Klabin(códigos Bovespa: KLBN3,KLBN4 e KLBN11)
RESUMÃO – Resultados 2T19:
(Data de divulgação: 5/agosto/2019)
(Dados retirados do site de RI: http://ri.klabin.com.br/)
– Estratégia da empresa:
A Klabin informou que no 2T19 a empresa passou por um cenário bem desafiador tanto no cenário interno quanto no exterior. No Brasil, a atividade econômica tem mostrado ritmo de recuperação mais lento do que o esperado e no cenário internacional, os preços da celulose (fibra longa e fibra curta) ekraftliner apresentaram redução na comparação com trimestre anterior e com o mesmo período de 2018.
Nos mercados internacionais de papel e celulose, a redução dos preços está relacionada ainda aos altos níveis de estoques globais de celulose, além das incertezas econômica causadas pela guerra comercial (EUA x China). Já no setor de papéis para embalagens, a escassez mundial de fibras e a demanda crescente por soluções de embalagens de papéis por questões ambientais trazem boas perspectivas futuras.
Entretanto, mesmo neste cenário desafiador, a Klabin obteve aumento de volume e receita de vendas em basicamente todos os segmentos em que atua, devido principalmente pelo desempenho operacional de suas fábricas, da sua cadeia de produção verticalizada, flexibilidade de mercados e, também, contou com a ajuda da valorização do dólar em relação ao real.
– Composição Acionária:
– Destaques Operacionais e Financeiros:
– Volume de Vendas:
No 2T19, o volume total de vendas, excluindo madeira, atingiu 818 mil toneladas, o que representa um aumento de 15% em relação ao 2T18 e 4% em relação ao 1T19. Lembrando que o 2T18 foi negativamente impactado pela greve dos caminhoneiros, ocorrida em maio do ano passado. Como destaques do trimestre, a Klabin apresentou aumento de 26% nos segmentos de celulose e aumento de 19% nos segmentos de cartões, resultantes da consolidação operacional da Unidade Puma, bem como a versatilidade da Klabin em mercados como os de papéis e embalagens (mesmo com a retomada mais lenta do mercado doméstico, conseguiu compensar com aumento das vendas ao exterior, especialmente em papel cartão).
– Receita Líquida:
No 2T19, a Klabin totalizou uma receita líquida de R$ 2.600 milhões representando um aumento de 16% na comparação com o 2T18, influenciado pelo maior volume de vendas, pela flexibilidade em mercados e produtos e um câmbio médio mais alto do que o registrado no 2T18. No mercado de celulose, apresentou aumento de 27% na receita em relação ao 2T18, impactado pelo maior volume de vendas. Nos mercados de papéis e embalagens,houve aumento de 11% na receita em relação ao 2T18, devido flexibilidade de suas linhas de negócio com direcionamento de vendas para mercados com melhores retornos.
– Custo Caixa Celulose:
No 2T19, o custo caixa de produção no período foi de R$ 793/t, aumento de 7% em relação ao 2T18.O aumento do custo caixa foi influenciado principalmente pela menor contribuição da venda do excedente energético no período e pelo maior custo de fibras, decorrente de maior distância percorrida para suprimento de madeira. Esses efeitos foram parcialmente compensados por maior diluição de custos fixos, consequência do volume produzido no período, e redução do custo com produtos químicos.
– Custo dos Produtos Vendidos:
O custo dos produtos vendidos no 2T19 foi de R$ 1.342 milhões, que representa R$ 1.641 por tonelada vendida e um aumento de 11% em relação ao 2T18. Um dos principais impactos foi o maior gasto com compra de energia por conta da reforma do turbo gerador 7 na fábrica de Monte Alegre somado aos aumentos de preços do óleo diesel no período. Por outro lado, o menor volume de compras de papéis de terceiros para a produção de embalagem reduziu os custos de fibras no trimestre.
– Geração Operacional de Caixa (EBITDA):
O EBITDA Ajustado totalizou R$ 957 milhões, aumento de 8% em relação ao 2T18, com margem EBITDA ajustada de 37%, influenciado pelo aumento de volume de vendas e receita líquida que acabou compensando as pressões de custos. O EBITDA ajustado no primeiro semestre foi de R$ 1.962 milhões, crescimento de 19% na comparação com 1S18. A margem EBITDA ajustada no 1S19 foi de 39%, que representou um crescimento de 2 p.p ao comparada no 1S18.
– Lucro Líquido:
No 2T19, a Klabin apresentou um lucro líquido de R$ 72 milhões, revertendo um prejuízo obtido no 1T19 de -R$ 196 milhões. No 1S19, o prejuízo líquido totalizou -R$ 124 milhões, o que representou uma redução de -85% em relação ao 1S18, que totalizou -R$ 830 milhões.
– Endividamento:
O endividamento bruto em 30 de junho era de R$ 24.602 milhões, aumento de R$ 4.388 milhões em relação ao observado no final do 1T19, explicado principalmente por novas captações para alongamento da dívida e pelos investimentos necessários para o Projeto Puma 2. Da dívida total da Klabin, R$ 18.491 milhões, ou 75% (US$ 4.825 milhões) são denominados em dólar.
As operações de rolagem de dívidas fizeram o prazo médio de vencimento dos financiamentos saltar de 52 meses no 1T19 para 94 meses ao final 2T19. Apesar do alongamento da dívida, o custo médio dos financiamentos manteve-se basicamente inalterado em relação aos últimos trimestres, fechando o 2T19 em 7,6% a.a. no que se refere às dívidas em reais, e em variação cambial acrescida de 5,6% a.a. em relação às dívidas em moeda estrangeira.
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O caixa e as aplicações financeiras da empresa encerraram o trimestre em R$ 11.458 milhões, aumento de R$ 3.998 milhões em relação ao verificado ao final do 1T19. O endividamento líquido consolidado em 30 de junho de 2019 totalizou R$ 13.144 milhões, R$ 390 milhões acima do verificado em 31 de março de 2019, explicado majoritariamente pelo início dos desembolsos para o Projeto Puma 2, além de saída pontual de caixa pelo pré-pagamento do REFIS. A relação dívida líquida / Ebitda ajustado, se mantivesse inalterada em 3,0 x, mesmo nível verificado ao final do 1T19.
– Investimentos:
A Klabin investiu R$ 581 milhões ao longo do 2T19 sendo que R$ 92 milhões tiveram como destino as operações florestais, R$ 144 milhões foram destinados à continuidade operacional das fábricas, R$ 57 milhões foram aplicados em projetos especiais e expansões e R$ 288 milhões relacionado ao início dos desembolsos referentes ao Projeto de expansão Puma 2.
O projeto Puma 2 foi aprovado no dia 16 de abril e com aporte líquido previsto em R$ 8,1 bilhões, o novo ciclo de expansão compreende a construção de duas máquinas de papel para embalagens (kraftliner), com capacidade combinada de 920 mil toneladas anuais de papéis. Ao longo do 2T19, o projeto avançou de acordo com o cronograma, finalizando o segundo mês de trabalho, com 85% dos principais processos que compõem a nova linha de produção já contratados. Além disso, iniciou-se a construção civil das áreas para a Máquina de Papel, Linha de Fibras, Caldeira, entre outras, de acordo com o previamente planejado.
Conclusão sobre os resultados:
Eu resolvi escrever sobre Klabin, porque recentemente entrevistei a Louise Barsi, filha do bilionário Luís Barsi, do AGF (Ações Garantem o Futuro), e ela confidenciou na live(clique aqui) que Klabin era a empresa que ela acreditava com maior potencial para o futuro e que era a maior posição da carteira do pai dela.
Analisando a empresa, quais são as principais questões que estão contra a companhia e que afugentam atualmente alguns investidores?
- Alto endividamento, próximo a 3x dívida líquida/Ebitda e já iniciando um investimento de R$ 8,1 bilhões pelos próximos 4 anos no Projeto PUMA 2. Ou seja, mantendo o Ebitda constante, esse endividamento poderia voltar a um múltiplo superior a 4x.
- Redução da demanda e altos estoques, principalmente na Europa, estão fazendo o preço da celulose cair muito rápido.
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Vamos analisar cada um dos contras, sempre lembrando que um dos lemas principais do ValueInvesting é que devemos comprar ações no período que as expectativas não são boas e que o mercado não confia nelas. Dessa forma, temos muito mais chances de estar comprando ações baratas.
O primeiro ponto, com relação ao alto endividamento, posso dizer que faz parte da cultura da Companhia. Posso dizer que em 20 anos trabalhando no mercado financeiro, não me recordo de um único momento em que a Klabin não estivesse altamente alavancada. Além disso, o que garante a Receita é a demanda, e após o investimento ainda em PUMA 1, que alcançou a capacidade máxima de produção (rampup) em apenas 1 ano, a companhia entendeu que essa demanda existe.
Neste trimestre, por exemplo, foram 818 mil toneladas de produtos vendidos, excluindo madeira. 54% de papéis + embalagens, ou seja, 441 mil toneladas. Após a conclusão de Puma 2, parte em 2021 e término em 2023, a capacidade produtiva aumentará em 200 mil toneladas por trimestre.
O ponto negativo de se investir em Klabin durante o ciclo de investimentos é que a política dela de dividendos é Ebitda ajustado menos CAPEX (investimentos). Dessa forma, com o aumento de investimentos, principalmente nos dois próximos anos, que vão consumir 2/3 dos investimentos previstos em PUMA 2, a tendência é que os dividendos caiam um pouco.
A companhia pagou, nos 3 últimos anos, após a conclusão da Unidade de Puma 1, em torno de R$ 500 milhões por ano em proventos, ou cerca de R$ 0,55 por Unit por ano, ou R$ 0,11 por ação PN e ON. Nos anos anteriores em que estava investindo em PUMA 1, os dividendos tinham uma média de R$ 350 milhões.
O Yield projetado de 2019 é de cerca de 4,5% ao ano e não tem perspectiva de crescer nos próximos 2 anos.
O outro ponto negativo, que trata da queda do preço da celulose e de um maior estoque dessa mesma celulose no mundo, é que a Klabin será impactada, mas menos que a Suzano. Como vimos anteriormente, apenas 37% da Receita Líquida de Klabin é celulose, e a tendência é que diminua ainda mais. Após o projeto de Puma 2, esta Receita deve cair para 25%. Outro ponto importante é que, diferente de Suzano, que exporta quase 90% de sua produção, a Klabin tem 57% de suas Receitas vindo do mercado interno. Desta forma, ela sofre menos com uma crise de demanda externa.
No entanto, a Klabin possui alguns pontos interessantes também. O primeiro deles é que o Ebitda da companhia vem crescendo há 30 trimestres consecutivos, e mesmo nos períodos de investimentos e de alta alavancagem, como nos anos de 2014 e 2015, ou nos períodos de recessão da economia, como de 2015 a 2017, suas vendas cresceram, assim como a geração de Caixa Operacional. Veja a imagem abaixo
Outra questão interessante a se considerar é que atualmente, mesmo com aumento de Ebitda, as ações de Klabin estão sendo negociadas a um valor abaixo que o de 2015, contrariando todo o Bull Market atual (Mercado de Alta Recente, de 2016 a 2019). Veja a imagem abaixo, retirada do GuiainvestPro.
Ao mesmo tempo em que tivemos uma redução do preço da ação, a companhia aumentou o pagamento de dividendos, o que gerou um aumento no DividendYield. Na verdade, este Yield está próximo das máximas que a empresa atingiu nos últimos 10 anos!
Na minha visão, a Klabin ainda vai demorar a dar resultados melhores, que farão a ação sair da inércia. No entanto, para o investidor focado em gerar Renda, isso pode ser bastante atrativo e interessante para o longo prazo. É a oportunidade do investidor pessoa física comprar ações aos poucos e conseguir uma renda que pode ser inclusive maior que a SELIC atual.
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Abraços e Bons Investimentos!
Daniel Nigri (analista CNPI)
Com a ajuda de Leo Bittencourt
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