Em 23 de fevereiro de 2018, cerca de 3 anos atrás, as ações da M. Dias Branco (MDIA3) eram cotadas a R$ 60,15. Desde lá, as ações caíram mais de 60% e hoje são negociadas na faixa dos R$ 22,30.
Fonte: Google Finance
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Além disso, se pegarmos o acumulado dos últimos 5 anos, observamos que foram anos e anos seguidos de queda. Imagine a sensação do investidor que comprou as ações perto das máximas e já está há pelo menos 3 anos perdendo dinheiro com seu investimento. Terrível, não?
Para muitos, pode parecer que o investimento na M. Dias Branco foi uma péssima decisão. Entretanto, os investidores que fizeram seu dever de casa antes de realizar a compra das ações MDIA3, compreendem o momento que a companhia vive e conseguem dissociá-lo do real valor intrínseco do negócio.
Com finalidade de assimilar o cenário atual da M. Dias Branco, precisamos captar o funcionamento do negócio.
A M. Dias Branco é uma companhia do setor de alimentos que opera com as seguintes linhas de negócio: biscoitos, massas, farinha e farelo de trigo, margarinas e gorduras vegetais, bolos, snacks, mistura para bolos e torradas. A empresa já possui mais de 60 anos de atuação no mercado alimentício brasileiro e possui posição de liderança nos segmentos de biscoitos e massas, sendo a parte de biscoitos o mais representativo na receita líquida da companhia (segundo dados do resultado do 1T22).
Fonte: Release de resultados 1T22
Diante do exposto, o raciocínio deve ser simples: do que uma indústria predominantemente voltada para a fabricação de biscoitos e massas mais precisa? Trigo!
O trigo é a principal matéria-prima utilizada pela M. Dias Branco, ou seja, ela precisa do trigo para fabricar seus principais produtos.
Entendido isso, vamos falar sobre o trigo (calma que eu vou explicar e vai fazer sentido!).
Tendo em vista que o trigo é uma commodity e as commodities são: 1. negociadas em dólar e 2. tem seu preço ditado pelo mercado global, é plausível compreender que se o preço do trigo sobe e o dólar se valoriza frente ao real, pior para a M. Dias Branco. Correto?
Se não ficou claro, é só pensar que se a matéria-prima mais utilizada por uma empresa fica mais cara, os custos de produção da companhia crescem. Se os custos de produção crescem, a companhia tem suas margens pressionadas.
Margem, basicamente, representa a lucratividade de um negócio.De forma simplificada, é a diferença entre o preço que uma empresa vende seus produtos e o custo que ela tem para fabricá-los, quanto menor a margem pior o resultado da empresa.
Todavia, quando uma empresa tem seus custos incrementados, ela tem duas opções: aumentar o preço médio dos seus produtos ou manter o preço e diminuir a sua margem.
A questão é que ambas decisões têm efeitos colaterais.
Se uma companhia sobe muito o seu preço médio, é provável que seus produtos sejam substituídos por outros mais baratos e, assim, ela perca volume de vendas e participação de mercado (market share). Ruim, né?
Por outro lado, se ela mantiver o preço dos seus produtos e diminuir sua margem, a companhia diminui sua lucratividade. Também é ruim, né?
Considerando esses dois cenários, já conseguimos imaginar o que pode ter acontecido com a M. Dias Branco.
Trazendo o gráfico dos últimos 5 anos do preço do trigo, podemos notar que ele tomou a direção oposta das ações MDIA3:
Fonte: Investing
Acrescido a essa grande alavancada do preço trigo, se trouxermos o gráfico do dólar dos últimos 5 anos perceberemos, também, uma alta significativa:
Fonte: Google Finance
Como já comentado anteriormente, a escalada do preço do trigo e do dólar impactam negativamente a M. Dias Branco. Logo, ao constatarmos que nos últimos 5 anos o preço, tanto do trigo quanto do dólar, subiram vertiginosamente, é decifrável que um dos grandes empecilhos que a M. Dias Branco passa tem grande relação com isso. Concorda?
Por fim, para complementar a nossa análise da situação do negócio, observe abaixo como os custos da M. Dias Branco cresceram:
Fonte: Release de Resultados 1T22
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Atente-se ao custo dos insumos mais utilizados pela companhia, trigo, óleo e açúcar, todos subiram!
Perante o exposto, repare que os dados se cruzam e podemos resumir a situação em: maiores custos de fabricação estão pressionando as margens da M. Dias Branco tem prejudicado seus resultados ao longo dos últimos 5 anos.
Assim sendo, a reversão dessa conjuntura desfavorável também fica clara. Quando o preço do trigo e dos outros insumos da M. Dias Branco arrefecerem e o dólar também, a empresa deve retornar suas margens aos antigos patamares e melhorar substancialmente seus resultados.
Em paralelo, na hora que o mercado perceber que o cenário vivido pela companhia deve melhorar e a expectativa de volta das margens surgir, as ações MDIA3 tendem a disparar.
Fez sentido?
Grande abraço e bons investimentos!
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