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Alta dos juros, dívidas, despesas financeiras e a corrosão do lucro líquido

A taxa Selic, principal taxa de juros da economia brasileira, saiu de 2% (2020) para 13,25% (2022). A inflação brasileira acelerou ao longo dos últimos anos e o Banco Central precisou agir com velocidade para contê-la. Apesar de ainda estarmos vivendo este cenário, é preciso entender como ele impacta as empresas para que nós, investidores de ações, possamos enxergar nossas posições com mais clareza.

 

Talvez você já tenha ouvido falar que juros altos prejudicam o empreendedorismo. De fato, se uma pessoa tem recursos para alocar em um novo empreendimento, no qual ela assume grandes riscos e não possui garantia de retorno e, em paralelo, ela tem a possibilidade de colocar os recursos na renda fixa com um rendimento anual garantido de 13,15%, a chance dela não optar por abrir uma empresa é bem grande.

 

Apesar de um quadro de juros elevados afetar as companhias e suas ações de diversas maneiras, hoje vamos nos concentrar em um ponto que considero bastante relevante: as dívidas.

 

Para quem não tem muita familiaridade com a contabilidade dos negócios, quando queremos saber quanto as dívidas da empresa estão pesando nas contas, procuramos na parte de Despesas Financeiras.

 

Dentro das despesas financeiras encontraremos o valor que as companhias estão precisando desembolsar para o pagamento de juros do crédito captado por elas. A título de exemplo, utilizarei o resultado financeiro que retirei DRE da Magazine Luiza:

Note que os juros de empréstimos e financiamentos subiram mais de 10x nos últimos 12 meses, saindo de R$ 15 milhões para mais de R$ 170 milhões. Um crescimento expressivo, concorda?

Diante disso, vale a pena averiguarmos para compreender o que houve. Logo, faz sentido irmos mais a fundo na DRE da empresa e analisar a composição dessa parte de “Empréstimos e Financiamentos”. Observe:

 

Além dos valores consideráveis das dívidas da Magalu, gostaria que você prestasse atenção na parte de “Encargos”. Atente-se aos indexadores que estão sendo apresentados: 100% do CDI + 1,25% a.a., CDI + 1,8% a.a., 113,5% do CDI a.a., etc.

Sabendo disso, vamos unir os pontos. No início deste texto, comentei que a taxa Selic saiu de 2% ao ano para 13,25%. Portanto, tendo em vista que a maioria dos encargos das dívidas da Magalu são indexados ao CDI e o CDI acompanha a Selic, entendemos o motivo desses juros terem crescido tanto. E mais, se a Selic permanecer em alta, a tendência é que o custo dessa dívida cresça ainda mais.

Por fim, chegamos ao ponto chave, como isso impacta o lucro líquido da empresa?

Mais uma vez, utilizarei dados da Magalu como exemplo. Perceba abaixo em qual linha da DRE ficam as despesas financeiras e em qual fica o lucro líquido:

 

Verifique que as despesas financeiras vêm antes do lucro líquido. O lucro líquido, por ser a última linha da DRE, é afetado por todos os outros números que ficam acima dele e as despesas financeiras, são um deles. Então, se temos os juros de empréstimos e financiamentos crescendo mais de 10x em doze meses, as despesas financeiras aumentarão e, com isso, o lucro líquido tende a ser prejudicado.

Portanto, nesse período de juros altos, tenha cuidado com empresas muito endividadas, pode ser que suas despesas financeiras cresçam e seu lucro líquido seja negativamente impactado.

Fez sentido?

Grande abraço e bons investimentos,

João Pedro Mello

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