Eu fiz um vídeo na semana passada para o canal do Dica de Hoje no Youtube, e perguntei quais eram os assuntos que vocês gostariam que eu falasse no próximo vídeo.
O tema que mais teve curtidas foi o de ETFs internacionais. Então, vamos abordar este tema aqui hoje e, em breve, farei também um vídeo sobre isso. No entanto, esse é um tema bem extenso e, nesse primeiro momento, tentarei falar de uma maneira mais geral e, nos próximos textos e vídeos, abordarei pontos mais específicos. Por isso, fiquem a vontade para sugerirem os próximos textos/vídeos.
Primeiro, apenas para contextualizar, ETF é um fundo de índice negociado em bolsa, que busca rastrear um índice de mercado específico, de um setor, de uma região, de uma commodity, entre outros. Costumo dizer que ele é muito útil quando queremos nos expor a algum setor que não conhecemos muito, ou que não sabemos quais serão as empresas vencedoras. Portanto, um ETF nos expõe a uma cesta de empresas desse setor, minimizando o risco de se ter apenas uma ou duas empresas, por exemplo.
Hoje em dia, porém, os maiores ETFs são os que seguem, de alguma forma, o S&P 500, principal índice da bolsa americana. Atualmente, o maior ETF do mundo é o SPDR S&P 500 (ticker: SPY), com mais de US$ 380 bilhões em ativos. O segundo maior é o iShares Core S&P 500 (ticker: IVV) com US$ 295 bilhões em ativos, e o terceiro maior é o Vanguard Total Stock Market (ticker: VTI), com mais de US$ 260 bilhões em ativos.
Fonte: ETF Database
Todos esses 3 ETFs procuram rastrear o desempenho das principais ações americanas. Detalhe que esses ETFs são negociados no exterior, mas você consegue ter acesso ao IVV através do IVVB11, negociado na B3, que foi criado justamente com este fim. Mais para frente voltaremos a falar dele.
Uma outra vantagem dos ETFs são os custos, e os três citados acima, por exemplo, possuem taxas de 0,09%, 0,03% e 0,03%, respectivamente, sendo opções baratas para todos os tipos de investidores.
Como eu disse, há também ETFs que investem apenas em setores específicos, de commodities, de títulos de renda fixa, de moedas e até os chamados ETFs inversos, que operam vendidos, esperando a queda de determinado grupo de ações. Para quem acha que o S&P 500, por exemplo, está muito caro, essa pode ser uma opção. Dá para fazer isso com vários outros índices.
Pegando o exemplo do S&P 500, se você acha que ele está caro, você pode comprar o ETF SH (ProShares Short S&P500), que opera vendido nas empresas do índice. Agora, se você achar que o S&P 500 está muito caro, você pode ainda comprar o ETF SDS (ProShares UltraShort S&P500), que busca entregar 2x a exposição inversa do S&P 500. Vale ressaltar que os dois foram péssimas opções neste ano, tendo o primeiro uma queda de 18,4% e o segundo uma queda de 33,8% em 2021. Para deixar claro: isso não é uma recomendação, apenas estou mostrando o universo de opções disponíveis.
Fonte: Google Finance
Como eu falei que existem ETFs de determinadas regiões, vou dar um exemplo de ETF assim também. Um ETF que eu gosto é o XSOE (WisdomTree Emerging Markets ex-State-Owned Enterprises), que investe em empresas de países emergentes, mas que retira as empresas que possuem mais de 20% de participação do governo nelas.
Dessa forma, por exemplo, você consegue se expor a empresas dos países abaixo, e diminui um pouco o risco da influência do governo nelas, já que em países emergentes, os riscos do governo interferirem em uma empresa sob seu controle ou influência, é relativamente alto, a depender, é claro, do país.
Fonte: ETF.com
Eu poderia citar diversos exemplos dos mais diferentes ETFs que existem, mas ao invés de texto e vídeo, é melhor deixarmos isso para um possível livro no futuro, já que temos mais de 7.600 ETFs em todo o mundo, sendo que apenas os Estados Unidos possui um pouco menos de ⅓ deste total.
Fonte: Statista
Para você conseguir ter acesso aos mais diversos tipos de ETFs, e tê-los também a um preço mais baixo, não tem muito para onde correr: tem que abrir conta no exterior, já que na b3 temos acesso a apenas 40 ETFs, sendo que apenas 13 são internacionais. (clique aqui caso queira ver a lista completa).
Desses internacionais, podemos citar como exemplo o IVVB11, que falamos no início, e o XINA11, que investe em empresas chinesas e que eu já fiz um texto e vídeo sobre ele. Clique aqui para ler o texto, e aqui para ver o vídeo.
Vale ressaltar que os ETFs negociados no Brasil que investem no exterior, possuem ainda custos maiores do que se comprássemos diretamente do exterior. Dependendo do ETF, o custo não fica muito mais alto, e também vale a pena colocar na balança a comodidade de investir daqui do Brasil, sem ter que abrir outra conta e remeter dinheiro para fora do país (não que isso seja muito trabalhoso, mas obviamente fazer do Brasil é mais fácil).
Usando o exemplo do IVV (negociado no exterior), que citamos anteriormente, ele tem taxa de gestão de 0,03% ao ano, sendo que o ETF brasileiro IVVB11, que procura seguir o IVV, e para isso, investe nele, tem taxa de gestão de 0,23%.
Então, caso você queira investir no IVVB11, além de você pagar esses 0,23% de gestão dele, você também acaba pagando o 0,03% do IVV, já que o IVVB11 investe neste IVV para te dar exposição ao mercado americano.
No fim do dia, quem investe diretamente no exterior também tem que arcar com outros custos, como no envio de dinheiro lá para fora, por exemplo, mas não quero perder muito tempo falando desses custos menores. Acredito que o principal diferencial aqui seja o número de possibilidades que temos investindo lá fora, e portanto, esses custos acabam ficando em segundo plano.
Como eu sempre falo, é possível investir no exterior pelo Brasil, e alguns custos até não fazem tanta diferença, mas com o tempo, e com mais dinheiro investido, abrir conta no exterior é um caminho inevitável. Acredito que todo investidor, mais cedo ou mais tarde, terá que fazer isso. Mas, novamente, não vejo nenhum problema em começar pelos ETFs negociados na B3.
Por hoje é isso. Caso queiram temas mais específicos, podem pedir lá pelo instagram @raphaelrocharf, que trazemos nas próximas semanas.
Nenhum ETF citado aqui é recomendação, todas as recomendações que eu faço estão dentro do dica internacional, e é lá que estão nossas carteiras recomendadas do exterior. Caso queira conhecer, é só clicar aqui.
Abraços e bons investimentos,
Raphael Rocha.
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