Hoje vamos falar da Industria Romi S.A., uma empresa reconhecida internacionalmente, pioneira na fabricação de maquinas-ferramenta no Brasil, fornecendo produtos e serviços para os mais variados setores da indústria, como aeronáutica, defesa, fabricantes e fornecedoras da cadeia automobilística, bens de consumo em geral, maquinas e implementos agrícolas e maquinas e equipamentos industriais.
Produtos fabricados:
- Máquinas-ferramenta (máquinas e equipamentos para trabalhar metal por arranque de cavaco), em especial centros de torneamento, tornos CNC, tornos convencionais, centros de usinagem e mandrilhadoras.
- Máquinas para Processamento de Plásticos (máquinas e equipamentos para moldar plástico por injeção e por sopro).
- Peças de ferro fundido cinzento e nodular, fornecidas brutas ou usinadas.
A empresa também é reconhecida pela capacidade de inovação e tecnologia empregada na fabricação de seus produtos, podendo oferecer serviços complementares de engenharia pré e pós-vendas, assistência técnica e peças de reposição. Conta com equipe de vendas própria no mercado interno, e uma rede de distribuidores sediados em todos continentes, além de subsidiárias de comercialização e serviços nos EUA, Itália, Alemanha, Inglaterra, Espanha, França e México.
A companhia conta com 13 unidades fabris (onze estão localizadas no Brasil e duas na Alemanha), sendo quatro unidades de montagem final de máquinas industriais, duas fundições, quatro unidades de usinagem de componentes mecânicos, duas unidades para fabricação de componentes de chapas de aço e uma unidade para montagem de painéis eletrônicos. A capacidade instalada de produção de máquinas industriais é de aproximadamente 2.900 máquinas/ano, e na fundição de 50.000 toneladas/ano.
Breve história:
Fundada em 1930, na cidade de Santa Bárbara do Oeste, por Américo Emílio Romi, a empresa era estritamente uma oficina de reparo de automóveis, cujo nome era Garage Santa Bárbara. Com o bom andamento dos negócios, em 1934 é inaugurada a primeira fundição, e em 1938 passa a disponibilizar vários modelos de implementos agrícolas. Muda de nome para Máquinas Agrícolas Romi Ltda.
Com a chegada da Segunda Guerra Mundial o país precisou superar a baixa produção da indústria nacional, dependente de importação de equipamentos industriais, como máquinas, ferramentas e peças de manutenção… Foi nesse cenário, que Emílo Romi passa a produzir por conta própria as peças necessárias para consertar suas máquinas e, logo depois, construir uma máquina inteira não só para ele próprio, mas para o mercado em geral.
Com isso, em 1941, a Romi lança o primeiro torno horizontal de ferramentaria 100% nacional batizado de “Imor”, e logo em 1944 dá início as operações de exportação, com venda para a Argentina. No início da década de 1950, com a normalização do comércio internacional, a Romi busca equipamentos nos Estados Unidos e Inglaterra para desenvolver modelos de tornos com novos padrões de qualidade e produtividade.
No ano de 1956 ocorre o lançamento do automóvel Romi-Isetta, o primeiro veículo concebido em sua totalidade por uma entidade genuinamente brasileira, foram 3.000 unidades produzidas, com produção encerrada em 1961. Em 1962 a empresa muda de nome para Indústrias Romi S.A.
Em 1972 a Romi se torna uma sociedade anônima de capital aberto, com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, e em 2007 passa a integrar o novo mercado. Em 1974 a empresa faz a entrega da primeira injetora Romi Reed modelo 300 TD 850, em 1978 inaugura a unidade para fabricação de máquinas pesadas e extrapesadas, no ano seguinte aumenta a planta de fabricação de injetoras e em 1984 a empresa fabrica a primeira injetora de termoplástico com tecnologia CNC da marca ROMI.
Em 1986 é inaugurada a unidade de fabricação de CNC Mach e de painéis eletrônicos; em 1995 a unidade de fabricação do sistema Romicron para usinagem de furos de alta precisão, e no ano de 1998 a empresa inicia as atividades nos EUA, em Kentucky, como um apoio aos distribuidores da marca na região; em 2001 foi a vez da Alemanha.
Em 2000 e 2004 são inaugurados dois centros de tecnologia, um para máquinas e ferramentas e outro para injetoras termoplásticas. Hoje, 4% de receita anual líquida são aplicados em pesquisa e desenvolvimento. No ano de 2008 é criada a ROMI Itália e em 2009 a empresa adquire a tecnologia para fabricar máquinas sopradoras para plástico (PET). Em 2011 ela adquire a fabricante alemã de máquinas-ferramenta Burkhardt – Weber. Em 2014 ela inaugura o Centro de Difusão de Tecnologia.
Nos últimos anos a empresa destaca que, estrategicamente, tem dado prioridade ao desenvolvimento de novas gerações de produtos que contam com evolução no conteúdo tecnológico, alinhadas às necessidades da indústria 4.0, fator que mantém a competitividade e tem impulsionado a boa aceitação do mercado.
Vocês já devem ter percebido que estamos falando de uma empresa que está diretamente ligada ao crescimento da nossa indústria, e que vai depender do quanto o empresário tem confiança na recuperação da economia, para estar disposto a investir e ampliar projetos.
No gráfico abaixo, podemos ver no Índice da Utilização da Capacidade Instalada (UCI), o forte impacto causado pela pandemia nos meses críticos de 2020, quando diversas industrias ficaram paralisadas. No início de 2021, com o aumento dos casos de Covid-19, esse índice tem apresentado uma maior volatilidade, mas permanece favorável a continuidade de investimentos, com 70% da utilização da capacidade.
O ano de 2021 continua com indicação de um ambiente bastante favorável para investimentos, dando continuidade a um período iniciado em meados de 2020. A recuperação no volume de negócios também pode ser notada com a entrada constante de pedidos de máquinas da Romi.
A empresa vem se beneficiando do atual nível de juros reais, assim como da desvalorização cambial, que estimulam a indústria nacional a alocar maior parcela do capital na economia produtiva. Já no mercado externo, houve recuperação gradual de pedidos por máquinas, tanto para máquinas Romi, quanto máquinas BW, impulsionados principalmente pelo continente asiático e volta gradual da Europa.
Vejam abaixo a entrada de pedidos.
No 1S21 o total de entrada de pedidos ficou em R$ 773,46 milhões, um crescimento de 9,95% em relação ao 2S20, período em que a retomada de pedidos já estava em patamar elevado.
Agora vamos a carteira de pedidos atual.
Fonte: RI da empresa Romi
No 2T21 o total de pedidos foi de R$ 674,89 milhões, uma queda de 4,7% em relação ao 1T21, com R$ 340,56 milhões de pedidos para máquinas Romi, praticamente em linha com o 1T20, e crescimento de 3,5% para fundidos e usinados no comparativo com 1T21, com destaque para pedidos do mercado agrícola, automotivo comercial e de construção.
Resultados do 2T21:
Da receita líquida total de R$ 574,1 milhões no 1S21, 74% foram geradas no mercado doméstico, 19% na Europa, 1% na Ásia, 3% nos EUA e 3% na América Latina, ou seja, R$ 423,9 milhões aqui no Brasil e R$ 150,2 milhões lá fora. A receita no mercado externo em dólares recuou de US$ 31,6 milhões no 1S20 para US$ 28,2 milhões nesse semestre.
Fonte: RI da empresa Romi
A margem bruta do 1T21 foi de 32,7%, representando um crescimento de 4,6p.p. em relação ao 2T20, já a margem operacional (EBIT), teve crescimento de 10,7p.p. no mesmo período.
O Ebitda ajustado do 2T21 foi de R$ 66,5 milhões, contra R$ 35,4 milhões no 1T21 e R$ 19,2 milhões no 2T20. Acompanhe abaixo o resultado de geração de valor da produção por unidade de negócio:
Fonte: dados do RI da companhia 2T21
O resultado líquido no 2T21 foi de R$ 42,8 milhões, representando um crescimento de 277% em relação ao lucro líquido do 2T20. Segue abaixo a evolução das margens Ebitda e Liquida ajustadas.
No final do 2T21, a Romi possuía R$ 164,9 milhões em caixa, equivalentes de caixa e aplicações financeiras. Já a posição consolidada líquida de caixa (dívida) fechou negativa em R$ 4,4 milhões, ou R$ 345,3 milhões, considerando o financiamento do FINAME.
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