NFT tem se tornado um assunto de várias discussões nos últimos meses. Saiba um pouco mais sobre a tecnologia e como ela funciona aqui!
Não há dúvidas de que, no cenário tecnológico, a palavra NFT tem sido bastante falada nos últimos tempos. Sigla para “non-fungible token” (ou token não fungível, em uma tradução mais literal), sua ideia pode confundir algumas pessoas, por isso vamos explicar aqui algumas coisas sobre o assunto.
O que são NFTs?
NFT é a sigla em inglês para non-fungible token (token não fungível, na tradução para o português). Para entender bem o que é essa tecnologia, primeiro é importante saber o que significam os termos “token” e “fungível”.
Um token, no universo das criptomoedas, é a representação digital de um ativo – como dinheiro, propriedade ou obra de arte – registrada em uma blockchain, tecnologia que nasceu com o BTC no final de 2008. Exemplo: se uma pessoa tem o token de uma propriedade, significa que tem direito aquele imóvel – ou parte dele.
Já bens fungíveis, de acordo com o Código Civil Brasileiro, são aqueles “que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade”.
Exemplo: Uma nota de R$ 100 é fungível, já que é possível trocá-la por duas de R$ 50. A pintura “A Casa Amarela”, do pintor holandês Vincent van Gogh, por outro lado, não é fungível, pois é única e não pode ser trocada por outra igual.
Um NFT, portanto, é a representação de um item exclusivo, que pode ser digital – como uma arte gráfica feita no computador – ou física, a exemplo de um quadro. Além de obras de artes, músicas, itens de jogos, momentos únicos no esporte e memes podem ser transformados em um.
O que significa ser um “token não fungível”?
Na prática, ser um token não fungível significa ser um certificado digital de propriedade que qualquer um pode ver e confirmar a autenticidade, mas ninguém pode alterar. Para entender, imagine a situação abaixo.
Uma pessoa pode acessar a Internet e baixar a obra digital “Crossroad”, do artista norte-americano Mike Winkelmann (conhecido como Beeple), que foi transformada em NFT. O item retrata o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nu e com palavrões rabiscados em seu corpo. Essa reprodução baixada, no entanto, é apenas uma cópia, sem valor comercial algum.
A posse real da obra, vendida no início de 2021 por US$ 6,6 milhões, é apenas daquele indivíduo que tem o token não fungível dela, que funciona como um certificado digital de propriedade. Indo um pouco mais a fundo, esse comprovante de autenticidade é basicamente um código de computador. OK, mas não é possível copiar esse código?
Não, pois ele fica registrado em uma blockchain – grande banco de dados público e imutável – via smart contract. Esses contratos inteligentes (na tradução para o português) são programas guardados em rede descentralizada que se executam conforme regras pré-estabelecidas, sem o envolvimento de um intermediário para controlar.
Em síntese, tudo o que é guardado na blockchain por meio deles pode ser checado por todos os usuários. Isso ocorre por causa de algoritmos que estabelecem o que pode e o que não pode ser feito no sistema.
A rede do Ethereum é a mais usada para o desenvolvimento dos tokens não fungíveis. Para rodar nela, os NFTs devem seguir um padrão (conjunto de regras de programação) chamado de ERC-721. Outras blockchains, no entanto, também permitem a criação de NFTs, como a Tezos, a Solana, a EOS e a Binance Smart Chain.
O que pode virar um NFT?
Quadros físicos e digitais, músicas, itens de jogos, memes, fotos de momentos do esporte, domínios de sites, vídeos e até posts em redes sociais podem virar tokens não fungíveis.
No início de 2021, o presidente do Twitter, Jack Dorsey, vendeu seu primeiro tuíte por pouco mais de US$ 2,9 milhões como NFT. A mensagem, publicada em 21 de março de 2006, diz “just setting up my twttr” (apenas configurando meu twttr, na tradução para o português).
Qual a relação entre criptomoedas e os NFTs?
Assim como as criptomoedas, os NFTs existem dentro do universo do blockchain, um banco de dados público e imutável, em uma rede descentralizada com regras preestabelecidas.
Além disso, os NFTs são negociados em criptomoedas.
Isto é, para comprar esse tipo de ativo, você precisa antes adquirir uma moeda digital (as moedas aceitas variam de acordo com o marketplace).
Diferença entre NFT e criptomoedas
A grande distinção é que as criptomoedas, como Bitcoin e Ethereum, são fungíveis. Isto é, não há diferença entre as unidades em circulação.
Já um NFT representa um bem que é único e não pode ser substituído por um igual.
Tanto as criptomoedas quanto os NFTs utilizam criptografia para a proteção dos investidores.
No entanto, os tokens não fungíveis apresentam desafios adicionais em relação à segurança, pela possibilidade de fraudes e comercialização de NFTs fakes (cópias apresentadas como se fossem os arquivos originais).
Em resumo, portanto, é comum observar NFTs e criptomoedas no mesmo debate porque os NFTs são cotados e negociados por meio das criptomoedas, e ambos utilizam o blockchain em suas operações.
Mas as semelhanças terminam por aí.
Como criar um NFT?
Qualquer pessoa pode criar um NFT. E você pode criá-lo a partir de qualquer coisa.
Tirou uma fotografia bonita de uma paisagem? Pode criar um NFT para atestar a originalidade do arquivo da imagem — para os mais velhos, seria o equivalente ao negativo da foto.
No entanto, saiba desde já que custa dinheiro para criar um NFT.
Estamos falando de, em média, US$ 70. Então, não recomendamos que você faça isso sem um plano realista para recuperar o investimento.
O passo a passo básico para criar um token não fungível é o seguinte:
- Escolha a plataforma (a mais popular é a Ethereum)
- Configure sua carteira digital (a mais usada é a MetaMask)
- Transfira dinheiro para essa carteira e pague o custo de mineração (para poder criar a NFT)
- Selecione a plataforma de marketplace para vender o NFT (a mais usada é a OpenSea)
- Faça o upload do arquivo
- Determine o preço do NFT (pode ser fixo ou por leilão)
Como vender um NFT?
Aqueles que se arriscarem na criação de um NFT certamente vão querer saber como vendê-lo, correto? Para isso, será necessário recorrer a algum mercado de intermediação, como o já citado OpenSea ou outras opções existentes (entre elas temos SuperRare e Rarible, por exemplo).
Outro ponto importante para a venda é criar um contrato digital programável (ou smart contract no original). Ele funciona como um documento convencional do gênero, e nele é preciso constar informações referentes a regras e obrigações das partes envolvidas na negociação do NFT.
Dessa parte em diante, é preciso fazer com que o público fique interessado no artigo. Vale de tudo: divulgar o bem em redes sociais, criar um bom link desses registros digitais na internet e muita paciência. Afinal, vender algo do gênero pode levar tempo, tal como um produto em um site grande ou qualquer outra forma utilizada para negociação de maneira virtual.
NFT no mundo dos jogos
Além de artes digitais, vale mencionar que outro universo que está flertando cada vez mais com os NFTs é o do mundo dos jogos.
Atualmente temos a oportunidade de encontrar vários games para dispositivos móveis que recorrem a esse sistema para negociações e premiações. Entre os mais populares temos Gods Unchained (game de carta), Axie Infinity (que envolve um sistema de coleção de bichinhos bem parecido com Pokémon) e Spinterland (outro card game), apenas para citar alguns exemplos.
Porém, nos últimos tempos empresas mais conhecidas também estão apostando nesse cenário. A Konami, criadora da clássica série Castlevania, realizou um leilão recentemente para vender vários NFTs referentes à franquia. Porém, ela não é a única.
A Square Enix, famosa pela franquia Final Fantasy, também já sinalizou interesse na tecnologia, e há até casos em que a comunidade enxergou a inclusão dos NFTs em games para consoles como algo ruim. Esse foi o caso de S.T.A.L.K.E.R. 2: em menos de uma semana, a produtora mencionou a inclusão deste mecanismo no game, a comunidade reclamou e ele foi removido da versão final do título.
Conclusão
O mundo dos NFTs já existe há algum tempo, mas é provável que ainda ouçamos falar muito sobre ele nos próximos anos. Seja por conta de mais mídias digitais sendo vendidas por valores altos ou pela sua adoção em mais segmentos de indústrias variadas, é fato que teremos ainda mais para discutir sobre eles.
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