Análise de Negócios sem Pânico

Análise de Negócios sem Pânico

E a importância de identificar gatilhos que podem influenciar o resultado.

Algumas perguntas na renda variável são recorrentes:

Exemplos:

  1. Será (acontecerá) que vai subir? (cotação)
  2. Será (acontecerá) que vai para de cair? (cotação)
  3. Será (acontecerá) que é hora do turnaround?
  4. É momento de comprar ou vender?

Será…será…será…

Uma das principais razões que levam os investidores a se desiludirem com a renda variável é justamente a necessidade de decisão, sendo que muitas pessoas têm dificuldades em decidir qualquer coisa e, quando se trata de dinheiro, essa variável toma proporções ainda maiores.

Parte dessa dificuldade se dá por desconhecimento do que o investidor está fazendo, ou seja, ele quer investir, ter uma boa rentabilidade, sabe que precisa poupar e investir para um futuro mais digno, porém ele não sabe como o mercado funciona, não entende o negócio onde está investindo e tampouco tem condições (emocionais) de manter regularidade (aportes), em uma estrutura que sobrevive devido justamente ao fator que afasta a maioria, a volatilidade.

 

Prejuízos

A ignorância no mercado de capitais gera prejuízos, e isso não é uma questão de opinião. Não importa se você é investidor gráfico, fundamentalista, se preço importa ou não, a verdade é que se você ignora informações sobre o que está fazendo, irá perder dinheiro. E recuperar é sempre mais difícil do que perder, principalmente se você tem pouco conhecimento sobre o negócio onde está investindo, pois não é somente dinheiro perdido, são tempo e confiança.

E mercados altistas, onde até perfis de rede social de animais conseguem superar índice com escolhas aleatórias, hora ou outra acabam virando a mão e deixam (com mais frequência do que gostaríamos de admitir) um rastro de pessoas mais pobres do que quando começaram a investir.

 

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Aprenda a analisar negócios

Mas a questão hoje é a seguinte: aprenda a analisar negócios se você for fundamentalista e, para facilitar a minha mensagem, vou usar um exemplo: na semana passada (quinta-feira) saiu um material de análise de negócios na área de membros, sobre a SLCE3 (todas as quintas-feiras temos uma análise de negócio e, todas as segundas, quartas e sextas, um podcast, inclusive se você tem dúvidas sobre cases de negócios, estratégias etc., pode enviar perguntas e responderei dentro do possível). Voltando ao assunto principal, eu e o Daniel escrevemos sobre o negócio da SLC e seus últimos resultados, que não foram uma surpresa, isso porque cada tipo de negócio possui variáveis que afetam mais ou menos os resultados e algumas informações a empresa divulga antes, e sabemos que nesse caso (agro) temos fatores essenciais:

 

Variáveis externas sem controle (clima)

Afetam a produção, e esse fator afeta obviamente o faturamento (volume) e muitas vezes afeta o preço; afinal, se a oferta é maior que a demanda (caso da soja devido à gripe suína na China) e não existe capacidade de armazenagem, a tendência é que o preço recue, pressionado (vimos isso na celulose nos últimos trimestres).

Por outro lado, a safra pode ser maior aqui e menor no outro país produtor, o que diminui a oferta e, então, o preço sobe e o Brasil exporta mais (caso do milho no trimestre); e também pode ocorrer a necessidade de ajuste da variação dos ativos biológicos no balanço, pois houve redução do contabilizado anteriormente e, com a oscilação do preço da commodity no mercado, o ajuste pode ser significativo (caso da SLC e do algodão).

 

Nova safra

A empresa também projeta a nova safra com base na estimativa de consumo do grão pelo mercado. O planejamento deve ser analisado com muita atenção ao investir em um negócio, afinal ele nos mostra como a empresa projeta a utilização e dosa recursos que possui para atender os objetivos propostos, ou seja, análise dos estoques, preços, consumo, as variações, causas, efeitos e assim determinar a área plantada de acordo com a previsão de demanda futura, com uso eficiente dos insumos, no intuito de reduzir os custos e assim alcançar uma maior produtividade por hectare plantado, mesmo com redução de área total e com mercado menos aquecido.

Como eu disse no material de MDIA3 da semana passada, não basta apenas produzir, é preciso compreender outras variáveis de produção.

SLC

No caso da SLC especificamente, a chuva no MT e Maranhão fez com que houvesse atraso no plantio da próxima safra (2019/2020), o que reduziu a área plantada de soja e milho e que pode resultar em volumes menores para o ano que vem. Por isso a importância da tecnologia e eficiência no uso dos recursos, pois assim é possível maximizar a produtividade e reduzir o impacto da redução da área plantada, além, obviamente, das variáveis de preço que estão ligadas ao comportamento do consumo e que sabemos são cíclicas e podem sofrer reveses sem aviso prévio.

Guerra comercial

Outro fator que você deve monitorar é a guerra comercial China x EUA, que pode afetar a empresa, pois os EUA são um grande produtor de soja e China o maior mercado consumidor, e com esse mercado consumindo menos e com safras recordes, existe sim uma tendência de pressão no preço por algum tempo, ainda mais se houver queda de tarifas entre a dupla dinâmica (China-EUA). Porém, existe também a recuperação gradual do mercado de suínos na China, o que irá normalizar o mercado (não tão bom para a BFRS3, mas bom para a SLC), porém pode demorar alguns trimestres.

Ou seja, existem variáveis de projeção futura que fazem o mercado reagir e ele reflete isso no preço, não é aleatório ou injustificado, é o mercado (conjunto de investidores) respondendo ao que enxerga nos números e nas estratégias do negócio para a próxima colheita/resultado.

Porém, pense comigo:

Isso significa que a empresa é ruim?

Que ela não possui fundamentos?

Ou que ela é a maior barganha da bolsa?

A oportunidade de uma vida?

Nem uma coisa, nem outra!

É apenas um negócio exposto às variáveis específicas do setor, reagindo com estratégias e planos de produção (plantio), buscando otimizar os processos para adequar/equilibrar a produção/safra com a demanda de mercado. E durante esse caminho, os resultados sofrem variação e o mercado reage ao que vê de imediato, pois é assim que ele funciona – aprenda a usar isso a seu favor, e não contra.

MDIA3

Agora vamos usar como exemplo a MDIA3, que foi objeto da nossa conversa da semana passada (se você não leu, CLIQUE AQUI).  Se você leu, vai lembrar que falamos sobre estoques e produção. Então, ao analisar cases como dela (indústria), é preciso prestar atenção a fatores essenciais:

  • Demanda independente (variação da demanda), onde a demanda do mercado determina o nível de estoque. Mas veja que a M. Dias está tentando adequar essa variável, afinal, o varejo está mudando a política de gestão de estoques.
  • Demanda dependente (da independente); por ser mais previsível, pode gerar perdas. Caso a demanda independente não seja projetada com eficiência, aumenta custos no processo e o torna ineficaz, ou menos eficiente.
  • Gestão do estoque (equilíbrio entre reduzir e não faltar).
  • Custo do estoque (estocagem, espaço de armazenagem – aqui lembre também de HYPE3 – GRND3, e custo do capital).
  • Acuracidade de estoques, para evitar percentual elevado de perdas, principalmente no ramo alimentício, afinal, sabemos que os preços alteram de acordo com validade.

O mercado enxerga a produção e o volume x preço.

Na empresa em questão citei que existem estratégias para aumento e também redução do preço do trigo (que é a maior composição no custo), e que cada cenário exige da empresa um comportamento em relação a preço final (consumidor) e que isso altera market share, mesmo que momentaneamente. Logo o mercado reage: volume menor, aumento de preço, matéria-prima mais cara (mesmo com armazenagem/contratos razoáveis), perda de market share, queda no ebitda/lucro, ou seja, a reação é precificar o que está acontecendo hoje, uma dificuldade de adequar os processos à necessidade do mercado consumidor.

Como ela sempre foi precificada como ativo HQ, a cotação estava em um patamar. Agora o mercado olha pra ela e faz perguntas, questiona alguns pontos e faz isso como? Através da cotação!

Repetindo as perguntas anteriores, isso significa que a empresa é ruim? Que ela não possui fundamentos? Ou que ela é a maior barganha da bolsa? A oportunidade de uma vida?

Nem uma coisa, nem outra!

Concluindo

Negócios são dinâmicos e reagem ao mercado consumidor, que reage ao cenário, ou seja, é um conjunto de forças com diferentes impactos no resultado, com sua importância e com seu tempo de duração, que vai variar de acordo com o comportamento do sistema, da cadeia produtiva e do mercado consumidor – é um conjunto.

Mas tem uma variável que pode ser definitiva em qualquer negócio, em qualquer cenário – A GESTÃO.

Um negócio pode ter preço, mercado, consumo crescente e ainda assim perecer, caso a gestão não seja profissional e se não houver expertise no negócio, assim como negócios que sofrem com concorrência, preço, etc., podem reverter cenários se a gestão for qualificada e preparada para os desafios do negócio.

Avalie mais os cases e menos os ímpetos de compra e venda, mais ITRs e menos rede social.

Informação é dinheiro!

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Até a próxima semana.

Daniel Nigri com apoio de Patricia Rossari

O analista Daniel Nigri CNPI1810 é o responsável pelas informações perante a ICVM 598

 

 

 

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