Ações de indústria e varejo: Perguntas e Respostas

Ações de indústria e varejo: Perguntas e Respostas

 

“Uma chave importante para o sucesso é a autoconfiança. Uma chave importante para a autoconfiança é a preparação” Arthur Ashe

Nas últimas semanas escrevi sobre algumas empresas de varejo e indústrias, fiz uma análise do negócio e das premissas básicas que sustentam o comportamento dos resultados e sua relação com a cotação do ativo. A série de análises ainda não terminou, mas como estou recebendo muitas perguntas sobre as empresas e a análise qualitativa dos negócios, resolvi reservar esse espaço para responder as principais dúvidas.

Eu tenho vinte anos de experiência na área de gestão, já ensinei mais alunos do que consigo lembrar. Entrei em salas de reuniões luxuosas e pomposas e também frequentei áreas de produção com infraestrutura precária, tudo isso moldou minha análise e me ensinou que uma empresa é muito mais que uma DRE, por isso meu foco é espalhar a análise qualitativa para o maior número de investidores possível.

Para quem não acompanha a série, deixarei os links, assim na leitura das perguntas e respostas você poderá voltar ao texto original e entender o contexto da análise, lembrando que as análises continuam na próxima semana com mais indústrias, segue:

Varejo:

O Sucesso do Magazine Luiza: Análise de Varejo

B2W – Lojas Americanas: O Recomeço

Hering: Análise de Varejo

Lojas Renner – Encantamento e Superação

Marisa: Análise de Varejo

Indústria:

Brasil Foods – BRFS: Análise de Indústria

Natura – NATU3: Análise de Indústria – Parte II

Dias Branco – MDIA3: Análise de Indústria – Parte III

Cada uma das análises tem como objetivo principal o investidor conhecer a estrutura do negócio no qual investe ou pretende investir, o processo que gera valor, os pontos de ruptura e a forma como a gestão agiu em cada cenário. Desta maneira o investidor estará mais preparado para agir de forma mais segura e responsável, ciente dos potenciais ganhos e riscos em todas as operações.

Para isso ocorrer devemos unir a análise do Balanço e da DRE com informações da gestão do negócio e dados macroeconômicos, isso envolve uma análise mais dinâmica das variáveis que compõem o segmento e que o afetam de maneira direta ou indireta.Os mercados estão ligados e sofrem interferências, em graus diferentes é verdade, mas todos sofrem, e podemos perceber isso claramente ao comparar HGTX3, LREN3 e AMAR3.

Assim como percebemos que as reações ocorrem em velocidades diferentes, caso da MGLU3 se comparada a LAME4, e assim por diante.

Perguntas e Respostas do Varejo

  1. Qual o impacto da conta estoque no custo do varejo?

Ações de indústria e varejo

Essa é uma pergunta que foi feita dezenas de vezes pelos leitores, e a resposta é: o impacto é grande. A relevância na composição do custo total é grande, e isso afeta diretamente as margens, e influencia o retorno aos acionistas. Vale lembrar que não possuir controle de estoque interfere também na receita, caso da LAME, conforme citado no artigo. Ou seja, ao analisar o comportamento dessa conta nos documentos é essencial para perceber o custo de oportunidade, entender que taxas de juros altas fazem a logística adotar uma estratégia de estoque, juros baixos exigem outra estratégia, e isso impacta diretamente nas contas. Estoque e varejo são variáveis de correlação na análise.

 

  1. O que é custo de oportunidade?

Ações indústra varejo

Escolha de uma estratégia em detrimento de outra, essa escolha pode causar perda ou aumento de rentabilidade no negócio, e no caso do varejo e seu estoque podemos usar o exemplo mais comum: ao considerarmos o custo financeiro do estoque em detrimento a aplicação desse valor imobilizado em outra estratégia/projeto da empresa, assim podemos ter uma projeção em qual das duas estratégias seria mais rentável aplicar, estoque (capital imobilizado) ou outro projeto. No caso da MDIA houve um aumento dos estoques o que fez a empresa diminuir produção no trimestre, e isso afeta resultado.

Quando analisamos um negócio precisamos avaliar o custo de oportunidade como investidores, usando exemplo de NATU3 e sua alavancagem recente para aquisição de uma nova marca/negócio, qual o custo de oportunidade? Quais seriam as projeções dela sem essa nova aquisição? Esse comparativo reflete dois cenários e com eles podemos qualitativamente e quantitativamente entender as probabilidades de perdas e ganhos do negócio a longo prazo, não é tentar adivinhar, é projetar.

 

 

  1. Porque as empresas estão aumentando cada vez mais o Marktplace?

Basicamente porque essa modalidade traz um retorno elevado com investimento relativamente pequeno, afinal quanto maior o mix de produtos, a variedade ofertada de preços maior será a quantidade de pessoas que acessam a plataforma e consequentemente a probabilidade de compra aumenta, além da margem ser maior nesses casos, basta analisar o percentual de receita vinda desta modalidade nas empresas citadas na análise – B2W e MGLU. O público atingido também aumenta decorrente dessa gama diversificada de opções disponíveis, fazendo com que a plataforma da empresa ganhe maior destaque quando o consumidor pesquisa um determinado produto na web. Ou seja, o ganho ocorre por mais de uma variável, basta analisar que para determinados produtos sempre existirá na pesquisa uma empresa que aparece com frequência.

Em uma pesquisa rápida pelo produto cama beliche, as primeiras opções que aparecem são:

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Ao acessar qualquer um dos três sites da imagem – Casas Bahia VVAR3, LAME4 ou MGLU3 – vários dos produtos que aparecem na listagem são vendidos na modalidade Marktplace, inclusive com a opção de dois ou mais fornecedores com preços e datas de entregas diferentes. Ou seja, opções maiores de escolha para o cliente e mais acessos para a plataforma, e quando ocorre a venda uma boa margem para a empresa.

Observe o aumento significativo da parcela da modalidade nas receitas do negócio, assim como os investimentos em diferentes tipos de  entrega que podem ser negociadas, isso faz muita diferença na geração de valor do processo principal. MGLU está um passo à frente nesse sentido, mas B2W está implementando cada vez mais essas operações, então fique atento a esses detalhes.

  1. Porque a verticalização é importante para alguns negócios?

Porque permite que a empresa não dependa de terceiros para execução das tarefas que compõem a atividade fim, maior controle sobre a produção e seus custos devido a autonomia, caso exposto no material da MDIA3 com os silos e as gorduras usadas para produção dos produtos principais, sendo que a capacidade que for excesso a utilização no principal é comercializada, maximizando assim a utilização da operação. Reduz o impacto na margem bruta, lembrando que estamos falando de uma commodity que depende de fatores externos sem controle, então a exposição ao preço do trigo em grão é em parte compensada pelo controle na produção do insumo que é utilizado na produção.

Não são todos os negócios que reagem bem a verticalização, é preciso analisar o custo de oportunidade para entender se é viável ou não descentralizar o foco, se isso não irá tornar o processo principal menos rentável ou exigirá investimentos que não terão o retorno esperado.

 

 

  1. E as subvenções fiscais nessas empresas?

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São incentivos federais e estaduais: CSLL – contribuição Social sobre o Lucro Líquido e IRPJ – Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, ambos federais. Estadual temos o ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.

Muitas empresas negociadas na Bovespa possuem essas subvenções e isso afeta o resultado delas positivamente. É essencial ler e entender o impacto que esses números têm no negócio da empresa, e isso pode ser feito através de uma análise nos documentos trimestrais, lá estarão expostos os percentuais de incentivo assim como o valor que representam no custo. Além dos prazos de vencimentos desses incentivos em cada estado, no caso do ICMS.

Subvenções existem a um bom tempo, algumas das empresas listadas na bolsa possuem esses incentivos desde a década de 90, algumas foram citadas em investigações devido a fatos relacionados, ou seja, não é algo que possa ser deixado de lado, merece análise conjunta como qualquer fator de interferência no resultado do negócio, tanto para a continuação como para a perda do mesmo.

E não é prudente ouvir os que dizem que isso não significa nada para grandes empresas, pelo contrário, quem trabalha na área fiscal sabe do que estou falando e quem não tem experiencia basta imaginar como seria rentável ter um incentivo ao apurar seus impostos.

Obviamente as subvenções para investimento por exemplo requerem contrapartidas por parte da empresa, o que tem o objetivo de melhorar a região onde a empresa está instalada ou pretende se instalar. Você já deve ter lido ou ouvido nos noticiários que estados “brigam” por grandes empresas oferecendo incentivos fiscais por décadas, caso da FORD, GM, calçadistas etc.

Então para entender melhor leia o material e consulte o RI – Relação com Investidores, é sempre melhor entender o que está acontecendo antes de “emprestar” seu dinheiro para a empresa.

 

Concluindo

Se você é um investidor de longo prazo precisa conhecer a estrutura do negócio, entender como ele gera caixa e retorno para o acionista. As análises devem ser qualitativas e quantitativas, se você não compra um carro sem antes pesquisar sobre ele, consumo, preço de revenda, seguro etc., porque faria isso com um investimento?

Se alguém lhe convidar para ser sócio de uma empresa qualquer você não iria querer saber o que a empresa faz, sabendo assim as chances de perder ou ganhar dinheiro, como estão as finanças da empresa, quais os pontos fortes, fracos, etc?

Pois bem, funciona assim quando compramos ações na bolsa, devemos saber onde estamos colocando nosso dinheiro, ou o risco de perdê-lo é grande. E chorar após perder não vai trazer o dinheiro de volta, torcer também não produz nenhum efeito no ativo, o que define o sucesso ou fracasso é entender os riscos e gerenciá-los, e nisso nós podemos te ajudar.

O Daniel Nigri é um analista excelente, responsável e muito capaz, com métodos de ensino diferenciados, sempre preocupado em ensinar o investidor a pensar por conta própria, a decidir com consciência e responsabilidade.

Então caso você tenha interesse em se tornar um investidor ainda mais qualificado, aprender a analisar os fundamentos de um ativo, fazer a precificação para a calcular o preço justo de uma ação e assim não comprar topos, aprender a definir uma margem de segurança para aumentar a rentabilidade da sua carteira, ler um balanço patrimonial, DRE, fluxo de caixa, entender a análise qualitativa dos setores, treinar com exercícios de análise qualitativa e quantitativa, discutir os resultados e tirar as dúvidas pelo WhatsApp, tenho o prazer de informar que as inscrições para a segunda turma do curso estão abertas, inclusive o lote com preço promocional encerra hoje, acesse o link e veja os depoimentos de alunos, o  conteúdo do curso além de bônus especiais

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Para conhecer os trabalhos feitos na primeira turma, aqui está um dos exercícios feitos por um aluno, Exercício Curso Análise Fundamentalista e Precificação – Turma I

Não esqueça que informação é dinheiro.

“Concentre-se no que está buscando e não no que está deixando pra trás” Alan Cohen

Até a próxima semana.

Daniel Nigri

Apoio: Patrícia Rossari

O analista Daniel Nigri CNPI1810 é o responsável pelas informações perante a ICVM 598

As informações não constituem recomendação de compra ou venda de qualquer ativo

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