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O Gato e a Probabilidade – vivo ou morto?

Selic vai subir? Até quando? Inflação também? E o dólar?

Volume de grãos recorde nas exportações, mas preços médios caíram frente a 2019, aliás subiram apenas café e carne bovina/suína, e a celulose? Caiu preço em dólar (médio), e não foi pouco, mas veja, as empresas estão com capacidade ocupada em números elevados, afinal papelão ondulado está em alta, embalagens para alimentos, afinal pandemia, restrição de circulação, aumento de delivery, de e-commerce no geral.

E o blockchain para o agronegócio? O token que promete reduzir os custos com a operação, torna-la mais eficiente. Então você deve estar se perguntando? Mas isso já existe em algum lugar? E a resposta é sim, em alguns países da Europa, como Alemanha, ou seja, estamos falando de ativos digitais como certificado de propriedade de um bem físico.

E a soja sendo moeda digital (com lastro no grão?)? Pois então? Já existe também.

O aço? A construção civil? Será uma Selic de 6% “segura” para manter os números de financiamento imobiliário? Os custos aumentando não seriam uma possibilidade de aumento dos distratos se repassados ao preço final? Ou ainda existe estoque suficiente para contornar esse período de preocupação com manutenção de renda/emprego, taxas, etc.?

Exportadoras ganhando com dólar, independentemente do setor?

O PP, o PVC e as reduções temporárias no imposto de importação? Até que ponto podem aliviar o setor dependente dessa matéria prima?

E as empresas que precisam importar produtos da China principalmente, estão importando a inflação, incluso aqui o efeito escassez? Entendes aqui que nem sempre vale a pena a empresa se manter operando com um mercado operando com preços de produto escasso?

E o crédito, já vemos sinalização de estagnação? O Pronampe vai ajudar mesmo?

E o varejo não essencial? Vai demorar para repor as perdas? Será que todas as empresas estão de fato trabalhando com “estoques de qualidade” em patamar suficiente para não comprometer o ciclo econômico? Ou teremos um trimestre de remarcações?  Lembre que, apesar desse BOOM do e-commerce nas empresas de varejo de produtos não essenciais, essas vendas ainda não são representativas significativamente no consolidado para “salvar o dia”, pelo menos não em todas as empresas.

O mercado de ESG aumentando, as sistemistas automotivas e as fábricas paradas? Quando vai voltar a produção? Já estão produzindo estoque para fornecimento imediato na volta? Ou estão preservando a liquidez?

Você deve estar pensando, eu não quero as perguntas, quero as respostas e de preferencia que sejam: sim ou não. Sinto muito informar, mas estás equivocado e esse equívoco está baseado em dois pontos: o primeiro é que as perguntas são tão importantes quanto as repostas, afinal quem não sabe o que perguntar não saberá pra que serve a resposta, seria como perguntar os números de um jogo de azar, mas não saber qual jogo, e o segundo ponto é que ninguém sabe, a não ser que você acredite que alguém tenha uma bola de cristal e saiba o que vai ocorrer no futuro.

Aliás, aqui não existe forma melhor pra explicar do que a teoria do Gato de Schrödinger, para fins de conhecimento, a teoria de Schrödinger nasceu com o intuito de rechaçar uma outra teoria da física, a de Bohr no seu princípio de Copenhague, e nele Bohr combinou dois princípios (de Heisenberg e de Schrödinger), da incerteza e da equação das ondas para justificar que o observador é parte do sistema que está sendo testado/medido, como se o observador fosse a ferramenta que mede o experimento.

 Exemplo: quando o analista analisa os dados de uma empresa, ele é o observador, e exerce influência sobre o que irá obter de informações dos dados analisados.

Continuando, na teoria ele acreditava que a influência não era apenas de observar e sim direta no que se está medindo, que havia no método uma escolha de final obtida a partir da “vontade” de quem está medindo, portanto, uma escolha.

Heisenberg não curtiu o que Bohr fez e decidiu não ser mais amigo dele, pelo menos por algum tempo, depois ficaram amigos novamente, mais ou menos como no twitter e no Instagram, aliás se fosse hoje em dia eles iriam parar de se seguir nas mídias, iriam trocar algumas farpas, chamar pra briga em 140 caracteres, postar uma foto com uma frase de indireta, etc.

Mas veja que o Schrödinger nunca concordou com isso, pelo contrário, esperto ele escreveu um artigo descrevendo um experimento, que é mundialmente famoso, e muito utilizado como ferramenta para descrever situações de probabilidade, nasce o Gato de Schrödinger.

A ideia era mostrar que Borh não estava correto na sua análise, e o experimento era o seguinte:

Um gato, escolhido propositalmente para atrair a empatia das pessoas, afinal a maioria das pessoas gostam de gatos, ou pelo menos não os odeia, eu gosto mais de cachorro, mas isso não vem ao caso, continuando, esse gato esta trancado em uma câmara de aço/caixa e com ele um frasco de veneno e uma pequena quantidade de substância radioativa (longe do gato), essa substância em pequena quantidade, então a probabilidade ao fim de uma hora é que o veneno  pode ou não ser aberto,  caso o átomo radioativo decaísse um martelinho quebraria o veneno e bye, bye gato (sim, isso é maldade, eu sei, não matem o mensageiro), ou seja, a probabilidade estaria vinculada diretamente ao átomo cair ou não. Então depois de uma hora ao abrir a caixa o gato poderia estar vivo ou morto, enquanto a caixa estiver fechada existe uma sobreposição de estados – vivo e morto ao mesmo tempo, mas ao abrir a caixa o resultado será um só, independentemente da vontade do pobre do gato. Ou seja, na linguagem da física o observador não poderia fazer a função da onda colapsar, significa que o gato não poderia decidir o destino.

Mas e se considerarmos que o observador tem consciência, um humano por exemplo, um gestor por exemplo? Pausa para reflexão!

E após isso tudo ainda temos a teoria dos universos paralelos, vários mundos, uma duplicação de cenário, em um deles a luz é onda e no outro uma partícula, o que significaria dizer que o gato poderia estar vivo em uma dimensão e morto em outra, mas vamos devagar né!

Voltando ao que nos interessa, ou seja, nos negócios temos várias caixas, vários gatos e muitas incertezas, testamos hipóteses assim como os físicos testam seus princípios, quando analisamos projeções de resultados, quando buscamos padrões do passado para entender o que pode acontecer no futuro, quando projetamos as vendas e a partir daí ocorre todo o start da cadeia e consequentemente os possíveis gargalos se as coisas não ocorrerem conforme o previsto.

Quando o assunto envolve dinheiro aumentam as chances de irracionalidade, com uma tendência gigantesca a prestar mais atenção aos fatos recentes e ignorar os mais antigos e ter uma dificuldade absurda de medir e calcular probabilidades, então usam o gato e assumem a possibilidade de 50/50, e isso, seja como gestor ou investidor, é uma forma equivocada de direção, aquela que remete ao acaso, ao vamos ver no que dá, quem sabe a gente dá sorte, não sabemos bem, mas estamos torcendo.

Para ficar claro: Nesses casos o gato morreu! Se não agora, será no próximo projeto.

E as repostas para as perguntas do início da nossa conversa?

Não é sim e também não é não, é acompanhar o movimento, da mesma forma que as empresas e o mercado estão fazendo, isso porque ninguém sabe o que pode ocorrer, portanto é preciso ter planos para ambos os cenários, o pessimista o realista e o otimista.

 “Avalia-se a inteligência de um indivíduo pela quantidade de incertezas que ele é capaz de suportar.”

Immanuel Kant

Até a próxima semana.

Patrícia Rossari

Especialista em Gestão & Logística.

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