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China: Xi Jinping terá desafios nos próximos anos

O Congresso do Partido Comunista Chinês terminou com a nomeação de Xi Jinping neste domingo (23) como o secretário-geral do partido. O presidente chinês vai assumir seu terceiro mandato no cargo.

Além da escolha pela manutenção do atual líder, no Congresso também foi determinado quem são os membros do conselho de políticos mais poderosos da China —em países comunistas, esse conselho recebe o nome de Politburo, que era a denominação da antiga União Soviética para essa instituição.

Com o terceiro mandato, Xi se tornou o líder chinês mais poderoso desde Mao Tsé Tung, mas deve enfrentar desafios mais complexos.

 

Economia em desaceleração

Um dos principais desafios é a manutenção de um crescimento chinês robusto. Nesta segunda-feira (24) foi divulgado que o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 3,9% no terceiro trimestre do ano, acima da previsão de mercado, que era de alta de 3,4%, mas abaixo dos dados de anos anteriores para o período.

As previsões, que antes da pandemia eram de crescimentos em torno de 6% ao ano, começaram a se tornar mais difíceis por uma série de motivos. Muita coisa mudou de 2019 para cá e, agora, estimativas de crescimento de 4% gera preocupação para o governo chinês.

O PIB referente ao terceiro trimestre deve ser tratado com cautela, apesar de estar acima das projeções de mercado.

Eu não acho que seja um PIB tão descolado e positivo, porque o que o Partido Comunista quer é que todo crescimento seja de ao menos 5%, mas ele de fato surpreendeu. No final, o PIB chinês acabou sendo puxado pela infraestrutura, pois o país não conseguiu avançar nos outros setores que impulsionam crescimento.

O foco em investimento faz parte do plano do governo chinês para alavancar a economia, enquanto as exportações sofrem com bloqueios sanitários e medidas mais restritivas e um consumo interno menos pujante.

Eles tiveram que fazer esses investimentos, pois não seria viável soltar um PIB pífio no meio do 20º Congresso do Partido Comunista, que acabou colocando todo o poder no colo de Xi Jinping

O Partido Comunista adiou a divulgação do resultado do PIB do terceiro trimestre. É incomum que um país atrase a divulgação de um relatório econômico como o resultado do PIB.

O adiamento sugere que os órgãos estatais não estão conseguindo fazer seu trabalho ou que a economia da China está em uma situação pior do que se imaginava. O crescimento esperado para este ano é de cerca de 3%, que já é mais baixo do que a média histórica dos últimos anos.

A desaceleração da economia da China pode ter consequências no Brasil. A China é o maior consumidor das exportações brasileiras. As vendas do Brasil para o país asiático subiram nos últimos anos.

Fiscal

Dois desafios sobressaem. O primeiro é o financiamento. Ao mesmo tempo em que as autoridades chinesas confiam nos gastos fiscais para ajudar a atingir a meta oficial de expansão, também estão inquietas com o aumento da taxa de alavancagem do governo federal e com o “risco moral” na esfera dos governos locais. Diante disso, mostram-se relutantes em financiar o investimento em infraestrutura por meio do orçamento público geral.

Sem guerra

Pequim prometeu se reunificar com Taiwan, uma democracia vibrante, mesmo por meios militares. Os Estados Unidos reconheceram o princípio de uma só China com a normalização das relações diplomáticas com a RPC em 1979. Ainda assim, na última década, esquentou a causa de Taiwan, que deseja se afastar do abraço de Pequim. Washington sentiu que Pequim estava mudando o status quo acordado ao construir bases militares no Mar da China Meridional, tentando impor suas próprias reivindicações na área marítima pela qual passa 30-40% do comércio global e reprimindo as liberdades políticas acordadas em Hong Kong após protestos pró-democracia locais.

Relações com o Ocidente

A China não apoiou abertamente a guerra da Rússia na Ucrânia, mas desenvolveu laços econômicos e estratégicos com os russos nesses meses de conflito, em contraste com o Ocidente, que adotou sanções sem precedentes para tentar demover Moscou de prosseguir com a agressão.

Xi já disse que apoia “a soberania e a segurança” da Rússia. Isso garantiu aos chineses o apoio dos russos em relação a Taiwan.

O presidente russo Vladimir Putin disse que Moscou adere ao princípio “uma China”, segundo o qual Taiwan é parte integrante do território chinês.

Os uigures

Grupos de direitos humanos acusam Pequim de abusos contra os uigures, uma minoria étnica majoritariamente muçulmana (são cerca de 10 milhões de pessoas dessa etnia; eles vivem na região de Xinjiang). O governo chinês é acusado de empregar os uigures em trabalhos forçados em campos de detenção. Os EUA acusam a China de genocídio.

Embora seja possível que a China monte um ataque curto e destrutivo a Taiwan politicamente isolada, é improvável que arrisque uma guerra massiva com o envolvimento específico dos Estados Unidos e do Japão.

Pequim nega quaisquer abusos e disse que está “pronta para a luta” se forem tomadas medidas contra ela. Um relatório da ONU apontou possíveis crimes contra a humanidade contra uigures e outros muçulmanos no país.

Conclusão

Os desafios e riscos a serem solucionados pela China no momento são mais complexos do que nunca, tanto no cenário doméstico quanto internacional, avaliou o presidente Xi Jinping, em discurso divulgado pela imprensa estatal chinesa. Segundo ele, o gigante asiático entrou em uma fase de novos oportunidades estratégicas de desenvolvimento, à medida que “grandes mudanças no mundo” aceleraram a evolução da economia global.

Xi salientou a necessidade de todas as esferas do governo trabalharem em conjunto para aumentar o senso de urgência, cultivar novas oportunidades e abrir uma nova situação com estratégias e táticas corretas por um novo mundo de desenvolvimento.

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