O Federal Reserve (FED) anunciou em comunicado nesta quarta-feira elevação da taxa de juros para 0,75% a 1%, elevação de 0,5 p. p., em linha com estimativas do mercado. A decisão foi unânime.
De acordo com as expectativas do mercado, o aumento na taxa de fundos federais para uma meta máxima de 1% dos 0,25% -0,5% anteriores era dado como certo, visto que a inflação ao consumidor (IPC) dos Estados Unidos chegou a 8,5% em 12 meses finalizados em março. A inflação atual é a mais alta em quatro décadas.
Segundo o FED, mesmo que a atividade econômica geral tenha diminuído no primeiro trimestre, os gastos das famílias e o investimento fixo das empresas permaneceram fortes. O BC americano reforça que os ganhos de emprego foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego diminuiu substancialmente. No entanto, a inflação continua alta devido a desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de energia e pressões mais amplas sobre os preços.
“A invasão da Ucrânia pela Rússia está causando enormes dificuldades humanas e econômicas. As implicações para a economia dos EUA são altamente incertas. A invasão e os eventos relacionados estão criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e provavelmente pesarão sobre a atividade econômica. Além disso, os bloqueios relacionados ao COVID na China provavelmente exacerbarão as interrupções na cadeia de suprimentos. O Comitê está altamente atento aos riscos inflacionários”, diz o comunicado.
Leonardo Mendes, economista e sócio da JB3 Investimentos, afirma que o mercado não esperava uma posição muito hawkish visto que o FED possui duplo mandato – inflação e emprego – e o PIB dos EUA veio abaixo do esperado. “O mercado espera que o Fed desalavanque seus balanços, pare com recompra de títulos, comece a ter posição mais restritiva, mas não de forma tão aguda”, afirma. O primeiro impacto, caso o tom seja mais duro, é uma possível recessão. Segundo Mendes, as bolsas de valores também podem experimentar sensibilidade, pois “a partir do momento em que se sobe as taxas de juros, os títulos públicos e a renda fixa ficam mais atrativas e parte desse capital que está bastante alavancado no preço das ações pode começar a migrar da renda variável para a renda fixa e poderia ter alguma correção maior em bolsa”, completa.
Redução no balanço
Em comunicado, o FED informou que acredita que aumentos contínuos nos juros serão apropriados. Além disso, o Comitê decidiu começar a reduzir suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências em 1º de junho.
Jerome Powell, presidente do FED, detalha a decisão em tradicional entrevista coletiva às 15h30, pela primeira vez realizada presencialmente desde o início da pandemia.
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