Pesquisar

Tu não está sozinho! Acredite!

É ótimo entender de política, falar sobre política, mas de nada adianta toda essa discussão se você não souber como isso de fato afeta o negócio/ativo em que está investindo. Como, por exemplo, a alta da inflação afeta o negócio? Isso é positivo ou negativo? Ou, como a empresa está financiando seus projetos e qual o custo desse financiamento?

“Uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir.”

Winston Churchill

Pois bem, tu não estás sozinho!

Mesmo profissionais da área de projetos precisam de um estudo minucioso e muitos indicadores reunidos para concluir alguma coisa. Então, cuidado com o vídeo que conclui em 10 minutos o que é bom ou ruim em um negócio.

Veja que alguns setores, em entrevistas a jornais de economia e negócios, já falaram sobre até qual % a selic não seria um grande problema para os projetos atuais e novos investimentos (caso da construção civil, por exemplo). Contextualizando: quando uma empresa decide avaliar um novo projeto, o que ela faz?

Em primeiro lugar, vai entender se existe uma taxa mínima de atratividade no negócio em questão, e aqui entra também o custo de capital, afinal, o retorno de um projeto é uma projeção calculada como custo de oportunidade; no caso do investidor, é o número de desejo da taxa de atratividade, que é a representação percentual deste mesmo retorno mínimo desejado para a aplicação do recurso.

Complicou? Espera aí!

Antes de irmos ao tão solicitado “resumo das nomenclaturas”, vamos esclarecer o seguinte:

O custo de capital é a remuneração mínima exigida por quem “empresta”, que é a taxa mínima de atratividade de qualquer projeto de investimento.

O custo de terceiros: obviamente aqui o melhor é o menor custo possível. São os passivos onerosos do BP. E sim, isso gera benefício fiscal de IR, pois reduz o custo final. Então, quanto mais dívida, maior o valor de passivo oneroso e maior o risco de não conseguir pagar ou ter assimetria de fluxos, o que em empresas com pouca geração de caixa é perigosíssimo, e aqui entram as notas para as dívidas de acordo com o risco, dadas pelas agências. Logo, quanto maior o $ das dívidas, maior será o passivo oneroso (custos), e obviamente que quanto mais cara essa dívida, maior o custo de terceiros, o que afeta o ROIC.

E o custo de capital próprio?

Aqui entram os acionistas, o retorno que tu exige como credor, lembrando que o risco do acionista é maior que o do credor (terceiros), visto que o retorno está ligado ao resultado da companhia; já o do credor é fixo pelo tempo da dívida. Logo, ele deve ser maior que o de terceiros, e é aqui que entra a precificaçao, ou o nome mais bonito e moderno: modelagem.

  • taxa de retorno de ativos livres de risco
  • beta: coeficiente que mede a relação do risco do ativo com o risco do mercado
  • A taxa livre de risco

Usem o exemplo de empresas que cresceram receita devido à muitas aquisições, possível graças à capacidade de capital, abrindo novos mercados, que ao longo do tempo apresentaram crescimento de consumo; logo, é natural que exista evolução da receita, as emmpresas que não param no tempo, e voltamos aqui ao assunto já discutido no podcast e também no site, sobre as dívidas e o fato de que nem todas as alavancagens são ruins. É preciso identificar de onde vem, para onde vai o dinheiro, qual o custo disso e os retornos previstos, além, é claro, de identificar se a empresa consegue “dar conta” dos fluxos de saída com geração de caixa do processo já existente.

E o lucro só cresce se as margens forem saudáveis.

Lembre-se que é natural existir variação em alguns trimestres, principalmente em negócios que têm impacto de preço de matéria-prima em dólar, variação cambial pelo elevado percentual de receita na moeda, além da dívida, e vimos isso em muitas empresas no ano de 2020 e continuaremos vendo nesse ano de 2021.

Então, fazer o quê? Consultar a bola de cristal? Afirmar com certeza? Fazer um bolão com os amigos?

Não, nós precisamos analisar: crescimento da receita, melhora das margens operacionais, ganhos de escala, mix de produtos mais favorável e eficiência na alocação de capital.

Considerando esse retorno mínimo, vamos então às solicitadas nomenclaturas, que podemos usar como ferramenta para cálculo:

  • VPL (Valor Presente Líquido) – Trazer os valores futuros para a data inicial do projeto. Se o valor resultante for maior que zero, significa que haverá um retorno financeiro positivo. Aqui somamos todas as projeções de entrada no caixa descontadas pela TMA (Taxa Mínima de Atratividade) e comparamos com o valor das entradas descontadas também pela TMA. Já se for negativo, o projeto é inviável, pois os valores de entrada, descontada a TMA, são menores que as saídas, descontada a TMA.
  • Projetos com VPL negativo podem ser aprovados em situações onde os critérios envolvam mais do que apenas o retorno individual.
  • Quando a empresa busca decidir por um investimento, usa também o índice de lucratividade, VPL/Investimento Inicial, e quanto maior a relação, maior a taxa de retorno.

Taxa Interna de Retorno (TIR)

Taxa efetiva de rentabilidade do projeto. Ela iguala o valor atual na data inicial, todas as entradas e saídas no fluxo de caixa, até mesmo o investimento inicial efetuado. Com a TMA e a TIR podemos ter uma clareza maior no aspecto financeiro do investimento.

Então, quando a TIR de um projeto exceder a TMA, é viável.

Se ficar abaixo da TMA, não é viável.

Se igualar TMA, a decisão é da gestão.

Um dos principais cuidados com essa ferramenta diz respeito ao fato de que os reinvestimentos podem causar discrepâncias na taxa, fazendo um projeto ruim ter uma “aparência” boa, criando assim uma expectativa irreal para o retorno do projeto, o que é altamente prejudicial ao investidor.

Quando o projeto exige cálculos efetivos de reinvestimento, o ideal é usar a TIRM, taxa interna de retorno modificada, onde as taxas usadas nas projeções levam em consideração os ajustes necessários aos valores de investimento, tornando assim a taxa mais realista.

 

Payback Descontado

O payback é o tempo de retorno de um projeto, do investimento inicial até quando os retornos acumulados se tornam iguais ao valor inicial. É uma ferramenta que possibilita estimar quanto tempo precisamos até recuperar o que foi aplicado inicialmente.

Podemos também definir como a quantificação do tempo em que um investimento é “coberto” pelo fluxo de entrada e de saídas do caixa, nesse caso, descontado pela TMA. Assim não temos problemas em relação ao valor do dinheiro ao longo do tempo ou com os fluxos posteriores ao período de payback simples.

Retorno sobre Investimento

O ROI é um índice de rentabilidade, uma métrica que nos ajuda a saber se a empresa perdeu ou ganhou com os investimentos aplicados em um projeto. Usamos o ganho obtido, subtraímos a quantia gasta com investimento e dividimos pelo investimento total. Este índice é importante, pois permite que a gestão avalie quais os projetos realmente podem contribuir com os resultados, tornando possível verificar se o investimento naquele projeto é viável ou deve ser modificado para melhorar o retorno.

Alguns pontos importantes:

  • Reestruturações não ocorrem da noite para o dia, no caso de projetos que não deram certo
  • Turnaround não ocorre sem investimentos (capital)
  • Quanto maior a origem de recursos de terceiros, maior será o passivo oneroso
  • Caso esse passivo oneroso seja em dólar, existe a variação cambial que reflete na DRE, mas não necessariamente no caixa
  • Prejuízos ocorrendo com aumento de receita precisam ser investigados com cautela, sem torcida, com base em fatos

E o mais importante: o fato de uma empresa com dívida alta e sem conseguir gerar mais caixa, mas conseguindo rolar dívida, NÃO SIGNIFICA QUE ISSO É TURNAROUND. Não é simples assim. Muitas vezes (maioria) é só mais um projeto que não deu certo (mas era tão LINDO no papel), uma empresa sem equilíbrio financeiro, com pouca estratégia (além de rolar dívida), talvez demanda em queda, concorrência ou, quem sabe ,um cenário macro deteriorado.

Fuja da estratégia contrair mais dívida para pagar a dívida, a não ser que seja uma troca com redução de custos.

Concluindo

Um projeto lucrativo não é resultado de perspectivas irreais. Quando isso ocorre, deixa o investidor acreditar em algo que tem poucas chances de se tornar realidade, faz a cotação do ativo ficar sujeita a variações que não tem fundamento com a realidade do negócio, e isso acontece principalmente quando a empresa comunica projetos com TIR muito elevada, fora da realidade do mercado. Por mais disruptivo que isso possa parecer, cuidado.

Então, quando a empresa comunica um investimento, é preciso analisar as variáveis de retorno para decidir se é ou não um bom investimento. Afinal, quem já trabalhou com projetos sabe que é preciso muito cuidado com os eventos cotidianos, aqueles repetitivos. Eles podem alterar a percepção da realidade da situação, e essa distorção pode ser perigosa, afinal, manipulando os fatos, ignoramos as informações reais.

Até a próxima semana.

Quer ter acesso as nossas  carteiras? FIIs, Ações e outras áreas do site? 

Pesquisar

ASSINATURAS

CURSOS

INSTITUCIONAL

LEGAL