Se você acompanha a mídia, deve ter se deparado com esta notícia:
Fonte: Forbes
A Meta, empresa dona do Facebook, WhatsApp e Instagram, anunciou uma demissão em massa de funcionários sinalizando para o mercado que a companhia não passa por um momento financeiramente muito agradável.
Para muitos investidores, as Big Techs eram vistas como gigantes indestrutíveis, as quais dificilmente passariam por qualquer tipo de dificuldade. Vale lembrar que desde o IPO, a dona do Facebook não havia reportado sequer um encolhimento de receita e muito menos prejuízo, até agora.
Seria possível utilizar esse texto para criticar os investimentos e decisões ousadas feitas pelo CEO da companhia, Mark Zuckerberg, acerca do Metaverso. No entanto, não o farei, apenas mostrarei que – aparentemente – estes movimentos não tiveram um retorno muito positivo até então e custaram bem caro para a empresa.
Fonte: Exame
Meu ponto aqui é trazer uma visão sobre o negócio ainda pouco comentada, sua principal fonte de receita e o impacto que o cenário atual tem sobre ela. Analisando os números da Meta, é possível averiguar que cerca de 98% da receita total da big tech vem da parte de anúncios:
Fonte: Earnings Release 3Q22, Meta Platforms
Sabendo disso, se quisermos antecipar movimentos ou entender o que se passa com a Meta, precisamos compreender como está a indústria de Anúncios Digitais atualmente. Assim, peguei este gráfico que mostra os setores que mais gastam com ADs:
Tendo em vista que o varejo (Retail) representa quase 22% do mercado da indústria de Anúncios digitais e, logo em seguida, vem o setor automotivo com 12,3%, avaliando a conjuntura que vivemos, o que podemos esperar destes gastos? Aumento ou redução? Na minha visão, uma redução.
Hoje, diversas grandes nações, especialmente os EUA, passam por um sério problema com a inflação. Em períodos de alta da inflação, a população tende a priorizar gastos de primeira necessidade (moradia, alimentação, saúde, etc). Sendo assim, sabendo que o consumo tende a diminuir, talvez não seja tão interessante para as varejistas continuarem a gastar tanto com anúncios digitais, afinal, outras contas como aluguel, energia, salários e outros, devem ser priorizados.
Portanto, considerando os pontos acima, é factível imaginar que a demanda pelo principal serviço da Meta caia até que a inflação seja controlada.
Continuando, observando o histórico das despesas e do lucro da companhia, também percebemos – claramente – uma elevação no primeiro e queda no segundo, algo bastante desfavorável para qualquer companhia:
Fonte: Earnings Release 3Q22, Meta Platforms
Resumindo, a Meta Platforms realizou investimentos custosos em um ano difícil, está com uma demanda cada vez menor em sua principal fonte de receita (anúncios), está com suas despesas em crescimento e com o lucro em queda.
A situação não está fácil e o jeito é, realmente, cortar funcionários para tentar controlar esse aumento de despesas e passar por esse período conturbado.
Fez sentido?
Grande abraço, João Pedro Mello
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