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O seu (verdadeiro) perfil de investidor

De 2020 para cá, já são quase 4 anos de uma bolsa praticamente estagnada. A pergunta que fica é: quantos investidores arrojados da leva de 2020 ainda restam no mercado?

Durante o auge da pandemia, com a taxa Selic em 2% ao ano e uma liquidez global abundante, o Ibovespa parecia ser a porta de entrada para a prosperidade. Muitos investidores ingressaram na bolsa acreditando que estavam descobrindo um novo Eldorado. O FOMO (“fear of missing out” ou medo de ficar de fora) dominava, e o comportamento de manada era evidente: todos queriam aproveitar o rali da bolsa.

Entretanto, é fundamental entender que a psicologia que nos guia é moldada pelo ambiente. Em cenários de alta, é natural que até mesmo os investidores mais conservadores se vejam tentados a assumir riscos excessivos. Afinal, quem não quer um pedaço do bolo quando os ganhos parecem garantidos? Como dizem: não existe investidor conservador durante um Bull Market.

Eis que o cenário muda drasticamente. A alta dos juros, a inflação global persistente e uma economia local desafiadora trouxeram ventos contrários. Não demorou para que muitos percebessem que o mercado de renda variável tem muito pouco de garantido.

A euforia de 2020 deu lugar à apatia ou, em muitos casos, ao desespero. Vimos uma verdadeira debandada de investidores. Dados da B3 mostraram que o número de pessoas físicas ativas na bolsa diminuiu nos últimos anos, refletindo uma dura lição: nada como um Bear Market para nos ajudar a conhecer melhor o nosso perfil de investidor.

A economia comportamental tem muito a nos ensinar sobre esse fenômeno. Vieses cognitivos influenciam diretamente como lidamos com as oscilações do mercado:

  1. Excesso de Confiança: Durante um Bull Market, muitos acreditam que possuem habilidades especiais para investir, confundindo sorte com competência.
  2. Aversão à Perda: A dor de perder é psicologicamente mais impactante do que o prazer de ganhar. Em um mercado de baixa, essa aversão é amplificada, levando à venda de ativos em momentos inoportunos.
  3. Falácia da Recência: Tendemos a dar maior peso aos eventos mais recentes. Quem começou a investir em 2020 pode ter acreditado que ganhos expressivos eram o padrão, não a exceção.
  4. Ilusão de Controle: Durante períodos de alta, é comum acreditarmos que temos controle sobre o mercado, ignorando fatores macroeconômicos ou geopoltíticos.

Esses vieses nos mostram que ser um investidor arrojado vai muito além de aceitar riscos. Requer uma mentalidade diferenciada, um estômago de ferro e, acima de tudo, disciplina para seguir essa estratégia em qualquer cenário.

Nos últimos meses, muitos investidores buscaram alternativas, migrando parte do portfólio para o exterior ou para a renda fixa, em busca de melhores retornos. Para quem descobriu que seu perfil é mais conservador do que imaginava, essa pode ser uma decisão sensata. Afinal, alocar seu patrimônio de acordo com sua tolerância ao risco é essencial para dormir tranquilo à noite.

Por outro lado, é preciso lembrar que os ciclos de mercado são inevitáveis. Uma hora, a bolsa vai voltar a subir. E quando isso acontecer, o pior erro seria retomar uma postura arrojada à base da euforia. Investir é um jogo de longo prazo, e ajustar sua carteira com base em emoções momentâneas é uma receita para o fracasso.

É aqui que entra a velha e boa diversificação. Um portfólio equilibrado deve conter um pouco de tudo: ações, renda fixa, ativos no exterior, commodities, entre outros. O problema é que muitos não souberam calibrar sua exposição. Talvez, ao invés de colocar 100% do patrimônio na bolsa, uma alocação de 10% seja mais adequada para a maioria das pessoas. Afinal, ações não são para todos, e não há vergonha nenhuma em admitir isso.

Além disso, a diversificação também protege contra um dos maiores inimigos do investidor: o viés da concentração. Apostar tudo em uma única classe de ativos é perigoso, principalmente em momentos de incerteza. Como dizem: “Diversificar é o único almoço grátis no mercado financeiro”.

Para quem permaneceu no mercado nesses últimos anos desafiadores, uma lição valiosa foi aprendida. Investir não é apenas sobre buscar os maiores retornos, mas sim sobre entender quem você realmente é como investidor. Esse autoconhecimento é o ativo mais valioso que você pode adquirir.

Por fim, fica o lembrete: ser arrojado nos investimentos é uma escolha que precisa estar alinhada à sua personalidade e à sua situação financeira. É algo que exige preparação emocional, racionalidade e, acima de tudo, humildade para reconhecer os próprios limites. Afinal, o mercado não perdoa excesso de confiança, e nada como um Bear Market para nos lembrar disso.

Grande abraço,

João Pedro Mello

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