Resumão Resultados 3T19 VIVARA (VIVA3) – 06/12/19

Resumão Resultados 3T19 VIVARA (VIVA3)

(Data de divulgação dos resultados ao mercado: 13/novembro/2019)
(Dados retirados do site de RI:https://ri.vivara.com.br/)

Estratégia da Empresa:

A Vivara possui 57 anos de história e hoje é a maior rede de joalherias do Brasil com 240 lojas espalhadas por todo o território nacional, com um vasto portfólio de produtos, entre joias, relógios, acessórios, fragrâncias e a linha “Life By Vivara”.

A Vivara S.A. fez seu IPO e estreou na B3 no dia 10/outubro/2019. A oferta pública movimentou R$ 2,3 bilhões.

Sendo R$ 453,5 milhões no mercado primário (quando os recursos vão para o caixa da empresa).

E R$ 1,842 bilhão na oferta secundária (quando os recursos vão para os acionistas, no caso para família fundadora, os Kaufman).

A empresa informou que do total levantado no mercado primário (R$ 453,5 milhões), 65% serão utilizados para abertura de lojas e o restante será destinado para aumento do parque fabril.

Até mesmo para a criação de uma nova marca. Segundo a empresa, aquisições no mercado também serão analisadas.

Esta é a primeira divulgação de resultados da Vivara S.A. e para fazer a comparação com resultados anterior foi preciso usar informações combinadas das subsidiarias Tellerina e Conipa.

Composição Acionária:

Resultados Vivara

 

Destaques Operacinais e Financeiros:

Receita Líquida:

No 3T19, a receita líquida da Vivara cresceu 9,2% em relação ao 3T18, impulsionada pelo bom desempenho em todos os canais, com destaque para venda de joias, que foi responsável por 52,1% das vendas totais.

E para o crescimento de 25,5% do E-commerce que atingiu 7,5% da participação nas vendas totais (um aumento de 1,1 p.p. em relação ao 3T18).

No acumulado do 9M19, a receita líquida apresentou um aumento de 11,7% em relação ao 9M18 e está relacionado ao maior volume de peças vendidas.

Resultados Vivara

 

Lucro Bruto e Margem Bruta:

No 3T19, o Lucro Bruto totalizou R$ 163,1 milhões, crescimento de 8,5% comparado ao 3T18, com recuo de -0,5 p.p. na Margem Bruta, que atingiu 67,8%.

A Margem Bruta registrada no 3T19 foi de 67,8% representando uma redução de -0,5 p.p. em relação ao 3T18.

Esta pequena redução foi positiva para empresa, visto que no primeiro semestre do ano (1S19 x 1S18) a redução da margem bruta tinha sido de -2,1p.p.

A Margem bruta do 3T19, refletiu os ajustes de preço frente ao novo patamar do custo da matéria prima (aumento do preço do Ouro) e maior rentabilidade na linha “Life”, com aumento de eficiência na produção de Manaus.

Resultados Vivara

 

Despesas Operacionais:

No 3T19, as Despesas Operacionais cresceram 1,8% em relação ao 3T18, refletindo a adoção do IFRS 16.

As Despesas com Vendas ficaram praticamente estáveis no período, principalmente, também em funçãoda adoção do IFRS 16.

No entanto, em bases comparáveis, estas despesas cresceram 11,4% no período, explicado pelo aumento do quadro de funcionários, em decorrência das novas lojas em maturação;

E também pelo crescimento das despesas com fretes, principalmente, reflexo do aumento da operação de e-commerce.

 

Despesas Gerais:

As despesas gerais e administrativas cresceram 12,8%, principalmente, pelo aumento das despesas com serviços de terceiros, como resultado pelo pagamento de honorários de processos tributários e serviços de consultorias voltadas para suportar a implantação da estratégia de omnicanalidade, e pelo aumento das despesas com pessoal, relacionado ao aumento de quadro administrativo.

 

EBITDA Ajustado e Margem EBITDA Ajustada:

A Vivara registrou R$ 53,6 milhões de EBITDA Ajustado no 3T19, um crescimento de 8,6% em relação ao 3T18 e Margem EBITDA Ajustada de 22,3%, praticamente estável (-0,1p.p.) entre os períodos.

A empresa alegou que este resultado é consequência do bom ritmo de vendas e a correta composição de estoque.

No acumulado 9M18, a Margem EBITDA Ajustada foi 0,5 p.p. menor, principalmente pela retração de Margem Bruta, efeito, principalmente, da menor participação de Life no mix de vendas, no período acumulado.

Resultados Vivara

 

Lucro Líquido:

No 3T19 a Vivara atingiu Lucro Líquido de R$ 39,6 milhões, uma redução de -0,6% em relação ao 3T18, consequência do desempenho operacional do período.

Com esse desempenho a Margem Líquida alcançou 16,5%, redução de -1,6 p.p., principalmente, em função da adoção do IFRS 16, que afetou negativamente o resultado líquido em R$ 3,5 milhões.

Resultados Vivara

 

Endividamento:

No final do 9M19, o índice de endividamento total (Dívida Líquida/ EBITDA Ajustado) da Vivara foi de 0,7x, abaixo do índice de 0,9x reportado no fim do 1S19, refletindo a redução de 12,8% na Dívida Líquida entre os períodos.

Na comparação com o índice apresentado em no final de 2018, o aumento registrado em setembro de 2019 deveu-se, principalmente, ao incremento de R$ 65,0 milhões na dívida bruta da empresa.

Resultado de novas captações ocorridas no início de 2019, para fortalecimento do caixa e ajuste na sua estrutura de capital.

Resultados Vivara

 

Investimentos – CAPEX:

Os investimentos no 3T19 totalizaram R$ 14,7 milhões, 207,0% maior que os investimentos do 3T18 e foram destinados principalmente a:

Inauguração de novas lojas; evoluções no parque industrial, com aquisição de maquinário e iniciativas digitais com base na estratégia de omnicanalidade (Sistemas/TI).

Investimentos Vivara

 

Geração de Caixa:

A Vivara gerou R$ 31,8 milhões de caixa livre no 3T19, 35,2% superior ao apresentado no 3T18,em função da melhoria da operação comercial e da menor necessidade de capital de giro, fruto de uma melhora na alocação de recursos.

Geração de caixa Vivara

 

Expansão:

No 3T19, a Vivara inaugurou 11 novas operações, sendo 6 Vivaras e 5 quiosques, e realizou a conversão/fechamento de 5 quiosques.

No acumulado 9M19, adicionaram 11 lojas Vivara e 6 novos quiosques com a conversão/fechamento de 8 quiosques.

Encerraram o período com o total de 240 pontos de vendas, dos quais 184 são lojas Vivara, 2 lojas Life e 54 quiosques.

OBS: A maioria dos quiosques que teve suas operações encerradas foi convertida em lojas novas ou incorporada a lojas já existentes, através de ampliação da área de vendas.

Expansão - Vivara

DRE Combinada Vivara

 

Conclusão sobre os resultados de VIVARA:

No dia 28/09/2019, escrevi um relatório aos meus assinantes sobre o IPO de Vivara – VIVA3.

Naquele relatório não recomendei a entrada no IPO que tinha como preço mínimo algo em torno de R$ 23,00 por ação. Nosso preço com margem de segurança foi de R$ 16,00.

O que acontece é que com a queda de juros e a possibilidade de um crédito mais forte para pessoas físicas.

Todo o Varejo tem tido altas nos preços das ações e vem sendo precificados a valores que não deveriam ser a realidade.

A não ser que o Brasil realmente se mantenha neste patamar de juros, inflação e com um crescimento do PIB acima de 2,5% por alguns anos.

 

Vivara possui resultados bons como outras empresas de Varejo.

Podemos ver abaixo alguns indicadores comparativos contra outras companhias que possuem lucros constantes e crescentes ao longo dos últimos anos apesar da recessão brasileira de 2014 a 2016.

Ou seja, são empresas que ganharam percentual de mercado no momento mais difícil.

  Preço / Lucro Preço / Valor Patrimonial ROE Cresc. Receita 3 anos
LREN3 41x 9,85x 24,0% 11,8%
ARZZ3 40,3x 8,27x 20,5% 10,0%
RADL3 44,1x 8,94x 20,3% 13,9%
VIVA3 34x 5,6x 15,5% 8,0% ao ano
MGLU3 75,9x 22,4x 29,5% 19,9% ao ano
PNVL4 22x 3,52x 16,0% 6,5% AO ANO

 

Vejam acima que Vivara é ligeiramente mais barata que as outras empresas boas de Varejo, como Lojas Renner, Arezzo e Raia Drogasil tanto no Preço / Lucro quanto no Preço / Valor Patrimonial.

Mas seu ROE é menor que as outras e seu potencial de crescimento de Receitas é muito menor. A única que não cresce mais de 10% ao ano nominalmente.

COMPARAÇÃO:

Então incluí a Panvel, uma rede de farmácias e drogarias muito conhecida no Sul do Brasil, e que tem um crescimento de 6,5% ao ano.

ROE equivalente ao de Vivara, e fica mais ou menos claro porque Vivara deveria ter sido precificada em torno de 20% a 30% mais barata.

Como não existe outra joalheria de capital aberto na nossa Bolsa precisei comparar com outras empresas de Varejo.

Inclusive no relatório, precisei comparar com a Pandora que possuía todos os indicadores melhores.

 

Indicadores entre a Vivara e a venda da Tiffany.

Há poucas semanas atrás, no dia 25/11/2019, a LVMH, dona da Marca Louis Vitton comprou a Tiffany por US$ 16,2 bilhões.

Em 2018, a Tiffany que foi fundada a quase 200 anos, em 1837 teve lucro de US$ 586,4 milhões com margem líquida de 13%.

O Valor de Vendas de 2018 da Tiffany foi de US$ 4,4 bilhões em 2018. Na tabela abaixo, vemos algumas comparações de indicadores entre a Vivara e a venda da Tiffany.

Tiffany Vivara
Preço / Lucro 27,6x 34x
Price Sales Ratio 3,7x 4,8x
Margem Líquida 13% 16%
Preço / Valor Patrimonial 5,1x 5,6x

A Margem Líquida de Vivara é beneficiada por alguns subsídios fiscais como a redução de imposto da Zona Franca de Manaus dentre outros.

Como podemos ver, os donos da Vivara se aproveitaram do bom momento da Bolsa para precificarem seu negócio em um valor superior ao que ele vale hoje.

Claro que a medida que a companhia for crescendo, daqui a alguns anos, o valor atual pode parecer barato, mas notadamente vemos que existem outras opções melhores nos dias de hoje.

O resultado em questão veio bem em linha com o que já era esperado e com alguma redução de margem que chamou atenção em alguns fatores.

Veja abaixo, alguns dos pontos que eu tenho receio no case da Vivara.

 

Devoluções

As devoluções de vendas e trocas alcançaram 18% das Vendas Brutas, ou R$ 67,5 milhões apenas neste trimestre. É um dos piores indicadores que eu já vi na minha vida!

Só é melhor que o das educacionais que precisam lançar o valor integral na Venda Bruta e depois lançar os descontos como abatimentos.

Receita líquida de venda Vivara

A Cada R$ 5,20 que são vendidos na Vivara R$ 1,00 é devolvido ou trocado!!

 

A companhia possui Riscos Tributários não provisionados de R$ 364,8 milhões. Este valor caso seja realmente perdido, significaria dois anos inteiros de lucros da companhia.

Riscos Tributários Vivara

 

O terceiro ponto é referente ao plano de outorga de opções, o Stock options da companhia que aceita distribuir até 5% de opções para diretores e para o conselho da companhia.

Na minha visão um percentual bem superior aos 2% a 3% comumente utilizado no mercado. Uma potencial diluição dos minoritários em caso de bons resultados.

 

O quarto ponto é referente a matéria prima da companhia. Em um momento de crise externa aguda Vivara perde três vezes.

  1. Sua matéria prima, o ouro é a que mais tende a se valorizar, porque é o produto principal que investidores buscam como proteção. Ou seja, custo de produção tende a subir muito.
  2. O ouro é cotado em dólar, que pela questão da proteção também tende a se valorizar em um cenário de crise.
  3. A companhia não conseguirá repassar este aumento de custos para o preço das jóias, uma vez que o mundo e por conseqüência o Brasil estariam em crise.

A estratégia

A estratégia da companhia em um cenário desses é focar em um mix de produtos mais barato, com maior quantidade de produtos de prata e não de ouro.

Essa estratégia funcionou durante a recessão de 2014 a 2016 da Vivara, no entanto, se houver um aumento do valor do dólar e do ouro ao mesmo tempo.

Eu teria curiosidade de ver os resultados de Vivara.

 

E finalmente o quinto ponto.
Mostra um não recorrente de R$ 6,2 milhões de correção monetária dos créditos de PIS e COFINS que a companhia preferiu não ajustar no seu lucro ajustado para não ficar latente a queda de lucro líquido ao mercado.

Correção monetária Vivara

 

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Abraços e Bons Investimentos!

 

            Daniel Nigri (analista CNPI) com a ajuda de Leo Bittencourt.

 

 

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