Via Varejo(VVAR3)
Estratégia da Empresa:
A Via Varejo é a maior empresa de varejo de eletroeletrônicos e móveis do Brasil. Dona das marcas:
“Casas Bahia” (com mais de 800 lojas e presença em mais de 20 estados brasileiros);
“Ponto Frio” (com mais de 200 lojas nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste);
“Bartira” (maior fábrica de móveis do Brasil e da América Latina);
“Extra.com.br” (e-commerce que comercializa um amplo número de produtos, como: automotivo, fraldas, móveis, utilidades domésticas, etc.).
A empresa, no final de junho de 2019, anunciou uma nova gestão. Na primeira semana de atuação do novo comando, substituíram toda a diretoria ligada ao core da Via Varejo e, nas semanas seguintes, substituíram praticamente toda a diretoria das áreas internas.
No final do 3T19, todo o time novo já estava trabalhando no turnaround e na grande transformação da Via Varejo.
Para realizar o seu turnaround, a Via Varejo priorizou desde o início o reforço do seu caixa, que apresentava um nível muito baixo e com dívida bancária que venceria no curto prazo.
Conseguiram ampliar seus limites de crédito e criar as condições de emitir notas promissórias de R$ 1,5 bilhão.
Fizeram uma importante redução de estoques (redução de R$ 1,1 bilhão vs 3T18 / redução de R$ 0,5 bilhão vs 2T19) e aceleraram a monetização de créditos fiscais.
Nas “lojas físicas”:
Mudaram os incentivos e o poder de negociação dos vendedores, junto com uma melhoria nas estruturas das lojas existentes (como limpeza, pintura, trocas de fachadas e novos layouts);
Colocaram também o foco no crescimento do seu “Crediário”. No “on-line/tecnologia”,deram prioridade máxima para estabilizar e ampliar sua capacidade operacional visando a Black Friday e o Natal.
Nas plataformas de B2C e marketplace, colocaram em prática mais de 100 pacotes de melhorias para estabilização e performance.
Em “logística”, a integração dos estoques do mundo físico e on-line foi concluída e esperam capturar ganhos com a instalação do sistema Manhattan WMS, que reduzirá custos e aumentará o nível de serviço nos CDs (Centros de Distribuição).
Composição Acionária Via Varejo:
Destaques Operacionais e Financeiros:
Desempenho Lojas Físicas:
No 3T19, a receita bruta de lojas físicas atingiu R$ 5.5 bilhões, ficando praticamente estável (queda de 0,95%) em relação ao 3T18.
As vendas “mesmas lojas” do 3T19 tiveram redução de 2,2% e apresentaram crescimento “mesmas lojas” nos meses de julho e setembro, invertendo a tendência observada no mês de agosto.
Desempenho Online:
No 3T19, o GMV (“Gross MerchandiseValue”)Faturado foi de R$1,5 bilhão. A empresa alegou que a instabilidade das ferramentas no canal on-line (Sites e Aplicativos) e a integração da Cnova impactaram o desempenho do canal no período em julho (-20,7%) e agosto (-35,7%).
Porém, já em setembro (+7,8%) observaram uma melhora de performance do e-commerce, após a realização de ajustes feitos pela equipe de TI.
O GMV faturado do marketplace apresentou crescimento de 79% no período, fruto da estratégia de contínua expansão no número de sellers e, consequentemente, maior oferta de produtos.
A receita bruta do canal on-line apresentou queda de 31,1% no 3T19 em relação ao 3T18, fruto do processo de integração de estoques e ajustes na plataforma, além da maior penetração do marketplace, que contribui para uma mudança no mix de receita, o que explica a maior variação de receita em relação ao GMV.
Lucro Bruto e Margem Bruta Via Varejo:
O Lucro Bruto da Via Varejo no 3T19 foi de R$ 1.7 bilhão, uma redução de 9%em relação ao 3T18.
A empresa encerrou o 3T19 com margem bruta operacional de 30,7%, superior em 0,5 p.p. em relação ao 3T18 e aumento de 2,7 p.p. em relação ao 2T19 (28,0%), resultado da estratégia que adotaram nas lojas já no início da nova gestão.
Despesas com Vendas, Gerais e Administrativas:
No 3T19, as despesas com vendas, gerais e administrativas apresentaramuma redução de 0,3% em relação ao 3T18. Nos 9M19, as reduções foram de 6,8% em relação aos 9M18.
Tais reduções se devem principalmente a menores despesas com pessoal e serviços de terceiros.
EBITDA Ajustado:
No 3T19, oEBITDA Ajustado operacional atingiu R$ 242 milhões, com redução de 42,5% em relação ao 3T18, e a margem EBITDA ajustada operacional do período foi de 4,3%, redução de 2,3 p.p. em relação ao 3T18. Esta redução foi impactada pela menor receita total.
Lucro (Prejuízo) Líquido:
A Via Varejo apresentou prejuízo de R$ 244 milhões no 3T19,contra um prejuízo de R$83 milhões no 3T18, impactado pela menor receita total no período.
Redução do Ciclo Financeiro Via Varejo:
No 3T19, a Via Varejo apresentou uma variação do seu ciclo financeiro de R$ 394 milhões, impactados pela redução nos estoques e fornecedores.
Houve grande redução de seus estoques (redução de R$ 1,1 bilhão vs 3T18 / redução de R$ 0,5 bilhão vs 2T19) devido à estratégia bem-sucedida da empresa de fazer promoções de produtos de giro lento na semana do Brasil, em setembro.
Endividamento:
A Via Varejo encerrou o 3T19 com uma posição de Caixa Líquido Ajustado de R$ 645 milhões, incluindo a carteira de recebíveis não descontados, no valor de R$ 1.421 milhões.
A sua Dívida Líquida apresentou um aumento de R$ 1.74 bilhão em relação ao final do 3T18.
A variação em relação ao 3T18, apesar da significativa redução de estoques, está relacionada com a menor geração de caixa operacional, afetado principalmente pela performance de vendas e pela redução do prazo médio de pagamentos.
Inadimplência no crediário (% sobre a Carteira):
A inadimplência de sua carteira de crediário, acima de 90 dias, está no patamar mais baixo dos últimos 2 anos para o período.
Investimentos Via Varejo:
No 3T19, os investimentos da Via Varejo totalizaram R$ 116 milhões, direcionados principalmente para a abertura de 11 novas lojas e evolução tecnológica.
RESUMÃO – Resultados 3T19: (Data de divulgação dos resultados ao mercado: 13/novembro/2019). Dados retirados do site de RI: http://ri.viavarejo.com.br/
Conclusão sobre os resultados de Via Varejo (VVAR3):
A melhor forma de falar sobre a Via Varejo é falar como o mercado antecipa possíveis movimentos. Vimos nos resultados acima que a Via Varejo hoje está com resultados ruins.
Queda nas Receitas no 3T2019, Prejuízo recorde, menor quantidade de vendas. Teve até queda de vendas no on-line (por manutenção, ok, mas houve).
No último PIB, ficou claro que o varejo no Brasil cresceu. Logo, as vendas que deveriam ir para a Via Varejo foram distribuídas entre outros players do setor, principalmente a Magazine Luiza.
Veja alguns dados abaixo comparativos entre as duas.
Comp. 3T2018 x 3T2019 | VVAR3 | MGLU3 |
Cresc. Receitas | -10,7% | 32,5% |
Cresc Vendas on-line | -17,3% | 96,0% |
Cresc. Ebitda | -42,5% | 79,7% |
Cresc. Lucro Líquido | -194,5% | 96,6% |
Fica claro acima que os resultados de Magazine Luiza são muito melhores que os de Via Varejo.
Mas, por que então a Via Varejo se valorizou mais de 100% nos últimos 6 meses, como mostra o gráfico abaixo, se os resultados estão piorando?
É simples. O mercado antecipa resultados, principalmente em algumas empresas que são muito analisadas por diversas Casas de Research, bancos e corretoras.
Nos últimos 6 meses, a Via Varejo, que mesmo com o momento ruim atual ainda tem mais receita líquida e mais lojas que a Magazine Luiza, construiu um projeto que o mercado resolveu comprar.
Veja alguns pontos deste novo projeto:
- O Grupo Pão de Açúcar e o Casino (grupo francês) venderam sua participação na Companhia e, com isso, o novo controlador passou a ser o filho do fundador, Michael Klein.
- Contratação de um time de executivos que já fizeram muitos projetos de reestruturação e crescimento no passado, inclusive na própria Magazine Luiza. (Custou caro).
- Possível redução de despesas, com novas práticas de gestão, incluindo aí a parte logística, centro de distribuição e as próprias lojas. Escrevemos sobre isso na Dica Beginner, clique aqui (material para assinantes).
- Crescimento das Vendas Digitais. Mercado se animou, após os resultados da Black Friday. A companhia hoje possui 3 sites de vendas: Extra.com.br, além dos sites do Ponto Frio e da Casas Bahia. Provavelmente eles se transformarão em apenas um.
Um dos motivos de não recomendarmos Via Varejo em junho é que:
Havia um conflito de interesses claro, visto que Michael Klein recebia anualmente de aluguel em torno de R$ 292 milhões de lojas, galpões, centros de distribuição e muitos outros imóveis locados à própria Via Varejo.
Aí eu pergunto: Qual o interesse do controlador de aumentar as vendas digitais, se o principal ganho dele vem de aluguéis e não do lucro da empresa?
Será que o principal interesse dele é melhorar a gestão e os lucros da empresa, ou melhorar seus contratos de aluguel?
Esse conflito de interesses começa a se dissipar com o novo movimento que ele começa a fazer, aproveitando o crescimento do setor imobiliário, e os baixos cap-rates que os Fundos Imobiliários estão pagando por imóveis locados.
Michael Klein
Agora, em 29/11/2019, conseguiu vender R$ 2 bilhões, divididos em 10 galpões, com quase 1 milhão de metros quadrados para HSI e para a GIC.
Valor – 29/11/2019
Reduz um pouco o conflito de interesses, mas cabe ressaltar que das quase 1.000 lojas da Via Varejo (somando Ponto Frio e Casas Bahia), 301 delas são alugadas pelo próprio Michael Klein à Via Varejo.
Bom, as operações da companhia já queimaram mais de R$ 2,3 bilhões de Caixa em 2019.
Os investimentos são insuficientes para cobrir a depreciação e amortização, e com isso, o endividamento financeiro da companhia.
Embora seja ainda baixo, já subiu de R$ 313 milhões no 3T2018 para R$ 2,178 bilhões no 3T2019.
Incluindo os passivos de arrendamento financeiro, que incluem os gastos futuros com aluguéis das mais de 1.000 lojas.
O endividamento total ultrapassa os R$ 6 bilhões, enquanto a Via Varejo possui um Ebitda de 12 meses de R$ 1,333 bilhão (calculado pela própria companhia)!
Isto significa que em breve, além de fechamento de lojas, a companhia precisará captar recursos, seja vendendo ativos ou seja realizando um follow-on, aproveitando que as ações subiram.
Opinião
Acredito que o principal a ser observado aqui é que você está comprando uma empresa que hoje ainda é ruim, e que as únicas coisas que ela mudou até o momento foram o controlador, o time de gestão e seu projeto.
Na verdade, esses 120% a 150% de alta que as ações tiveram até o momento representa apenas as ideias. Caso elas não sejam colocadas em prática, a ação volta na mesma velocidade, ou até mais rápido.
Mercado de bull-market é bem interessante, porque ninguém olha tanto os riscos, apenas o potencial retorno. E atualmente ela é vista como uma possível futura Magazine Luiza.
Dessa forma, eu resolvi calcular qual seria o valor da ação se a Via Varejo atingisse as margens líquidas da Magazine Luiza e conseguisse crescer da mesma forma até o ano de 2024.
Garanto que você vai se surpreender com o potencial de crescimento.
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Abraços e Bons Investimentos!
Daniel Nigri (analista CNPI)
Com a ajuda de Leo Bittencourt
Disclosure
Elaborado pelo analista independente Daniel Isaac Nigri CNPI 1810, este relatório é de uso exclusivo de seu destinatário.
Este estudo é baseado em informações disponíveis ao público nos próprios sites de RI das empresas analisadas ou comparadas, consideradas confiáveis na data de publicação.
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