A crise do coronavírus dominou o mundo. Realizar um planejamento antecipado do orçamento, de modo a colocar as finanças em dia, está cada vez mais difícil, pela falta total de previsibilidade.
Vários governantes no mundo inteiro já classificam o que estamos vivendo como tempo de guerra em época de paz.
As medidas de isolamento estão impactando as empresas com a queda nas receitas, a incerteza quanto ao futuro dos empregos e a preocupação com os gastos imprevistos.
Como assessora de investimentos, oriento sempre que a hora é de cautela e análise do orçamento da empresa para enfrentar a turbulência, ainda sem data para acabar.
As primeiras orientações — que valem para todas as empresas — incluem não fazer gastos desnecessários e adiar investimentos, a não ser que se possa fazer o pagamento à vista, e avaliar bem seus custos. Se for possível, é aconselhável fazer uma poupança.
Primeiramente, organize suas despesas. Muita empresa não sabe exatamente quanto gasta mensalmente. Por isso, dimensione suas despesas fixas.
Os pequenos e microempresários em sua maioria já estão tendo queda em suas receitas e ficando preocupados. A recomendação é tentar negociar gastos fixos, como aluguel, por exemplo.
O segundo passo é tentar estimar o quanto conseguirá faturar nesse período e o quanto poderá faltar para cobrir as despesas mensais. Assim, quem tem obrigações financeiras deve comunicar a situação aos seus credores.
Sendo assim, irá sobreviver aquele empreendedor que fizer as contas logo e verificar onde é possível cortar custos e que negociações a empresa pode tentar fazer.
É preciso que as pessoas estejam conscientes da situação. Devem ver o que precisa exatamente e procurar a ajuda certa. É preciso cuidado agora para essa crise de liquidez não se tornar um problema de crédito. O governo irá assumir algum prejuízo, e as empresas devem ser responsáveis, porque depois a conta vai chegar.
Governo anunciou a liberação de uma linha de crédito de R$ 40bi
O governo federal anunciou a liberação de uma linha de crédito emergencial de R$ 40 bilhões.
40 bilhões é o máximo, para financiar salários de trabalhadores de pequenas e médias empresas. O objetivo é cobrir o pagamento salarial por dois meses. No entanto, a quantia será limitada a dois salários mínimos por funcionário. Cabe ressaltar que o dinheiro vai diretamente para o funcionário, ficando a empresa responsável pelo ônus de pagar a dívida com taxas baixas e carência de 6 meses. Veremos abaixo todas as regras.
Nos casos em que o funcionário ganha mais de dois salários, ficará a critério da empresa complementar ou não a diferença. Além disso, quem optar pela linha de crédito não poderá demitir o empregado durante o período. A expectativa é que o financiamento esteja disponível em uma ou duas semanas.
Conheça os requisitos para solicitar o empréstimo e as condições de pagamento:
- O financiamento será disponibilizado apenas para empresas com faturamento entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões por ano;
- O dinheiro será exclusivo para o pagamento salarial;
- Os juros serão de 3,75% ao ano;
- A carência ficará entre 6 a 36 meses para pagar o empréstimo;
- Salário: o dinheiro será depositado diretamente para o trabalhador por meio do CPF;
- Carência para demitir: a empresa só poderá demitir o trabalhador depois dos dois meses de pagamento;
- Folha: serão financiados dois meses da folha.
- Prazos: a empresa terá carência de 6 meses para começar a pagar. O empréstimo será parcelado em 36 meses.
“O dinheiro vai direto para as folhas de pagamento. A empresa fecha o contrato com o banco, mas o dinheiro vai direto para o funcionário. O dinheiro cai direto no CPF do funcionário”, explicou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
O programa foi formulado por Banco Central (BC), Ministério da Economia e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Do total, R$ 17 milhões serão financiados pelo Tesouro Nacional e, o restante, por bancos.
“Eu acho que é um programa que vai ajudar muito pequenas e médias empresas, que é um setor que emprega muito, que tem crescido muito e tem ajudado a desenvolver o país. Entendemos que é um programa que está em linha com o que o governo tem anunciado”, comentou Campos Neto.
Medidas adotadas pelos bancos sobre o COVID-19
O setor bancário do Brasil já adotou algumas medidas para tentar amenizar o impacto econômico das medidas de contenção decorrentes da pandemia.
Segundo notícia divulgada pela FEBRABAN, os cinco maiores bancos associados (CEF, BB, Bradesco, Itaú e Santander) anunciaram seu compromisso “em atender pedidos de prorrogação, por 60 dias, dos vencimentos de dívidas de clientes pessoas físicas e micro e pequenas empresas para os contratos vigentes em dia e limitados aos valores que já foram usados pelo consumidor”, devendo os interessados contatar seu banco para verificar condições.
Em relação ao BB, além da prorrogação de parcelas, haverá diluição da incidência de juros ao longo do cronograma de pagamentos. A CEF divulgou a pausa de até dois encargos para contratos habitacionais de pessoas físicas e jurídicas, preenchidos alguns requisitos.
No Banco Itaú, para financiamento de imóveis e veículos, se o cliente está em dia com os pagamentos, poderá postergar a próxima parcela por 60 dias. O Santander afirmou que a iniciativa irá abranger linhas de crédito pessoal, crédito direto ao consumidor e financiamento imobiliário e, além da prorrogação da dívida, aumentou em 10% os limites dos cartões de crédito de clientes com as faturas em dia.
Por sua vez, o Bradesco vai reduzir as taxas de suas principais linhas de crédito, acompanhando a redução da taxa Selic.
Como se preparar financeiramente para o isolamento
1) Analise seu orçamento e reveja gastos
- Veja quais são os seus custos mensais e tente prever como será a sua receita e se poderão faltar recursos;
- Não é o momento para gastos supérfluos ou desnecessários, mesmo com promoções. Evite o impulso de compras on-line;
- Se atuar no setor alimentício, substitua alimentos que subiram muito de preço por outros, como não perecíveis;
- Cuidado com financiamentos, o futuro está muito incerto;
- Se acreditar que pode faltar dinheiro, pense em custos fixos que podem ser cancelados temporariamente, como assinaturas.
2) Veja se tem recursos poupados e quanto podem durar
- Quem tem dinheiro guardado e prevê que faltem recursos no orçamento mensal, é hora de usá-lo. Para saber por quanto tempo a quantia poderá ajudar nas finanças da empresa, é preciso estimar como ficarão os gastos depois da contenção;
- Se não tiver dinheiro guardado, veja se há itens que podem ser vendidos;
- Tente avaliar seus investimentos no banco e isso pode ajudar gerar receita e diminuir os custos para o futuro. Opções seguras neste momento são Tesouro Selic e fundo DI (desde que com taxas baixas).
3) Precisando de dinheiro? Veja como analisar crédito
- Antes de ir a mercado de crédito, consulte as linhas de financiamento fomentadas pelo governo. Não é vergonha, e o governo está disposto a ajudar;
- Quem precisar pegar um empréstimo com uma instituição financeira, não deve aceitar crédito de curto prazo, como cheque especial e cartão de crédito. Os juros são altíssimos;
- Procure um crédito adequado à sua necessidade. Os bancos estão oferendo condições especiais;
- Pesquise também as condições oferecidas pelas fintechs de crédito. Elas oferecem dinheiro com e sem garantia a taxas mais competitivas e de forma 100% digital.
Veja algumas opções:
Bcredi
Tipo de crédito que oferece: crédito imobiliário, crédito com garantia em imóvel e financiamento imobiliário.
Condições: juros a partir de 0,99% ao mês + IPCA , prazo alongado de até 240 meses e empréstimos a partir de R$ 30 mil até R$ 4 milhões.
Onde acessar: www.bcredi.com.br/
Lendico
Tipo de crédito que oferece: empréstimo pessoal sem garantia.
Condições: empréstimos de R$ 2.500 a R$ 50 mil, com pagamentos em 12, 18, 24, 30 ou 36 meses e taxas a partir de 2,84% ao mês (conforme análise de crédito).
Onde acessar: www.lendico.com.br
Creditas
Tipo de crédito que oferece: crédito com garantia de imóvel e de veículo e consignado privado.
Se a empresa já está endividada:
- Se a sua empresa já possuía dificuldades de honrar o pagamento de dívidas, procure a instituição financeira imediatamente para renegociar. Muitos estão dando carência e outras condições especiais. Se não conseguir, pense em trocar a sua dívida por outra em outra instituição financeira.
- Se tem dívidas no Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco e Santander: os bancos vão atender a pedidos de prorrogação, por até 60 dias, dos vencimentos de empréstimo de crédito pessoal de clientes pessoas físicas e micro e pequenas empresas. Não é válido para cheque especial e cartão de crédito. Os bancos podem ser procurados em seus canais digitais.
- Procure linhas para pagar uma dívida antiga. O ideal é trocar as dívidas caras de curto prazo por outras mais baratas de longo prazo. São opções: crédito consignado, crédito pessoal ou crédito com garantia real.
Debora Toledo
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