PETROBRAS: Resultados 2T19 – Dica de Hoje – Daniel Nigri

PETROBRAS(códigos Bovespa: PETR3, PETR4)

 

RESUMÃO – Resultados 2T19:

(Data de divulgação: 1/agosto/2019)

(Dados retirados do site de RI)

 

 

– Estratégia da Empresa:

O plano Estratégico (PE 2040) e de Negócios e Gestão (PNG 2019-2023) da Petrobras possui foco na exploração e produção de óleo e gás natural, notadamente no pré-sal brasileiro. No médio prazo a comercialização e utilização do gás natural como fonte de geração de energia ganhará mais relevância nas operações da empresa, seguindo a tendência desse combustível na transição energética. No longo prazo, estudarão oportunidades em energias renováveis, que tenham sinergias com suas atividades e vantagens competitivas. A tecnologia digital permeará suas atividades ao longo desse horizonte (PE 2040) com o objetivo de redução de custos e aumento de produtividade.

 

Os desinvestimentos da Petrobras somaram US$ 15 bilhões até o final de julho, com destaque para as transações da TAG, da BR Distribuidora e de campos maduros de petróleo. A Petrobras se comprometeu a vender 8 refinarias, o que representa metade de sua capacidade de refino. O primeiro pacote de 4 refinarias (RNEST, RLAM, REPAR e REFAP) já avançou para a fase de recebimento de propostas não-vinculantes e os teasers para o segundo pacote (REMAN, LUBNOR, REGAP e SIX) serão lançados no próximo mês. Somado a isso, a empresa segue firmemente comprometida em sair completamente dos negócios de transporte e distribuição de gás natural e em reduzir a sua participação nas compras para menos de 50%, concentrando-a consequentemente na exploração e produção.

 

– Composição Acionária:

 

capital social

 

– Destaques Operacionais e Financeiros:

 

– Receita de Vendas:

No 2T19, a receita de vendas totalizou R$ 72,6 bilhões, 2,4% acima do 1T19. Esse aumento é explicado principalmente: pela elevação das cotações internacionais do petróleo (Brent) e da valorização do dólar, que na média ficaram 9,0% e 4,0% acima do trimestre anterior, respectivamente, resultando em maiores preços de venda de diesel e gasolina (R$ 3,3 bilhões); pela melhora no crack spread da gasolina e dos preços de nafta; pelo maior volume de vendas de diesel e GLP no Brasil, em função da sazonalidade do mercado (R$ 1,6 bilhão) e pelo aumento da receita com exportações como reflexo dos maiores preços das commodities (R$ 0,9 bilhão). Estes resultados foram parcialmente compensados pela redução das vendas das unidades internacionais (R$ 2,3 bilhões), em consequência da venda da refinaria de Pasadena e de empresas de distribuição no Paraguai, e pela redução na receita de vendas com energia elétrica (R$ 1,2 bilhão), refletindo a diminuição dos preços em função da melhora das condições hidrológicas.

 

cambio-medio-petrobras

 

– EBITDA Ajustado:

No 2T19, o EBITDA ajustado consolidado atingiu R$ 32,7 bilhões, 19% acima dos R$ 27,5 bilhões no 1T19, em função do aumento do preço do barril de petróleo Brent e da valorização do dólar frente ao real, que resultaram em maiores preços de derivados, da realização de estoques formados a custos menores no período anterior, do maior volume de vendas de diesel e das melhores margens de gasolina, nafta e gás natural.

 

ebitda-ajustado 

– Lucro Líquido:

O Lucro Líquido da Petrobras no 2T19 totalizou R$ 18,9 bilhões, cerca de 4,7 vezes o resultado do 1T19 – como resultado do ganho da venda da TAG, parcialmente compensadas pelas maiores variações cambiais negativas e aumento das despesas com imposto de renda e contribuição social em razão do maior resultado antes de impostos e da baixa de ativos fiscais diferidos sobre parcela de provisões judiciais.

 

No entanto, o Lucro Líquido Recorrente (excluindo o impacto dos itens não recorrentes) foi de R$ 5,2 bilhões, aumento de 15,9% em comparação com 1T19 (R$ 4,8 bilhões) e redução de -46,7% em comparação com 2T18 (R$ 10,5 bilhões). No lucro líquido os itens não recorrentes totalizaram R$ 20,8 bilhões antes dos impostos, com destaque para: ganhos com vendas de ativos (R$ 21,2 bilhões), perdas com contingências judiciais (R$ 680 milhões) e o Programa de Desligamento Voluntário – PDV (R$ 336 milhões).

 

lucro-líquido-petrobras-2t19

 

 

– Fluxo de Caixa Livre:

No 2T19, o fluxo de caixa livre foi positivo pelo décimo-sétimo trimestre consecutivo, totalizando R$ 11,3 bilhões. Este resultado foi obtido através da melhora da geração operacional, pelos mesmos motivos que impactaram positivamente o EBITDA e pela redução dos investimentos em relação ao 1T19. Este valor representou um aumento de 3,3% em comparação com 1T19 e uma redução de -27,3% em relação ao 2T18.

 

– Investimentos:

No 2T19, os investimentos totalizaram US$ 2,6 bilhões, sendo que 76% correspondem a investimentos de capital e 24% a investimentos correntes.No segmento de “Exploração e Produção”, os investimentos totalizaram US$ 2,1 bilhões no 2T19, 6,9% acima do 1T19, e concentraram-se principalmente: no desenvolvimento da produção de novos campos de petróleo no pólo pré-sal da Bacia de Santos; na manutenção da produção nos campos maduros e na melhoria da eficiência operacional das novas plataformas.

 

A Petrobras revisou a sua meta de CAPEX de 2019 que era de US$ 16 bilhões para um intervalo entre US$ 10 e 11 bilhões. A nova projeção reflete as postergações de projetos, otimizações, câmbio e a premissa de não mais considerar nos seus investimentos o pagamento das equalizações referentes à unitização de campos.

 

– Remuneração aos acionistas:

Com a expectativa da melhora do lucro líquido para o exercício de 2019, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a antecipação de distribuição de remuneração aos acionistas sob a forma de juros sobre o capital próprio (JCP) no valor de R$ 2,6 bilhões, equivalente a R$ 0,20 por ação ordinária e preferencial por circulação, superando os R$ 0,10 por ação do trimestre anterior.

 

remuneração

 

– Produção de petróleo, LGN e gás natural:

A produção de óleo, LGN e gás natural no 2T19 foi de 2,63 milhões boed, o que representou um aumento de 3,8% em comparação com 1T19 e uma redução de -1% em comparação com 2T18. Na comparação entre os semestres, a produção de óleo equivalente diminuiu de 2,67 para 2,58 milhões boed devido ao efeito das vendas de ativos produtores, que totalizou 82 Mboed e ao declínio de produção de 9,6% nos últimos 12 meses (255 Mboed), compensado pelo aumento de 13% na produção do pré-sal como resultado do crescimento da produção das plataformas recém-instaladas.

 

A empresa decidiu revisar seu guidance de produção de 2019 para 2,7 milhões de barris de óleo equivalente por dia (sendo 2,1 milhões de barris por dia a produção de óleo), com variação de +/- 2,5%.

 

produção-de-oleo-e-gas-brasil

 

– Custo médio de extração (lifting cost):

No 2T19, o custo médio de extração (lifting cost) no Brasil (“Total E&P”) ficou em US$10,4 por barril, igual em relação ao 1T19. O lifting cost sem participação governamental no pré-sal se mantém no patamar de US$ 6 por boe de forma consistente ao longo dos trimestres, ao compararmos com 1T19 tivemos uma redução de -11,7%, devido ao ramp up de produção das plataformas do campo de Búzios que contribuíram para a redução do indicador.

 

No pós-sal, ocorreu um aumento no lifting cost devido a maior duração nas intervenções em poços e redução da produção com a parada de plataformas (P-33 e P-37), além do declínio dos campos. Em águas rasas, o aumento no lifting cost é justificado pela parada de produção das plataformas P-9 e PNA-1. Em terra, apresentaram uma redução do lifting cost, devido à redução de gastos com equipamentos de transporte de carga, além da antecipação para o 1T19 de intervenções em poços terrestres.

 

custo-de-extração-brasil

 

– Endividamento:

Em 30 de junho de 2019,a dívida bruta da Petrobras recuou 4,7% atingindo US$ 101 bilhões, com prazo médio de 10,25 anos e custo médio de 6,0% ao ano.

 

A dívida liquida caiu de US$ 96 bilhões no 1T19 para US$ 84 bilhões no 2T19, principalmente devido ao aumento da posição de caixa que atingiu US$ 17 bilhões, refletindo a sólida geração de caixa e a entrada dos recursos provenientes da venda da TAG.

 

O índice dívida líquida/LTM EBITDA ajustado foi de 2,69x considerando os efeitos do IFRS 16, uma redução significativa em relação ao índice de 3,19x registrados em 31 de março de 2019.

 

A desalavancagem é prioridade para a Petrobras, cuja meta é reduzir o índice dívida líquida/ EBITDA ajustado para 1,5 x em 2020, considerando os efeitos do IFRS 16.

 

dívida-liquida

 

tabela-demosntração-resultado-petrobras-2t19

 

Conclusão sobre os resultados:

Antes de começar, gostaria de mostrar uma imagem do que eu escrevi no relatório para assinantes no dia 13/07/2019, com relação a minha expectativa sobre os balanços de Petrobras. Veja a imagem abaixo:

 

petrobras-nota

 

Vejam que o resultado com um aumento substancial sobre o lucro líquido já era previsível, assim como o aumento dos dividendos que, como foi apresentado no resumo, quadruplicou frente ao anunciado no 2T2018. Foi anunciado R$ 0,05 no 2T2018; R$ 0,10 no 1T2019 e agora R$ 0,20 no 2T2019.

 

Lembro, ainda, que em Novembro de 2019 haverá o leilão dos campos de Petróleo por parte do Governo Federal e a Petrobras tem cerca de R$ 9 bilhões a receber de cessão onerosa por esses campos. O próprio Bittencourt, que é nosso especialista em óleo e gás, já escreveu sobre isso aqui no nosso site(clique aqui).

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Pensando na produção, vimos que o Guidance da companhia é de produzir 2,7 milhões de barris por dia em média este ano e também vimos que a média do primeiro semestre foi de 2,58 milhões de barris por dia. Assim, a companhia mostra ao mercado que tem planos de aumentar a produção no segundo semestre de 2019.

 

Olhando mais para frente ainda e nos próximos 5 anos, a Petrobras tem uma capacidade de rampup dos poços já existentes no pré-sal de aumentar a capacidade de produção em mais de 500 mil barris diários. A minha estimativa é que em 2024 a Petrobras esteja produzindo 3,2 a 3,3 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed)

 

Mas Daniel, então por que a Petrobras registrou um lucro líquido de R$ 18 bilhões, inclusive maior que o do 1T2019, se retirarmos os não recorrentes, e as ações caíram tanto?

 

A Petrobras vende Petróleo. E o Petróleo é uma commodity, ou seja, não é a Petrobras que define o seu preço de venda. Quem define é o mercado internacional. Veja, na imagem abaixo, o que aconteceu com o preço do petróleo tipo Brent.

 

overview-petrobras

 

Veja acima que, no dia 01/08/2019, quando a Petrobras divulgou seus resultados, as ações subiram 4% e o Petróleo do tipo Brent era negociado a US$ 64. Hoje, uma semana depois, está sendo negociado a US$ 56. Este é o mesmo motivo pelo qual a PetroRio (PRIO3) e a Enauta (ENAT3) estão sendo impactadas também.

Com muitos desinvestimentos, uma estratégia de aumentar a produção futura, minha expectativa é que Petrobras vire uma das ações que mais paguem dividendos na Bolsa a partir de 2021.

No entanto, temos três problemas que podem “azedar” essa expectativa:

  • Ela depende do preço do barril do petróleo. Vendendo metade dos ativos de refino, dependerá cada vez mais de um preço de petróleo acima de US$ 50. Mesmo o lifting cost do pré-sal sendo muito baixo, a empresa não se torna competitiva, porque a participação governamental nos resultados da companhia é muito muito grande. (Repeti o muito de propósito. Tal do Custo Brasil).
  • Ela depende de um dólar alto. Quanto maior o preço do dólar, mais receita a companhia tem, e como o custo é em reais, acaba se beneficiando. Esta é uma verdade desde 2017, quando a Petrobras passou a adotar o preço do mercado internacional para precificar os combustíveis.
  • Eleições de 2022. Caso a gasolina esteja cara, pode haver alguma intervenção do Governo, sócio controlador e majoritário da companhia, para melhorar a popularidade.

 

Muitos vão me perguntar sobre os carros elétricos no futuro.

 

Esta também é uma questão importante e que vai afetar o consumo do Petróleo no mundo, assim como o preço do Barril. No entanto, no Brasil, eu imagino que haverá uma “demora proposital” para adoção destes carros. Ou ainda um aumento de alíquota de impostos, visto que o Governo Federal é o principal acionista da Petrobras e ele não quer perder os dividendos que ela gera todos os anos para os cofres públicos.

Cabe ainda ressaltar que, em um prazo mais longo, a Petrobras terá uma produção muito grande de gás, que será transformada em energia elétrica. As usinas termelétricas novas,movidas a gás natural produzido pela Petrobras, farão ela migrar de uma empresa de Petróleo para uma empresa de energia e gás gradativamente entre os anos de 2025 a 2040.

Não precisa me mandar e-mail com medo, ou perguntando se vale a pena comprar ou vender, pois esta mudança de estratégia está prevista apenas para o longuíssimo prazo. Atualmente, o foco é a exploração e a Produção de Petróleo no Pré-sal.

Quero ressaltar que acredito que no próximo ano a Petrobras ainda irá distribuir um dividendo muito grande. Em 2018, ela registrou um lucro líquido pouco maior que R$ 25 bilhões e anunciou R$ 0,70 por ação em 21/12/2018.

Com a venda de ações da BR Distribuidora, a cessão onerosa, essa venda da TAG e outros desinvestimentos que venham a surgir, eu não me surpreenderia se ela pagasse entre R$ 1,20 e R$ 1,50 em dividendos no final do ano, além dos trimestrais. Isso daria uma distribuição entre R$ 15,5 e R$ 20 bilhões.

Por um lado, seria bom para os acionistas, que receberiam a sua parte em todo esse processo de desinvestimentos, e por outro lado seria uma forma de “devolver” ao Governo parte do valor pago pela cessão onerosa, pagamento que deve ocorrer após o leilão do pré-sal do dia 06/11/2019.

O governo espera arrecadar mais de R$ 100 bilhões neste leilão para fechar as contas com um déficit pequeno ou até com um superávit primário (cenário quase impossível).

Por sinal, para saber o preço justo, e ter ideia se vale a pena comprar ou vender, você assinante, clique aqui e vá na Parte Resultados de Empresas – 2T2019, e saiba o preço justo da companhia. Você que ainda não é, abaixo temos mais informações, como você pode se tornar um novo Membro Gold.

 

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Abraços e Bons Investimentos!

 

            Daniel Nigri (analista CNPI)

            Com a ajuda de Leo Bittencourt

 

 

 

 

 

 

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