Certamente, quem já opera no mercado de ações há pelo menos alguns meses, já deve ter ouvido a máxima que é importante diversificar. E ainda devem ter ouvido a seguinte frase:
“Não coloque todos os ovos em uma só cesta”.
Mas Warren Buffet falou uma vez que “a diversificação é uma proteção contra a ignorância. Faz pouquíssimo sentido para quem sabe o que está fazendo.” Ou ainda que “o importante é colocar muitos ovos em apenas uma cesta e tomar bastante cuidado com ela”. O próprio Peter Lynch, o maior gestor de fundos dos Estados Unidos na década de 80, disse a frase “diversificar por diversificar não faz o menor sentido”. Se quiser saber mais assista ao meu vídeo clicando aqui.
No entanto, o fundo de Peter Lynch tinha mais de 200 ações e os atuais investimentos da Berkshire possuem mais de 50 ações. Será que eles estão mentindo? Claro que não!
Primeiro, nós precisamos entender que o mercado norte americano conta com mais de 5000 ações listadas somando as ações negociadas na NYSE e na Nasdaq. Se entendermos que esses mega investidores e gestores possuem equipes altamente capacitadas para descobrir empresas ao redor do mundo estaríamos falando facilmente de mais de 10000 ativos ao redor de todas a bolsas do mundo. Portanto 50 ou 200 ativos de 10000 possíveis é um percentual baixo.
Trazendo essa informação para a nossa vida de investidor amador, ou até como no meu caso de investidor profissional, mas que não conta com uma grande equipe para atuar, entendo que a diversificação é importante. Mas ela não pode ser tão grande a ponto de me atrapalhar a acompanhar as empresas. Imagina que cada relatório trimestral que as empresas divulgam possui em torno de 150 páginas. Se eu investir em 50 empresas terei 7500 páginas para ler, além de todas as informações e avisos, ou fato relevantes que possam aparecer. Assim eu estipulei pra mim, como um numero saudável entre 6 e 10 ações.
Agora irei mostrar, a partir da Teoria do portfolio moderno, a importância da diversificação dos ativos. Quem formulou essa teoria foi Markowitz em 1952, e eu também já fiz um vídeo sobre A melhor Alocação de Recursos que eu falo sobre isso. Clique aqui e assista.
Como Diversificar
Nos mercados existem duas formas de risco. O risco sistemático, que é inerente ao próprio mercado ou a um determinado país, um determinado setor por exemplo. E existe o risco não sistemático. O risco não sistemático é o único risco que nós podemos acabar com uma boa diversificação de recursos. Dessa forma nós reduzimos o risco para apenas o risco sistemático.
Se um investidor resolve investir na bolsa de valores, a diversificação não depende apenas da quantidade de empresas que você investe, mas também dos setores e do core business de cada uma delas. Não adianta a pessoa querer diversificar e comprar 10 ações de empresas diferentes sendo que elas são (Itaú, Bradesco, Itausa, Banco do Brasil, Santander, Banrisul, Banco ABC, Banco Pactual, Banco Mercantil e Itaú PN). Percebam que as 10 empresas são do mesmo setor. Do setor bancário. Imagina que o governo resolva aumentar o compulsório, ou reduzir os juros dos empréstimos, ou ainda aumentar alguma alíquota de impostos dos bancos. Ou ainda trabalhadores façam greve em todos os bancos. Todas essas ações irão sofrer. Essas intervenções do governo ou greve são parte do risco sistemático, aquele que não conseguimos acabar nem com uma ótima diversificação.
Portanto para diversificar em um país, é importante colocar empresas de vários setores. Empresas que tenham receita em dólar, empresas que tenham receita garantida, empresas que continuem gerando caixa com a crise, empresas que se beneficiam da melhora no comércio exterior, empresas que se beneficiam do comércio local e com a melhora da economia, todas juntas. Assim estaremos excluindo os riscos não sistemáticos. Se o dólar cair muito, por exemplo, a empresa que tem receita em dólar deve despencar, mas as outras ações da carteira se mantém. Se a economia não se recuperar, as ações com maior venda no comércio local vão cair, mas as exportadoras e as ações de eletricidade podem segurar o resultado total.
Existem ainda pessoas que diversificam até mesmo o risco de um país. Investindo em vários setores de diferentes países. Assim você diversifica até o risco não sistemático do mundo todo. Mas mesmo com uma diversificação muito eficiente, pode acontecer uma crise como a de 2008, e arrastar o mundo inteiro. Este é o risco sistemático dos mercados globais. Hoje esse risco existe no excesso de liquidez, na redução das reservas chinesas e na alta relação dívida PIB dos Estados Unidos que deve se intensificar com o aumento dos juros americanos.
Se você tiver pouco dinheiro para fazer a diversificação vale a pena ler este artigo que eu escrevi em fevereiro.
Para ilustrar melhor essa situação e acabar com qualquer dúvida segue uma foto retirada do livro Administração Financeira, Pagina 247, Ross, Westerfield, Jaffe e que eu recomendo.
O Poder da diversificação e de uma alocação eficiente de ativos
Vamos imaginar que iremos escolher dois ativos para começar nossa diversificação. Irei mostrar aqui que a soma dos dois ativos, faz com que o risco da sua carteira já seja menor que aportar em apenas um deles. Estarei fazendo aqui com dois ativos para ficar mais simples. Mas eu posso montar essa melhor alocação de recursos com até 6 ativos para você por um preço especial. Basta Clicar aqui e me enviar por email para [email protected] as ações da bolsa que você quer que eu monte a melhor alocação. O programa irá calcular a quantidade que deve ser comprada de cada ação escolhida por você.
Continuando o texto, irei escolher dois ativos muito conhecidos, mas que são muito voláteis. Petrobras (Petr4) e Vale (Vale5). São dois ativos que na década passada eram os que mais representavam a nossa bolsa, eram os dois que mais tinham valor de mercado, e eram duas top picks de qualquer carteira. Hoje em dia, 10 anos depois ainda são duas empresas gigantes, dentre os cinco maiores valor de mercado da nossa bolsa, mas são empresas que acumulam muitas dívidas e vários trimestres com prejuízo. (Vale5 já reverteu essa situação em 2016).
Coletando os dados dos últimos 100 pregões temos os seguintes valores para o ibovespa, para a ação de Vale e para a ação de Petrobrás.
Estudo feito pelo autor com dados daqui.
O desvio padrão é uma medida de risco, ele é a volatilidade do índice Bovespa e de cada uma dessas ações. Percebam que a variação normal do Ibovespa, é de 1,30% ao dia, para cima ou para baixo. Já a de Petrobrás (Petr4) é de 2,43%, e a de Vale5, 3,21% de volatilidade diária. Vejam que no período Vale5 caiu menos que Petr4, mesmo sendo a ação de maior risco. Muitas pessoas falam mal de analisar risco a partir da volatilidade porque entendem o conceito de forma errada. Eu não quero me estender tanto no assunto, até porque já escrevi um assunto sobre isso, clique aqui, mas a volatilidade significa apenas que eu espero movimentos mais bruscos de Vale5 que do índice Bovespa, por exemplo. Mas este movimento de Vale pode ser de alta forte e o do Ibovespa ser vários movimentos que tendem a estabilidade.
Colocando na matriz de risco e colocando no solver (ferramenta do excel) para cálculos mais elaborados de simulação temos a melhor estratégia para corrermos o menor risco que é.
Elaborado pelo autor
A estratégia de menor risco com apenas esses dois ativos é 74,5% em Petrobrás e 25,5% em Vale5. Vejam que o desvio padrão (risco) é menor que os riscos de cada uma das ações separadamente. Nenhuma outra estratégia só com esses dois ativos trará um risco menor. Mas também é importante que diariamente mudam-se as volatilidades das ações, portanto esse cálculo deve ser refeito sempre.
Agora irei incluir uma coluna extra de retorno esperado que é calculado a partir do Beta das ações. Falei sobre o Beta e ensino a calculá-lo neste vídeo.
O retorno esperado anual de Petrobrás deu 14% ao ano, e o de Vale5 20% ao ano. Como era de se esperar, a ação que tem uma volatilidade maior tem um retorno esperado maior. Isso mostra que a ação com maior risco (chance de perder) é a que traz mais chance de ganhos maiores.
Na solução acima de 74,5% de Petr4 e 25,5% de Vale5, veja o retorno esperado:
Elaborado pelo Autor
Então montei uma tabela com diversos valores de risco x retorno. Vejam como ficou abaixo:
Elaborada pelo autor.
A última coluna com a Relação Risco x Retorno, mostra a estratégia em que eu terei a melhor relação entre risco x retorno. Essa é a estratégia pra quem quer ser um pouco mais agressivo e focar mais no retorno. A melhor estratégia entre esses dois ativos é colocar 48% em Petr4 e 52% em Vale5 (neste caso teria um retorno esperado de 17,10% ao ano contra um risco de 2,44%), já a melhor estratégia pra quem é conservador e se preocupa em perder o mínimo possível seria colocar 74,5% em Petr4 e apenas 25,5% em Vale5 (que teria retorno anual menor, de 15,5%, mas o menor risco da série 2,31%).
Pra quem prefere visualizar a partir de gráfico segue o gráfico com os dois pontos.
Elaborado pelo Autor
Olhando ao mesmo tempo o gráfico e a tabela acima fica claro que algumas estratégias são dominadas por outras. Por exemplo, a estratégia de colocar 94% do dinheiro em Petr4 e 6% em Vale5 tem risco maior e retorno menor que a estratégia de colocar 56% em Petr4 e 44% em Vale5.
Acho que nesse artigo ficou clara a importância de uma boa alocação de recursos. Então se você quiser que eu monte pra você a da sua carteira de 6 ativos Clique aqui e encomende a sua.
Caso por qualquer motivo, você não tenha gostado dessa forma de alocação de recursos e prefere procurar uma forma diferente de diversificação e de alocação dos ativos eu recomendo esses outros dois cursos Clique aqui ou nesse link.
Espero que tenham gostado, cadastrem o email acima e receba as novidades do site.
Abs e Bons Negócios
Daniel Nigri CNPI