveis maiores que pré-pandemia. Na minha visão, é uma questão apenas pontual relacionada ao adiamento de compras por pessoas que não possuem cartão de crédito ou acessibilidade para a compra do e-commerce. Apenas a retomada das vendas nas lojas, com o aumento da inflação, já seria suficiente para trazer mais R$ 4 bilhões de Receita Bruta.

As outras duas fontes de Receita da companhia, além do preço justo serão apresentadas na parte fechada para assinantes Dica Ações ou Combo Ações mais Fiis (Área de Resultados de Empresas – após realizar o login).

Nossas assinaturas sofrerão reajuste a partir de 17/09/2020. Estamos ainda com os preços de 2019.

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Abraços e Bons Investimentos!

Daniel Nigri (analista CNPI)

Com a ajuda de Leo Bittencourt

Disclosure

Elaborado pelo analista independente Daniel Isaac Nigri, CNPI 1810, este relatório é de uso exclusivo de seu destinatário.

Este estudo é baseado em informações disponíveis ao público nos próprios sites de RI das empresas analisadas ou comparadas, consideradas confiáveis na data de publicação.

As opiniões aqui expressas estão sujeitas a mudanças, por se tratarem de estimativas baseadas em fundamentos e projeções de futuro, que podem ou não ocorrer.

Este relatório não representa oferta de negociação de valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros.

As análises, informações e estratégias de investimento têm como único propósito fomentar o debate entre o analista responsável e os destinatários. Os destinatários devem, portanto, desenvolver as próprias análises e estratégias (ou seja, “caminhar com as próprias pernas” e ter bom senso).

Informações adicionais sobre quaisquer sociedades, valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros aqui abordados podem ser obtidas mediante solicitação e serão arquivadas por 5 anos, conforme determinação da CVM.

O analista responsável pela elaboração deste relatório declara, nos termos da Instrução CVM nº 598/18, que as recomendações do relatório de análise refletem única e exclusivamente a sua opinião e foram elaboradas de forma independente.

O analista Daniel Isaac Nigri CNPI é o responsável principal pelo conteúdo do relatório e pelo cumprimento da Instrução ICVM 598.

 

 

 

 

 

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