Análise Fundamentalista – Além do Balanço
Vamos partir do princípio e falar sobre a constatação do óbvio, para investir no mercado financeiro é preciso conhecê-lo, seu funcionamento, regras e os ativos que o compõem. Se você não possui esse conhecimento acaba transferindo para seu corretor ou fazendo algo ainda mais perigoso, escolhe o ativo que está na “moda”, seja por estar em viés de alta ou baixa e esses erros são igualmente desnecessários.
Interpretar as “torcidas” que os investidores formam por um ativo não é análise, ler postagens em sites que compartilham opiniões de usuários também não, ajuda a conhecer o rumo da manada, mas nunca deve ser usado como parâmetro de decisão para montar uma operação. Não acredite na aprovação ou desaprovação alheia para justificar sua própria insegurança, que vem obviamente do fato de que não existe conhecimento suficiente para analisar os componentes fundamentalistas na aquisição ativos e consequentemente razões fundamentadas em múltiplos, mercado e segmento do negócio para mantê-lo a Longo Prazo.
Insegurança e mercado de capitais são elementos que não combinam, eles são a mistura responsável pela alta taxa de mortalidade no mercado. Existe a insegurança por não ter experiência no mercado e existe aquela resultante do “investimento de expectativa”, eu monto a operação porque acho que vai subir, monto uma operação vendida porque acho que vai cair, monto uma operação porque meu joelho dói, possível que chova, e assim por diante.
Aprender a decidir comprar ou vender um ativo com segurança e consciente dos riscos é uma das primeiras tarefas que qualquer investidor deve cumprir, e isso é possível a partir do momento em que meus conhecimentos sobre o assunto são suficientes para interpretar os relatórios dos analistas. Se ainda assim tiver alguma dúvida lembre sempre que o dinheiro investido é o seu, e que um relatório pode ter várias hipóteses, mas só uma delas vai ocorrer, ou seja, se unirmos seu conhecimento técnico ao relatório do analista podemos multiplicar a chance de optarmos pela hipótese que será a realidade do ativo.
Digamos que uma corretora aumente o preço alvo do ativo e justifique essa atitude dizendo que existe uma probabilidade de que o mercado que consome aquele produto siga em expansão devido ao aumento de demanda causada pela sazonalidade inerente ao negócio, mas que também pode sofrer devido a variações externas sem controle que podem causar ajustes nos projetos diminuindo a projeção do retorno esperado. O que você faria? Como isso interfere na análise fundamentalista? Como interpretar essa hipótese?
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Além do Balanço
Chegamos aqui ao ponto chave do nosso assunto, análise fundamentalista não é composta somente pela interpretação dos múltiplos que compõem no final o valor intrínseco do ativo. A análise fundamentalista é entender os conceitos contábeis e assim compreender como esses números influenciam o resultado do negócio, saber que empresas dependentes de commodities sofrem com a variação dos mesmos no mercado internacional, estar ciente de que empresas de ciclos compostos por variáveis sazonais requerem atenção ao comportamento dos custos de produto e da estratégia de negociação dos contratos com os fornecedores, que as margens dependem muito da eficiência da cadeia logística e que esta altera de forma substancial a rentabilidade ou o prejuízo do negócio.
Existe uma ideia propagada no mercado de que investir a longo prazo, analisando os ativos em seus fundamentos contábeis não tem absolutamente nada haver com variação da cotação, ou análise trimestral dos resultados, ou ainda que basta saber o significado de PL, LPA, ROAE, VPA, EV/Ebitda, beta, DY, PY, etc., e se eles estão alinhados a sugestão de parâmetro, como em um exame de sangue onde temos os resultados do lado esquerdo e os parâmetros aceitáveis do lado direito.
Sinto informar que não é assim tão simples, é preciso unir os resultados contábeis (que precisam ser analisados em conjunto com os dados da economia e as projeções de cenários futuros), aos resultados dos indicadores que analisam a margem de segurança que o ativo possui ou não, e conhecer o negócio, o segmento, entender o que a empresa faz e como ela faz, entender a estratégia da gestão na prática e não nas frases prontas e criativas expostas nos releases.
O potencial de crescimento em uma indústria com projetos de expansão através de novas plantas produtivas é diferente de uma com projeto de expansão usando apenas o aumento da capacidade devido à melhora da taxa de eficiência? Como isso pode ser analisado na Demonstração de Resultado de Exercício ou no Balanço Patrimonial, onde eu enxergo isso? De que forma meu estoque ou modelo de distribuição afeta meu custo e minha expansão de mercado, consequentemente o aumento da minha margem e da minha rentabilidade?
Gestão do Ativo na Análise Fundamentalista
A análise fundamentalista não é sinônima de analisei uma vez, comprei e vou “esquecer” o ativo na minha carteira porque é isso que investidor a Longo Prazo faz. Análise fundamentalista é sinônima de gestão de ativos, fundamental para diminuir a citada “taxa de mortalidade” no início do texto. E não se trata de prever o futuro, mas sim de entender que dados quantitativos e qualitativos de empresas não são imutáveis e necessitam de adaptações de estratégias, isso porque os fatores que compõem a análise mudam de acordo com o cenário externo a organização, sejam circunstancias contempladas pela política monetária, seja de retração ou de expansão, onde cada uma apresenta fatores que mudam a análise seja de compra de um novo ativo, de aporte, de venda ou de aguardar para saber o que fazer, famoso na dúvida opte por não fazer bobagem.
Por fim um dos fatores mais importantes quando se fala de análise fundamentalista é compreender que valor e preço/cotação não são inimigos, eles se complementam e ambas são informações essenciais para decidir se um investimento é viável, quando será viável e se continua sendo viável.
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Conclusão
Para finalizar é importante estar ciente de que ao comprar um ativo você está comprando uma empresa, logo é essencial que conheça o negócio principal e as variáveis externas que influenciam o setor, se o produto é essencial e também o que isso implica na análise e nas projeções. Busque conhecimento suficiente pra analisar quais as projeções futuras da empresa, se ela tem condições de crescer e por quanto tempo, se existem novos projetos, quais os retornos esperados?
Existe risco mesmo em análise fundamentalista, afinal são empresas e nem sempre elas conseguem entregar resultados positivos e podem ficar obsoletas ao longo do tempo, constatação do óbvio mais uma vez, é preciso gerenciar sua carteira e compreender que investir com base nos fundamentos não é só olhar para o passado.
Seja investindo com o objetivo de formar uma carteira de dividendos ou apenas buscando valorização eu recomendo que você busque conhecer a contabilidade, o mercado, o negócio e o segmento em que ele esta inserido, junte todas as informações e analise para tomar uma decisão consciente de que aquele ativo cumpre os seus requisitos como investidor, nunca deixe a decisão para outra pessoa, seu comando sua responsabilidade.
Abraços e bons Investimentos,
Patricia Rossari
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