Análise Setorial – A Importância do Contexto nos Resultados

Análise Setorial – A Importância do Contexto nos Resultados

Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.

-Charles Darwin

O IBGE divulgou em março que a economia brasileira cresceu 1% em 2017, um PIB de 6,6 trilhões, sendo que deste 1% a agropecuária foi responsável por 70% do crescimento com uma expansão de 13% no setor (supersafra), porém gerou apenas R$ 299,5 bilhões sendo menos de 5% do PIB. O destaque se deu pelo fato de que os outros setores tiveram crescimento pífio como o setor de serviços que reagiu 0,3%, equivalente a R$ 4,13 trilhões ou não apresentou crescimento como a indústria que não alterou, ficando em R$ 1,21 trilhão.

Vale lembrar que nos anos anteriores (2015/2016) a perda na economia havia sido de 3,5%, ou seja, a economia está no mesmo patamar do ano 2011. Vejam essa notícia de 2014:

analise setorial

Aqui podemos observar o PIB desde 2001:

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E qual a relação desse número com o resultado das empresas? E porque é importante para uma análise setorial?

Para que possamos entender o momento atual do setor, isso inclui saber se está em crescimento ou não, se está em início ou fim de ciclo (caso das empresas expostas às commodities e a sazonalidade) se será beneficiada com o aumento da inflação, se os juros em ascensão são positivos e trarão mais receitas financeiras ou se apenas irão aumentar o custo de capital e interferir na política de investimentos de expansão, etc.

Se considerarmos os dados (dólares):

  • Saldo da balança comercial em 2017: Superávit de $ 67.001 bilhões.
  • Saldo da balança comercial em 2016: Superávit de $ 47,683 bilhões

Ao analisar esses números precisamos levar em consideração que saímos de um PIB de -3,5% para 1% (gráfico acima), e que a indústria produziu menos que a capacidade nos anos anteriores, logo ela vai demorar mais até utilizar a capacidade que estava ociosa para de fato pensar em investir, e isso reflete nos resultados da empresa e da economia de forma geral.

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Em 2016 o Brasil exportou em maior quantidade os seguintes produtos, com uma alta de 18,5% em relação a 2016:

  • Minério de ferro,
  • Ferro fundido e aço;
  • Óleos brutos de petróleo;
  • Soja e derivados;
  • Automóveis;
  • Açúcar de cana;
  • Aviões;
  • Carne bovina e carne de frango
  • Café

A exportação de produtos básicos cresceram 35% em relação a 2016, principalmente  milho, soja, petróleo e carne bovina, já os produtos manufaturados tiveram uma alta de 14% e os semimanufaturados de 8%.

 

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Em 2016 o Brasil importou em maior quantidade os seguintes produtos, com uma alta de 10,5% em relação a 2016, lembrando que esse índice voltou a subir após dois anos de queda:

  • Petróleo bruto;
  • Circuitos eletrônicos;
  • Transmissores/receptores;
  • Peças para veículos,
  • Medicamentos;
  • Óleos combustíveis;
  • Equipamentos elétricos.
  • Automóveis;

Abaixo os valores totais por Mês da Balança Comercial em US$ Bilhões, retirados do site www.mdic.gov.br

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Comparação Entre Setores

Para identificarmos as melhores empresas e as piores também precisamos conhecer as particularidades do setor para que possamos compreender os riscos, e para isso é fundamental entender que quanto maior o consumo das famílias maior o PIB, são duas variáveis que possuem grande correlação, afinal a composição no cálculo dessa variável é de 64%, então a lógica é imaginar que os produtos essenciais são sempre as primeiras escolhas de consumo, quando maior a demanda maior a produção, dessa forma o ciclo acontece. Mas para que o crescimento seja sustentável não bastam apenas medidas pontuais (caso do saque do FGTS), precisamos investir em infraestrutura, adotar políticas fiscais mais responsáveis e que auxiliem o desenvolvimento das indústrias de médio e grande porte.  Segue abaixo índices de consumo nos trimestres de 2017:

Desempenho no 1º trimestre:

  • Consumo das famílias: +0,2%

Desempenho no 2º trimestre:

  • Consumo das famílias: +1,2%

Desempenho no 3º trimestre:

  • Consumo das famílias: +1,1%

PIB do Brasil no 4º trimestre:

  • Consumo das famílias: +0,1%

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Lembrando que houve queda de 4,3% em 2016 e 3,2% em 2015. Então porque o nível de consumo melhorou? Devido a queda da inflação e dos juros aumentando o crédito além da evolução tímida dos indicadores de emprego ( a taxa de desemprego ainda está altíssima) e renda.

Já a inflação de 2017 ficou em 2,95% em 2017 abaixo de 2016 que ficou em 6,29%. Essa queda principalmente devido à queda no preço dos alimentos além obviamente devido ao fraco crescimento da economia, por grupos no ano de 2017 a inflação ficou assim:

  • Alimentação e bebidas: -1,7%
  • Habitação: 6,26%
  • Artigos de residência: -1,48%
  • Vestuário: 2,88%
  • Transportes: 4,10%
  • Saúde e cuidados pessoais: 6,52%
  • Gastos pessoais: 4,39%
  • Educação: 7,11%
  • Comunicação: 1,76%

Essa análise da inflação é fundamental para as empresas, afinal ela repassa esses aumentos de custos gerados pelo índice no preço dos produtos/serviços, ou seja, impacta de fato o resultado do negócio consequentemente na avaliação do preço justo. Nas empresas que tem contratos com governo e os reajuste tem como índice base a inflação, logo a tendência é o aumento do resultado. Porém não podemos esquecer que quando não existe crescimento da economia ocorre redução do consumo, portanto as variáveis podem acabar se anulando, não é regra, mas é uma análise necessária principalmente nos casos de concessões de serviços não essenciais.

Outro fator essencial é a Selic, pois é usada para controle da inflação. Isso porque quando ela esta alta acaba influenciando na queda da inflação através do desestimulo do consumo, e isso ocorre pelo fato que os juros ficam mais altos, e na baixa estimula o consumo. Além da questão da avaliação das empresas alavancadas que irão variar o valor das dívidas comprometendo assim parte dos resultados, além do cálculo do preço justo através do fluxo de caixa descontado que prevê no cálculo da taxa de desconto a utilização da taxa básica de juros. Abaixo tabela desde 2011 retirada do site www.bcb.gov.br:

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A título de curiosidade e para entendermos que o mercado é dinâmico e refletem as políticas fiscais e monetárias, a maior taxa selic que já tivemos desde 96, foi de 45% entre 05/03/1999 e 24/03/1999, retirada do site www.bcb.gov.br:

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Concluindo

Todos os índices acima contribuem para o resultado das empresas, portanto devem ser considerados na análise antes de qualquer investimento. Quando um determinado cenário se projeta a escolha de ativos específicos determinam a sua rentabilidade assim como a eficácia da empresa perante os pares do mesmo setor, se os juros sobem aumenta a receita financeira de quem possui muito dinheiro investido e também aumenta custo da dívida das empresas alavancadas alterando o equilíbrio dos fluxos.

Caso a receita da empresa seja influenciada pela inflação, caso do reajuste de preços de alguns serviços básicos aumenta o resultado, porém caso esse serviço tenha dependência do consumo que é estreitamente ligado ao PIB e esse consumo não cresce a tendência é a neutralização do resultado que a principio seria positivo. Quando existe valorização do dólar as empresas que tem receita na moeda melhoram os resultados, assim como quando existe uma retirada de capital da bolsa brasileira pelos investidores externos o índice cai abrindo algumas boas oportunidades.

Compreender a economia macro é ter consciência dos riscos ao investir.

Falhar em preparar-se é preparar-se para falhar.

-Benjamin Franklin

Entenda cada vez mais esse cenário volátil e a macroeconomia tornando-se MEMBRO GOLD.

Daniel Nigri

Apoio: Patrícia Rossari

O analista Daniel Nigri CNPI1810 é o responsável pelas informações perante a ICVM 598

As informações não constituem recomendação de compra ou venda de qualquer ativo

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