Olá, tudo bem?
Essa frase do título é real. Eu escuto com frequência em rodas de conversa, nos atendimentos, nos grupos de investimentos. E ela diz muito sobre a falta de preparo emocional e prático das famílias para lidar com dinheiro.
Se você (ou alguém próximo) cuida sozinho(a) do patrimônio da casa, acha que está tudo sob controle e que “é melhor assim” … atenção: isso não é organização, é um risco enorme disfarçado de eficiência.
Mulheres não investem? Quais são os motivos?
Ainda persiste a ideia de que mulher não tem perfil para investir. Que “é mais emocional”, que “não gosta de finanças”, que “gasta demais”. Balela.
Esses preconceitos, disfarçados de tradição, impedem o crescimento de muitas famílias. E mantêm uma dependência financeira tão comum quanto silenciosa.
Segundo relatório da UBS Global Wealth Management (2021), 8 em cada 10 mulheres serão as únicas responsáveis pelas finanças da casa em algum momento da vida — por separação, falecimento ou doença do parceiro.
Elas estão prontas para isso?
“Ela não gosta disso…” — ok, mas gostar é requisito?
Vamos deixar uma coisa clara: gostar é opcional. Entender é obrigatório.
Ninguém precisa amar investir em ações ou acompanhar gráficos de inflação. Mas precisa entender o básico:
- Onde está o dinheiro da família?
- Como ele está investido?
- Quais são os riscos?
- Quem tem acesso?
- O que fazer em caso de emergência?
Essa diferença entre gostar e precisar saber é o que define uma família financeiramente saudável. E madura.
A falsa sensação de segurança
Muita gente mantém a gestão financeira centralizada por “facilidade”. E só percebe o erro quando algo dá errado. A conta chega no momento da perda — e chega alta.
“Você não acredita ser necessário fazer enquanto tem alguém que pode fazer por você.”
O problema? Esse “alguém” pode não estar disponível quando for mais necessário.
Frases que parecem inofensivas, mas sustentam o problema:
- “Mulher gasta demais, não sobra.”
- “Se ela souber que tem dinheiro guardado, vai querer gastar.”
- “Ela não entende nada disso.”
- “Nunca teve interesse.”
- “Isso é coisa de homem.”
Essas frases não são fatos. São crenças — e perigosas. Porque sustentam a ignorância voluntária e adiam a conversa sobre o que realmente importa: a liberdade da família.
Psicologia do dinheiro: o que você não vê, mas sente
Morgan Housel, escreveu:
“O dinheiro é simples. Mas o comportamento financeiro humano é tudo, menos isso.”
Quando uma das partes da relação não participa das decisões, o dinheiro deixa de ser um ativo da família e vira uma arma de controle. Às vezes sutil, às vezes explícito.
E não se engane: isso destrói relacionamentos.
Dinheiro é logística, não emoção
Conversar sobre investimentos não é “romântico”, mas deveria ser comum. A gente conversa sobre filhos, férias, séries da Netflix…, mas evita falar sobre:
- Dívidas
- Sonhos de longo prazo
- Renda passiva
- Aposentadoria real
- Risco de ficar sozinho(a)
E quando evita, empurra o futuro para o escuro.
E quando tudo desmorona?
Separação, falecimento, uma doença longa… são realidades.
Quantas pessoas você conhece que, ao perder o parceiro ou parceira, não sabiam nem por onde começar?
É nesse momento que vem o arrependimento: “Eu devia ter aprendido”, “Ela devia ter participado”, “A gente nunca conversava sobre isso”.
Só que aí já é tarde.
️ E o pior? Às vezes a pessoa tem renda, mas não autonomia
Muitas mulheres têm sua própria renda, mas renunciam à gestão. “Ele entende mais.” “Não gosto dessas coisas.” “Confio nele.”
Isso é um risco duplo: a pessoa tem patrimônio, mas não acesso. Tem dinheiro, mas não controle. E se ele faltar? E se mudar de ideia?
Confiança é importante. Mas confiança sem transparência e preparo, vira vulnerabilidade.
O que fazer HOJE
Se você quer proteger sua família, seu futuro e sua liberdade, comece por aqui:
- Mostre ao seu cônjuge onde está o dinheiro.
- Explique como funcionam os investimentos.
- Documentem acessos, senhas, contas e estratégias.
- Definam objetivos financeiros em conjunto.
- Deem espaço para o aprendizado — sem julgamentos.
Você não precisa virar um educador financeiro. Mas precisa criar um ambiente onde o conhecimento circule.
A moral da história?
Família é sociedade. E toda sociedade saudável precisa de mais de uma pessoa no comando.
Independência financeira não é luxo. É um pilar de liberdade e respeito. O dinheiro, quando bem gerido, não separa. Une.
“O dinheiro nunca significou muito para mim, mas a independência, conseguida com ele, sim.”
— Coco Chanel
Para refletir (e agir)
Você deixaria seu cônjuge cuidar sozinho da saúde dos filhos sem saber nada sobre remédios ou sintomas?
Não, né? Com dinheiro, o raciocínio é o mesmo.
Me conta:
Esse assunto te incomoda? Já tentou conversar sobre finanças com seu parceiro ou parceira?
Responde esse e-mail. Vamos falar mais sobre isso — aqui e em casa.
Até breve.
PS: Esse texto te fez lembrar de alguém? Encaminha agora. A mudança começa com uma conversa incômoda — e necessária.
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