Não faz tanto tempo que ninguém falava sobre Cielo (CIEL3). A líder brasileira do mercado de meios de pagamento foi esquecida pelo mercado. Ao longo dos últimos anos, a concorrência e o surgimento do PIX balançaram bastante as redes de adquirência. Não era incomum vermos diversos analistas e investidores pessimistas com este mercado.
Entretanto, apesar de todos os fatores negativos, neste ano, as ações da Cielo refletem um cenário bastante diferente. Observe as maiores altas do Ibovespa em 2022, segundo o TradeMap:
Com 152,44% de retorno acumulado em 2022, a Cielo tornou-se o destaque da bolsa no ano. Diante disso, hoje quero conversar com você sobre os prós e contras que enxergo no negócio.
Para iniciarmos, vamos entender o que houve com a Cielo para que saísse de uma queridinha da bolsa e chegasse a ser uma companhia esquecida pelo mercado.
Como já tentam complicar muito a vida do investidor, serei breve e direto. Alguns anos atrás, a Cielo dominava, quase por completo, o mercado de meios de pagamento no Brasil. Após algumas mudanças na regulamentação do setor, a concorrência começou a surgir.
A concorrência, com o intuito de ganhar participação de mercado, entrou no mercado oferecendo um serviço igual ou melhor ao da Cielo e cobrando taxas menores. Logo, comerciantes que dependiam da Cielo para realizar transações no cartão de débito/crédito, passaram a mudar as maquininhas que utilizam, afinal, quem não quer pagar menos taxas sem perder a qualidade do serviço prestado?
Assim, a Cielo, que antes detinha mais de 50% do mercado de adquirência brasileiro, foi perdendo market share. Hoje, mesmo ainda sendo líder, a Cielo se sustenta com 31% do mercado.
Diante disso, investidores notando que a Cielo vinha perdendo cada vez mais sua fatia no mercado e sabendo que seus resultados, em breve, iriam na mesma direção, penalizaram o papel (CIEL3).
Atualmente, o mercado de Meios de Pagamentos é reconhecido pela grande guerra de preços e commoditização. Nada bom, não é? Enfim, já falamos dos pontos negativos, agora vamos observar o que tem de bom…
Analisando o setor como um todo, destaco dois pontos principais: o forte crescimento do mercado de adquirência (penetração dos cartões) e os recentes ganhos de market share da Cielo. Observe os gráficos abaixo:
Fonte: Apresentação Inst. Cielo Jun/22
Adicionalmente, outro ponto relevante de ser destacado são seus principais sócios, Banco do Brasil e Bradesco. Ter dois bancos como sócios facilita bastante a parte, por exemplo, de antecipação de recebíveis (entregar o dinheiro retido nas maquininhas para os lojistas antes do prazo), a qual também é uma fonte de receita importante para estas empresas e uma grande vantagem para os comerciantes que necessitem de capital de giro para seu negócio.
Fonte: Apresentação Inst. Cielo Jun/22
Tendo em vista todo o exposto, compreendo que a Cielo, embora esteja presente em um mercado altamente competitivo e com margens comprimidas, ainda mantenha certos Moats que podem fazê-la destoar bastante da concorrência, manter seu espaço e acompanhar o crescimento do mercado.
Fez sentido?
Grande abraço, João Pedro Mello
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