Resultados do primeiro trimestre 2019: O que esperar?

Resultados do primeiro trimestre 2019: O que esperar?

 

Alguns que me acompanham devem saber que os resultados das empresas do Primeiro trimestre do ano de 2019 (1T2019) começaram ontem com os resultados de Usiminas e irão até 15/05/2019. Obs – Estou escrevendo antes da divulgação deste resultado.

Os resultados trimestrais são fundamentais para acompanharmos as ações que já compramos e ainda aquelas ações que estamos pensando em comprar, mas ainda não tomamos uma decisão. Nos relatórios trimestrais, podemos analisar como cresceu / reduziu as Receitas, as Margens, os Custos, as despesas, o endividamento, o Lucro das Companhias, e ainda podemos perceber o principal, se as empresas estão conseguindo levar adiante a estratégia delas de crescimento e de geração de Caixa futura aos acionistas, que no final de tudo é o que importa para os investidores.

 

Particularidades das empresas

Embora, cada empresa tenha particularidades que são extremamente específicas, todas elas possuem o impacto do mesmo meio, afinal todas estão situadas no Brasil e em maior escala no Planeta Terra. Isso significa que um ambiente melhor para negócios no Brasil, provavelmente fará com que uma quantidade maior de empresas gere bons resultados, e maiores lucros. Enquanto que um cenário econômico ruim, como o da Argentina atualmente, fará com que a maior parte das companhias tenham redução dos lucros ou até prejuízos crescentes por completa falta de demanda (leia-se dinheiro nas mãos das famílias).

Essa introdução é importante para você se situar e entender que podemos ter uma visão geral sobre os resultados das ações analisando o andamento da economia do Brasil neste início de 2019, os 3 primeiros meses do Governo Bolsonaro.

 

Vamos a alguns dados:

Após as eleições e com a vitória do candidato pró mercado, o consenso dos analistas era de um dólar em queda, enquanto a moeda brasileira (Real) se apreciaria cada vez mais. Abaixo vemos o preço do dólar neste período desde o fim das eleições no primeiro turno, até o dia 17/04/2019.

 

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Gráfico elaborado pela equipe Dica de Hoje com dados do Investing.com

 

O dólar se manteve em alta, em um patamar elevado em relação aos R$ 3,60 que era esperado pelo mercado. Então, neste caso, empresas que tenham receitas em dólar devem se beneficiar. Como por exemplo: Petrobrás, PetroRio, Suzano, Vale, CSN, Tupy dentre outras. Enquanto isso, algumas companhias que possuem Receitas em Real e custo em dólar ou um grande endividamento em dólar podem ter problemas nos resultados. Exemplos de Sabesp, Gol, MDias Branco, Minerva e etc…

 

Receitas em dólar

E ainda existem empresas como Fras-Le e Klabin que possuem tanto receitas em dólar quanto custos / endividamentos em moeda estrangeira também. Nestas o resultado se contrabalança.

Muitas das empresas citadas acima são empresas de commodities, então elas são afetadas tanto pelo dólar quanto pelo preço da commodity. O preço do petróleo, por exemplo, veja a imagem abaixo, subiu da casa de 55 dólares para os atuais 71 dólares. Então empresas de petróleo terão um impacto positivo na Receita de forma dobrada. Uma por parte da valorização da moeda estrangeira, e outra pela variação da commodity, no caso o Petróleo Brent.

 

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Gráfico elaborado pela equipe Dica de Hoje com dados do Investing.com

 

IPCA e IGPM

Outro indicador que é um dos “queridinhos” dos analistas é o IPCA e o IGPM. Tentar prever a inflação é importante para quase todos os setores. É importante para prever reajuste de salários, de despesas com frete, estocagem, distribuição.

Além disso, a previsão da inflação principalmente do IPCA (índice oficial do Governo) é fundamental para estimar a taxa de Juros SELIC futura, que vai balizar o CDI futuro que vai balizar o custo de capital das empresas. Então, um aumento de inflação em determinados momentos pode significar o adiamento de uma expansão de produção de uma companhia por causa do aumento do custo de capital de um endividamento, por exemplo.

Abaixo podemos ver a expectativa de inflação para o IPCA e para o IGPM de acordo com o Boletim Focus de 28/12/2018. O último do ano passado. Clique aqui para acessar o boletim Focus no site do Banco Central.

 

Resultados-do-primeiro-trimestre-2019-03

 

Como vocês podem ver a expectativa era de inflação controlada um pouco abaixo da meta no IPCA e de uma queda forte em relação a 2018 no IGPM.

Abaixo, eu coloco um gráfico com o aumento de inflação recente tanto no IPCA quanto no IGPM e que de certa forma freou a economia, assunto que trataremos depois.

 

Resultados-do-primeiro-trimestre-2019-04Gráfico elaborado pela equipe Dica de Hoje com dados do IBGE

 

Olhando acima o IPCA está momentaneamente inclusive acima da meta de inflação para 2019, algo que será revertido em Junho desse ano, mas que vai impactar algumas empresas.

 

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Gráfico elaborado pela equipe Dica de Hoje com dados da FGV

 

Inflação

O IGPM que é a inflação que corrige a maior parte dos alugueis residenciais chegou a cair para 6,75% em 12 meses em Janeiro/2019 e agora voltou a estar acima dos 8% em Março 2019 – 8,28%.

Recentemente, eu fiz um vídeo que mostrava como os índices ao atacado das empresas, estava muito maior que o índice ao consumidor e que em breve com o aumento de demanda fornecido pelo maior acesso ao crédito que os bancos estão oferecendo, traria uma inflação ao consumidor também, para que as empresas recuperassem as margens. Clique aqui e veja o vídeo.

Aqui temos duas formas de analisar a questão da inflação para tentarmos projetar os resultados 1T2019 das empresas. A primeira delas é mais simples. Empresas transmissoras de energia como Taesa, Alupar, Transmissão Paulista possuem seus contratos de concessão de linhas de transmissão reajustados por algum índice de inflação.

 

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Como estes índices subiram, os resultados dessas empresas devem vir bons. Recentemente a Sanepar conseguiu um reajuste de 12% superando as expectativas de mercado e as ações subiram também. Concessionárias de Rodovias, Empresas de saneamento, distribuidoras de energia, podem conseguir reajustes maiores esse ano se a inflação ficar mais alta que o estimado como ocorreu no 1T2019.

A segunda forma de se analisar é pensando que um aumento destes serviços traria menos dinheiro para o consumo das famílias, maior custo para empresas, tanto em energia, quanto em água e nos fretes, (aqui inclui o aumento do diesel, já vimos o aumento do preço do petróleo). Isso acarretaria uma redução da inflação, mas via compressão de margens o que atrapalharia a recuperação das empresas. Por outro lado, caso a demanda seja suficiente para que o consumo aumente e as empresas possam repor suas margens, teríamos uma inflação que acarretaria juros maiores já a partir de 2020. Como sempre, a economia está entre a Cruz e a Espada, e o Banco Central precisa ser bastante cauteloso com a política de juros.

 

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Obs: Na minha visão faltam algumas políticas micro-econômicas mesmo. Algo que melhore o comportamento do consumidor para que estes demandem mais produtos e no lado da teoria da firma, algo que facilite novos investimentos para expansão da capacidade produtiva de companhias que gerem muitos empregos. Algo que seja interessante para que a companhia invista mesmo com alguma capacidade ociosa. Problema hoje do Brasil é falta de emprego por falta de investimentos das firmas e do Governo, como o Governo não pode investir…

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PIB

E já que falamos em economia, vamos ao índice IBC-BR que tenta medir a atividade da economia brasileira e que muitos chamam carinhosamente de prévia do PIB.

Resultados-do-primeiro-trimestre-2019-06

 

Na imagem acima, vemos que nos 3 trimestres anteriores tivemos números positivos na atividade industrial, mesmo com Greve de Caminhoneiros, mesmo com Copa do Mundo, mesmo com eleições. E agora em Janeiro e Fevereiro de 2019 começamos a ver uma retração crescente.

O mercado por isso já prevê um PIB menor que 2% ao fim do ano, eu sigo desde o início do ano com a minha previsão de 1,4% e aos poucos o consenso de mercado está migrando para esse número.

Em um cenário de demora da retomada da economia, empresas de Varejo e industriais voltadas para a economia interna devem ter problemas em 2019, e como o primeiro trimestre já passou, podemos afirmar que os resultados de empresas como Grendene, Hypera, Graziottin, Restoque, Marisa, Guararapes e outras devem vir mais fraco do que o esperado.

 

Conclusão

Espero ter ajudado com esse artigo para que vocês não se assustem caso algumas ou muitas empresas que não sejam dolarizadas, de commodities ou de concessões tenham quedas nos lucros. Vejam que o “ambiente Brasil” citado no início do artigo não foi favorável para a economia interna. Lembro que no índice Ibovespa, a soma dos lucros líquidos de todas as empresas apenas no 1T2018 foi de R$ 48,6 bilhões, o que já é um número alto. Ou seja, não existe mais aquela base de comparação baixa de outrora.

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Abraços, Bons Investimentos e Bom Feriado.

 

Daniel Nigri – analista CNPI

 

 

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