O PIB subiu em 2019
O PIB subiu 0,4% no período de abril a junho de 2019. Isso afastou, ao menos temporariamente, o risco de recessão técnica, que acontece quando o indicador registra dois trimestres consecutivos de queda. Esse resultado, embora pareça pequeno, reflete uma esperança de luz no fim do túnel.
Fórmula do PIB
Para que esse artigo faça sentido, é importante primeiro explorarmos o que é o PIB. Basicamente, é a sigla para Produto Interno Bruto. O problema é que se eu parar a minha explicação aqui, você talvez continue sem entender nada. Para ficar mais claro, observe a fórmula a seguir, que descreve o cálculo do PIB pela óptica das despesas.
Onde: C é o consumo das famílias em bens e serviços; G são os gastos do governo em bens e serviços; I são os investimentos das empresas; X são as exportações e M são as importações. Ou seja, basicamente, o PIB é a soma dos gastos e investimentos com o saldo da balança comercial (exportações – importações).
Basta analisar um pouquinho essa fórmula para perceber uma pegadinha. Todo mundo já sabe do sério problema que o governo tem, de gastar até o que não tem, ou seja, de gastar mais do que arrecada.
A pegadinha está no fato de que, quanto mais o governo gasta, mais o PIB sobe, ou menos o PIB cai. Isso acontece porque o gasto do governo entra somando no resultado. Conclusão, algo que essencialmente é ruim é tomado como algo bom. Pessoalmente, me parece que faz mais sentido o PIB diminuir 1% com o G = 0 do que o PIB ficar no zero a zero com G = 1%.
No restante do cálculo do PIB não temos pegadinhas. Quanto mais as pessoas consumirem (C), as empresas investirem (I), e o país exportar (X), mais o PIB cresce. Por outro lado, quanto mais o país importar (M), mais o PIB cai.
PIB subiu 0,4%
Dada essa introdução, estamos prontos para falar do resultado do PIB neste trimestre. O crescimento foi de 0,4% quando comparado com o primeiro trimestre, o que representa o dobro do estimado pelos analistas. Essa pequena alta foi o melhor resultado para segundos trimestres desde 2013.
A fórmula acima expressa o resultado do PIB do ponto de vista das despesas. Quando se fala no ponto de vista da produção, basicamente teríamos a soma das produções dos setores industrial, de serviços e agropecuário. O resultado foi, respectivamente, alta de 0,7 e 0,3%, e queda de 0,4%.
Voltando para o ponto de vista das despesas, o consumo das famílias (C) cresceu 0,3%, principalmente puxado pela maior disponibilidade de crédito e crescimento da massa salarial da população. O investimento das empresas (I) cresceu 3,2%, puxado pelo investimento em máquinas e equipamentos. Os gastos do governo, por outro lado, felizmente caíram 1%.
Balança comercial
Em termos de balança comercial, as exportações caíram 1,6% e as importações subiram 1%. É interessante notar como a crise econômica e política na Argentina pode já estar impactando o nosso resultado, já que este país é um dos nossos principais parceiros comerciais.
Como resultado da crise, temos a tendência de comprarmos mais deles do que vendemos para eles, o que diminui o saldo da nossa balança comercial, ou seja, importações superam exportações.
Destes números é possível tirarmos algumas conclusões interessantes.
A primeira é que, depois de muito tempo, o país está conseguindo finalmente crescer caminhando com as próprias pernas, sem depender tanto de crescimentos inflacionados por altos gastos públicos.
A segunda conclusão é que a economia parece estar mais confiante e isso fica evidente no aumento expressivo dos investimentos das empresas, já que ninguém investe em cenários de incerteza.
A terceira conclusão é que, se estivéssemos em um cenário de balança comercial mais estável, ou seja, exportações e importações em patamares semelhantes, o resultado do PIB teria sido ainda maior.
Por fim, o resultado parece pequeno, mas, como o Presidente Jair Bolsonaro disse, a economia é um transatlântico. Não é tão simples fazê-la mudar de rota e pegar tração.
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O que o mercado achou dessa notícia?
O mercado gostou. O PIB subiu e apresenta crescimento, especialmente quando acima das expectativas, mostra que estamos no caminho certo, o que atrai investidores e faz a Bolsa crescer. É claro que ainda falta muito para chegarmos a um patamar que nos traga orgulho, mas é bom ter uma notícia boa para variar.
Um movimento de alta no PIB já era esperado, pois historicamente a queda da taxa Selic tende a puxar um aquecimento da economia, principalmente por aumentar o consumo e gerar investimentos em produtividade.
E para você? Essa alta foi satisfatória? O que achou da notícia? Compartilhe conosco nos comentários!
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Abraços,
Lucas Mauricio
Revisão de texto: Marciel Montalvane