Um Eterno Arrependido
Muitas vezes eu me pego pensando: sobre o que vou escrever no artigo de hoje? É engraçado como a gente tem um caminhão de conhecimento na cabeça, mas na hora de parar, concentrar e escrever, não somos diferentes de uma criança que acabou de nascer.
Talvez, o problema seja a pressão e cobrança que coloco em mim mesmo. Quero escrever um artigo que seja, ao mesmo tempo, atual, mas atemporal, relevante para iniciantes, mas também para os mais experimentados.
Refletindo sobre essas características, hoje, cheguei a um assunto que me parece satisfazer a todos esses pré-requisitos, ou quase pelo menos. O novo coronavírus, apesar de ser um assunto bastante atual, tem também certa atemporalidade, já que ele nos dá um pequeno vislumbre de como o mercado se comporta em um momento de crise.
Não vou negar que, neste artigo, o foco será nos iniciantes, mas acredito que também vá atingir os mais experimentados, porque em momentos como esse, a maioria de nós tem certo receio de não estar tomando decisões corretas no que diz respeito aos investimentos.
Acredito que, durante as últimas semanas, algumas dúvidas tenham pairado sobre a cabeça de muitas pessoas. Existe um momento certo para começar a investir? Qual é a melhor idade para isso? Ou qual é o melhor momento da economia para crescer a poupança?
Vamos lá!
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Mesmo que você nunca tenha investido na vida, se você tem acompanhado minimamente o mercado e as notícias nos últimos anos e, especialmente, os últimos meses, sabe que estamos vivendo uma fase de Bull Market, ou seja, mercado de ações em alta.
Poderíamos passar vários parágrafos discorrendo sobre a motivação disso, mas resumidamente, o governo atual e anterior conseguiram aprovar algumas reformas importantes para a saúde financeira do país, o que trouxe maior confiança nos mercados, queda da inflação, redução da taxa básica de juros, estímulo à produção e ao investimento (das empresas), e aumento do consumo.
Ainda não temos a economia como gostaríamos, mas estamos caminhando para isso.
Em quatro anos, experimentamos o principal índice de ações brasileiro, o IBOVESPA, sair da casa dos 36 mil pontos, para quase 118 mil pontos, um crescimento de mais de três vezes. Enquanto isso, a taxa Selic caiu de 14,25% ao ano para 4,25% ao ano, 70% menos.
Sabendo o que eu sei hoje e tendo vivido essa história, é engraçado como era evidente que aquele momento era o fundo do poço da economia brasileira. No entanto, enquanto eu estava vivendo aquilo, parecia que a situação só piorava. Eu não via nenhuma possibilidade de sairmos daquela lama. Nenhuma luz no fim do túnel. De fato, até vir o impeachment da Dilma, não existia nada que nos desse a mínima sensação de que tudo ia ficar bem.
Naquele tempo, a Renda Fixa era pujante. Com a Selic a 14,25% ao ano, era muito simples ganhar dinheiro sem nenhum esforço. O Tesouro Selic garantia rendimento de mais de 1% ao mês. Alguns títulos mais longos de Renda Fixa privada como CDBs, LCs e RDBs, garantiam 20% ao ano, ou cerca de 1,5% ao mês durante cinco anos. O Tesouro IPCA+ 2035 chegou a pagar quase IPCA+8% ao ano.
Na mesma época, ações da Petrobras, PETR3, chegaram na casa dos R$ 5 por ação. Sendo que um dia, já valeram mais de R$ 40.
Sabe as notícias que, hoje, você lê falando de morte da Renda Fixa? Naquele momento a morte era da Renda Variável. Os jornais argumentavam sobre o péssimo momento da Bolsa, sobre seus riscos, sobre o clima geral de medo.
Não vou negar: eu tive medo. Juntando as ações em queda livre aos rendimentos extraordinários da Renda Fixa, não tinha motivo para me arriscar em Renda Variável.
Contudo, o ponto aqui é: um bom investidor sabe navegar nos dois mares a qualquer momento, aproveitando todas as oportunidades. Ganhei um bom dinheiro na Renda Fixa nesse período, mas é inegável que poderia ter ganhado até mais se tivesse aproveitado as promoções da Bolsa. De lá para cá, Petrobras passou de R$ 5 para R$ 30, seis vezes mais em quatro anos. E esse é só um exemplo. Algumas ações subiram bem mais, outras bem menos.
Do mesmo modo, hoje a Renda Fixa “morreu”, mas quem não a tem em carteira, pode estar chorando as mágoas de ver seu patrimônio inteiro caindo 20% em poucos dias devido à total exposição em Renda Variável. Pior ainda, tendo consciência de que essa queda é temporária e não tendo dinheiro em reserva para comprar ações com desconto.
Voltando aos iniciantes, o número de investidores em Bolsa aumentou muito no último ano. Isso, com toda certeza, tem uma altíssima correlação com a fase de Bull Market que vivemos. No entanto, sinto que os iniciantes devem estar muito preocupados com a queda. Eu mesmo já li mensagens do tipo “é só eu comprar uma ação para ela cair” em alguns grupos de investidores.
Se você nunca investiu ou começou a investir há pouco tempo, imagino que você tenha esse mesmo sentimento. Justo quando você entrou, ou ia entrar na festa, ela acabou. Por isso, quero aqui te deixar muito tranquilo em relação a isso. No longo prazo, uma Bolsa saudável é uma festa sem fim. Veja no gráfico abaixo que mostra o Índice Bovespa de 1994 até hoje. Saímos de um patamar de 1.250 pontos para quase 120.000, quase 100 vezes mais em cerca de 26 anos. Cada mil reais investidos, se transformariam em cem mil.
É claro que algumas barrinhas vermelhas aconteceram pelo caminho, mas isso é normal e até saudável para manutenção do crescimento de longo prazo. Mais ainda, é uma oportunidade de comprar mais e mais barato para ganhar ainda mais quando voltar a crescer.
Por isso, volto às perguntas que eu mesmo fiz no início do artigo. Sempre é um bom momento para começar a investir e aumentar o patrimônio. Entretanto, nunca será o melhor momento, simplesmente porque não temos como saber quando será o fundo do poço enquanto a crise está acontecendo.
Sendo assim, comece já. Pode ser que você comece a investir hoje, e amanhã seu patrimônio diminua? Pode. Você sentirá que deveria ter esperado para começar a investir amanhã? Sentirá. Mas, tinha como saber que ia cair? Não. Assim como você pode investir e o mercado voltar a subir no dia seguinte. Você ficará agradecido de ter já começado, mas sentirá que deveria ter investido mais.
O investidor é um eterno arrependido.
O investidor é um eterno arrependido. Quando cai, se arrepende por ter investido. Quando sobe, se arrepende de não ter investido mais. Apesar disso, no longo prazo, não investir é o maior risco que você pode correr. O risco de não se preparar para o futuro. O risco de ver seu poder de compra cada vez menor. O risco de depender de amigos, familiares e governo para sobreviver.
Escolha investir. Escolha começar o quanto antes. Independente do momento e das circunstâncias, porque elas, ironicamente, são momentâneas e circunstanciais.
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