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Coronavírus e os riscos de um negócio

Na semana passada falei sobre um tema muito relevante no processo de análise de uma empresa, principalmente em tempos de pandemia.

O texto foi sobre a importância da gestão em tempos de crise. Clique aqui se você não leu.

Hoje vou falar sobre outro tópico bem importante, em qualquer tempo: os riscos presentes em uma empresa.

Quando analiso uma empresa, a parte que demanda mais tempo e análise é sobre os riscos do negócio. Cada setor, cada empresa, cada região tem suas particularidades, e identificar os possíveis riscos leva a uma maior segurança na hora de investir.

Mas para começar, o que é risco?

Os riscos são eventos incertos, que podem acontecer ou não, podendo impactar a empresa de forma negativa ou até mesmo de forma positiva.

As empresas estão continuamente expostas a diversos tipos de riscos e suas administrações trabalham para gerenciar essas incertezas.

Portanto, nós, como investidores, temos que conhecer suficientemente bem tanto nós mesmos, pra sabermos até que ponto de risco nós suportamos, quanto a empresa, pra sabermos onde estamos “pisando”.

Existem várias nomenclaturas específicas para os riscos: riscos sistemáticos, não sistemáticos, risco estratégico, risco operacional, risco financeiro, entre outros.

Mas mais importante do que saber as nomenclaturas, é saber como funciona na prática.

Um evento como o coronavírus, por exemplo, é algo que não é possível prever. É algo esporádico, como uma guerra, sabemos que pode acontecer, mas ninguém espera que aconteça.

Mas mesmo assim, podemos nos prevenir. Através de opções, títulos públicos, caixa, ouro e várias outras maneiras. Depende do gosto do investidor e, de novo, do apetite ao risco.

Empresas com caixa, dívidas baixas e uma maior previsibilidade nos resultados também são uma forma de proteção. Elas, em um momento de queda, caem menos que o índice (Ibovespa) e em um momento de alta, sobem também menos que o índice.

As empresas boas pagadoras de dividendos são um exemplo disso. Elas não vão te dar retornos imensos, mas vão garantir bons retornos, com dividendos recorrentes e baixo risco. Mesmo assim, no longo prazo, vemos que o IDIV – índice de dividendos, tem uma rentabilidade muito interessante, inclusive maior que a do Ibovespa.

Fonte B3 – IDIV

Além de todo esse cenário do coronavírus que estamos vivendo, as empresas sofrem com outros riscos, que podem derivar ou não da pandemia, como por exemplo: mudanças nas leis, risco de calote, falta de liquidez, mudança nas taxas de juros, entre dezenas de outros riscos.

Para demonstrar um exemplo prático de riscos presentes em uma companhia, essa semana estou analisando a Centauro, varejista de produtos esportivos.

Ela possui 210 lojas, a grande maioria em shoppings espalhados pelo Brasil. Além disso, essas lojas representam 83% da receita da empresa.

Portanto, com a pandemia e as lojas fechadas, ela sofrerá um impacto bem grande, pois essas lojas possuem custos fixos, e esses custos não estão em isolamento.

Ademais, ela possui concorrentes como a Netshoes, que foi adquirida pela Magazine Luiza e pode melhorar seus resultados, porque funciona no mercado digital, o e-commerce. Possui ainda incentivos tributários de alguns estados, o que aumentam sua receita. Está também em uma atividade cíclica que sofrerá mais do que outros setores.

Pode ser também que, mesmo possuindo dívidas baixas, ela tenha que tomar empréstimos para suprir necessidades de capital de giro, aumentando assim suas dívidas. Falando nisso, todas as empresas que tenho comentado ultimamente, reportam que está cada vez mais caro obter recursos. Lei da oferta e da demanda: quanto mais demanda por recursos, mais caros eles ficam.

Repare que a Empresa já possuía alguns riscos, mas o coronavírus desencadeou alguns outros.

(Esses são alguns dos riscos presentes na Centauro, mas há inúmeros outros pontos de análise. Ainda nessa semana a análise estará completa aqui no Dica de Hoje).

Todas as empresas possuem risco. Deixar o dinheiro parado também possui.

A inflação corrói esse dinheiro.

Mas quando conhecemos a empresa, sabemos os riscos que estamos sujeitos e conseguimos dormir tranquilos com isso.

Aproveitando o exemplo da Centauro e imaginando que você tenha para investir, por exemplo, R$10.000. O que seria mais arriscado nesse momento?

Abrir uma empresa em meio à crise, colocar o dinheiro em renda fixa, onde o país está tendo sua menor taxa Selic da história e já tendo indícios de aumento de inflação, ou investir em uma grande empresa, já consolidada no mercado?

Já há sinais de afrouxamento do isolamento em alguns países da Europa, mais cedo ou mais tarde, isso também chegará ao Brasil.

Quando isso acontecer, o risco como um todo irá diminuir, a Bolsa vai subir e as ações ficarão mais caras.

Temos diversas ações com bons preços, mesmo em um cenário como o atual, com um risco calculado.

Já dizia Warren Buffet: “O risco advém de você não saber o que está fazendo”.

Com diversificação e boas empresas, é possível mitigar o risco e alcançar bons resultados.

Sem risco, sem retorno.

E você, como analisa os riscos das empresas que você investe?

Nós, do Dica de Hoje Research, trazemos análises e relatórios diários das empresas da Bolsa pra você. Clique aqui e conheça nossas carteiras.

Abraços e bons investimentos,

Raphael Rocha.

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