A invasão da Ucrânia está causando um êxodo em massa de empresas da Rússia, revertendo décadas de investimentos por empresas do Ocidente e outras partes do mundo depois do colapso da União Soviética, em 1991.
A lista das que estão rompendo seus laços ou revendo suas operações cresce a cada hora, à medida que os governos estrangeiros aumentam suas aeronaves e excluem alguns bancos do sistema de pagamentos Swift.
Trinta anos atrás, quando o comunismo entrou em colapso na União Soviética, as empresas ocidentais se acotovelaram para serem as primeiras a entrar.
A chegada de marcas como Coca-Cola e McDonald’s simbolizou o início de uma nova era, seguida de perto por varejistas, mineradores, advogados e consultores.
E os russos se tornaram consumidores ávidos de jeans da Levi’s e artigos de luxo.
E agora?
Agora, como consequência da invasão militar promovida pelo presidente russo, Vladimir Putin, na Ucrânia, algumas empresas, incluindo Netflix, TikTok, Prada, Zara, Disney, Apple, Jaguar Land Rover, H&M, Burberry, entre outras, anunciaram que estão interrompendo as atividades na Rússia.
A Shell pode estar sacrificando até US$ 3 bilhões (R$ 15,2 bilhões) por deixar seus empreendimentos com a Gazprom.
Mas as empresas querem mostrar que estão fazendo a coisa certa.
Pagamentos
As gigantes de pagamentos Mastercard e Visa anunciaram que estão suspendendo suas operações na Rússia em protesto contra a invasão da Ucrânia.
Em comunicado, a Mastercard disse que os bancos russos não seriam mais suportados por sua rede e qualquer cartão emitido pela empresa fora do país não funcionaria em comerciantes ou caixas eletrônicos russos.
Mas as que ficam
Enquanto a enxurrada de anúncios de empresas se afastando da Rússia continua, há apelos para que outras se juntem a elas – especialmente algumas das maiores marcas de consumo.
Mas algumas vão achar muito mais difícil sair, mesmo que a pressão aumente nos próximos dias e semanas.
Assim, as empresas que, nos últimos anos, foram incentivadas a estabelecer uma presença na Rússia, para fazer cereais matinais ou detergentes, estão “presas” com empresas, funcionários e cadeias de suprimentos locais.
A Marks & Spencer tem 48 lojas na Rússia, mas são operadas por uma empresa de franquia turca chamada FiBA.
A M&S disse que está suspendendo as remessas de seus produtos para os negócios russos da FiBA, mas as lojas no país permanecem abertas.
A British American Tobacco afirmou que está suspendendo suas operações na Ucrânia para garantir a “segurança e bem-estar” de sua equipe, mas tem sido menos explícita sobre seus negócios russos.
Perda principalmente de empresas ESG
Anúncios feitos por diversas empresas, desde o início da guerra, de interrupção nas relações comerciais com a Rússia porque os princípios ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG, na sigla em inglês) são cada vez mais importantes para as empresas nas democracias ocidentais. “Esses princípios ESG não preveem uma empresa fazendo negócios em ou com um país que bombardeia propositalmente uma usina nuclear, como aconteceu
As empresas estão preocupadas com os princípios ESG ou querem vender mais para o resto do mundo
As empresas dizem ser a prioridade agora seguir esses princípios. Assim como as pessoas não queriam seu dinheiro investido na África do Sul durante o apartheid, você gostaria de vê-lo investido na Rússia durante a invasão da Ucrânia
Empresas que dotaram o ESG, as empresas acabam tendo maior destaque no mercado financeiro. É crescente o número de investidores que preferem alocar seu capital em companhias que se preocupam, não apenas com questões ambientais, mas também que se posicionam de forma incisiva frente às grandes questões globais. Cada vez mais, consumidores tendem a escolher marcas que apoiam causas e têm direcionamentos de menor impacto ambiental e social.
A conta a curto prazo não deve fechar porque significa uma queda de bilhões de dólares em receitas. Mas a longo prazo, as novas gerações de consumidores estarão de olho na conduta das marcas e farão escolhas mais conscientes na hora de se relacionar com elas.
Fonte: Istoé
Governo tenta impedir a saída
O presidente russo, Vladimir Putin, está tentando conter o fluxo de empresas ocidentais fugindo do país após sua decisão de travar guerra contra a Ucrânia.
Os controles de capital projetados para impedir o êxodo foram anunciados pelo primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, segundo informaram as agências de notícias estatais TASS e RIA na terça-feira (1º). As empresas ocidentais estavam tomando decisões por causa da “pressão política”, ele contou, e seriam impedidas de vender ativos russos até que a pressão diminua.
Ações do governo
Autoridades russas já tomaram medidas de emergência para tentar estabilizar o sistema financeiro. O banco central mais que dobrou as taxas de juros para 20% e proibiu temporariamente os corretores russos de vender títulos detidos por estrangeiros. O governo ordenou que os exportadores troquem 80% de suas receitas em moeda estrangeira por rublos e proibiu os residentes russos de fazer transferências bancárias fora da Rússia.
Como é que o Kremlin vai enfrentar a situação económica em que país se encontra?
A Rússia vai anunciar um primeiro pacote de medidas para conseguir adaptar a sua economia depois das sanções aplicadas por países da União Europeia e pelos Estados Unidos, prevendo apresentar um segundo pacote de ajuda orientado para o desenvolvimento na próxima semana.
A Rússia espera aprovar o primeiro plano de ajudas à economia ainda esta semana, uma vez que já foi apresentado ao Estado. Segundo Belousov, “os atos legais necessários estão agora a ser adotados ao nível do governo e em departamentos em simultâneo. Está a progredir tudo com bastante rapidez
Investidores
Um dos primeiros efeitos deve ser sentido do lado das finanças. Para além do resultado das sanções impostas à economia do país pelos governos ocidentais, muitos investidores simplesmente querem evitar qualquer relação com o país.
Diante do derretimento da economia russa, encontrar compradores para títulos ou ações não será tarefa simples. A agência de análise de riscos S&P rebaixou o crédito da Rússia para junk um dia depois do começo do conflito.
O maior investidor estrangeiro na Rússia, a BP, saiu na frente com o anúncio surpresa, no domingo, de que iria se desfazer de sua participação de 20% na estatal Rosneft, decisão que poderá resultar em uma perda contábil de US$ 25 bilhões e reduzir sua produção global de petróleo e gás em um terço.
Conclusão
Além de sofrer sanções de países devido à invasão da Ucrânia, a Rússia tem registrado êxodo de empresas, o que aprofunda seu isolamento. Com pressão política, as empresas têm imposto fortes restrições à Rússia para fechar sua economia e retirá-la do mercado financeiro mundial.
Essas questão é complexa e vai ter novos desdobramentos como as empresas ESQ por exemplo que é um mercado crescente.
A partir desse processo ideia é esgotar os recursos tecnológicos e financeiros da economia russa para forçar suas tropas a se retirarem da Ucrânia. A segunda diferença é que, em vez de soldados, o cerco está sendo realizado pela iniciativa privada, por investidores e consumidores, por enquanto mais eficazes que os diplomatas.
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