Fundos Imobiliários (FIIs) ou boas pagadoras de dividendos?
Em meio a tantos fatos acontecendo simultaneamente mundo afora, alta volatilidade dos mercados, cenário externo preocupante, baixo crescimento das economias globais, inclusive a americana, que começa a demonstrar traços de recessão, uma parcela dos investidores mais conservadores começam a migrar para uma carteira mais focada em dividendos para se defender de grandes oscilações, garantindo um bom retorno sobre o investimento.
Conforme já falamos em alguns artigos passados, são duas as formas mais defensivas de investimento em renda variável: uma forma é através de empresas mais estáveis, consolidadas, altamente capazes de gerar caixa e baixa necessidade de reinvestimento.
Essas, em geral, são boas pagadoras de dividendos. A outra forma é através de fundos imobiliários negociados em Bolsa de Valores, que por obrigação têm de dividir a maior parte de seus lucros para seus investidores periodicamente. Em ambos os casos, os dividendos são isentos de imposto de renda para investidores pessoa física, o que aumenta o apelo para estas classes.
Um levantamento feito pelo InfoMoney com base em dados da Economatica revelou que os FIIs têm se destacado quando o assunto é dividendyield(DY), ou seja, retorno com dividendos sobre o valor pago pela cota (ou ação).
A mediana do DY de 12 meses dos fundos imobiliários foi de 7,84% até julho. 75% dos 117 fundos avaliados superaram o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) apenas com a distribuição de dividendos. Por outro lado, considerando as 67 ações do Ibovespa, a mediana de dividendyieldficou em 3,67%.
Apesar de ser um bom balizador, vale lembrar que retorno passado não é garantia de resultado futuro. Além disso, com a migração que tem acontecido de outros ativos para estes, o DY tende a cair, já que a distribuição de dividendos deve se manter nos mesmos patamares, mas os preços devem encarecer.
Como seria uma boa carteira de investimentos?
Bom, nada impede que você tenha as duas classes de ativos na sua carteira. É até recomendável para mitigar os riscos. Não considero que um ou outro seja mais vantajoso, pois, apesar de terem funções parecidas, trata-se de ativos diferentes. O que podemos fazer para tomar a melhor decisão é justamente conhecer essas diferentes características.
A periodicidade
Uma das diferenças entre os FIIs e as ações é a periodicidade. Por um lado, os fundos imobiliários costumam distribuir seus lucros mensalmente, sempre na mesma data. Isso dá maior previsibilidade para o investidor que necessita da renda para custear seu estilo de vida, uma vez que ele sabe que todo dia 15, por exemplo, ele vai receber dividendos daquele fundo. Por outro lado, a periodicidade do pagamento de boas pagadoras de dividendos das ações raramente é mensal, sendo normalmente trimestral, semestral ou até anual.
A volatilidade
Conforme já mencionei no início deste e em outros artigos, a volatilidade, isto é, a variação de preço em um período de tempo, é bem diferente quando comparamos os fundos imobiliários com as ações.
É evidente que a variação de preços de uma ação é maior que a de um FII. Dentre os principais fatores determinantes para isto estão: a vinculação dos FIIs a um ou mais imóveis, a vacância, o(s) inquilino(s), o tipo de contrato firmado entre as partes e a liquidez do mercado.
A distribuição
Outra diferença está associada ao montante a ser distribuído sob a forma de proventos. Segundo a lei, os fundos de investimentos imobiliários devem distribuir no mínimo 95% dos seus lucros auferidos. Ou seja, quase todo o lucro é distribuído aos cotistas.
Por outro lado, quando se fala em ações, a Lei das SA determina que a distribuição seja do percentual dos lucros definido no estatuto da empresa, sendo de no mínimo 25%.
A previsibilidade de ganhos
Por fim, uma grande diferença é a previsibilidade dos ganhos em cada classe de ativo. De um lado temos os FIIs que possuem contratos, geralmente de longo prazo, definidos de antemão e que garantem uma determinada rentabilidade, mesmo que um ou mais inquilinos decidam sair.
Isso faz com que o investidor tenha um alto grau de certeza quanto ao rendimento que receberá nos próximos meses. Do outro lado temos as ações que, por algum motivo, podem ter seu lucro diminuído drasticamente entre um exercício e outro devido a fatores de natureza imprevisível.
Quem pagou mais?
Segundo o levantamento do InfoMoney, dos dez fundos imobiliários com maior DY nos últimos 12 meses, o maior foi o BRCR11, BTG Pactual Corporate Office Fund, com 17,73%, e o menor foi o VRTA11, FII Fator Verità, com 11,33%. Já no universo das ações pertencentes ao Ibovespa, o maior DY ficou com a BR Distribuidora, BRDT3, chegando a 13,57%. O décimo lugar ficou com o Banco Banrisul, BRSR6, chegando a 8,13%. Repare que, em ambos os casos, o DY dos FIIs foi maior que o das ações.
Cabe ressaltar que estes dados não se tratam de recomendações de investiment, você precisa acompanhar as boas pagadoras de dividendos e os FIIs. Além disso, a economia ainda caminha lentamente rumo a uma recuperação, o que talvez tenha contribuído para um baixo DY das empresas.
Com uma possível aceleração da economia, é esperado que as empresas se tornem mais rentáveis, o que poderia alavancar o dividendyield. Por outro lado, a maior procura por esse tipo de ativo poderia encarecê-lo, fazendo com que o DY se mantenha nos patamares atuais.
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Voltando à boa carteira…
Investir em boas pagadoras de dividendos ou em FII? É claro que não existe a melhor escolha de maneira absoluta. Cada investidor deve seguir aquilo que o seu perfil permite, associando maior paz de espírito com rentabilidade e adequação aos seus objetivos de vida.
Investidores arrojados podem dedicar uma parte maior do seu capital para a renda variável, enquanto os conservadores uma parte menor.
Uma coisa é certa: independentemente do seu perfil, uma boa ideia é sempre distribuir seu patrimônio em diferentes setores de uma mesma classe.
Por exemplo, nas ações temos os setores financeiro, de consumo, construção, e elétrico, por exemplo. Já nos FIIs, temos lajes corporativas, galpões logísticos, fundos de fundos e shoppings.
E você? Qual classe de ativo você tem na carteira? Conte para a gente!
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Abraços,
Lucas Mauricio
Revisão de texto: Marciel Montalvane