A empresa gaúcha SLC, foi uma das primeiras do setor a ter ações negociadas em Bolsa, seu IPO foi em 2007. É uma das maiores produtoras de grãos do Brasil, plantando na maior parte das terras: soja, milho e algodão. Está presente em seis estados do país, e trabalha com um modelo de negócio de alta escala, padronização dos processos e investimentos em tecnologia.
A rentabilização do negócio da SLC é feita através de:
- Plantio em terras próprias já desenvolvidas
- Operação em terras arrendadas (com pagamento da locação atrelado a ao preço da saca de soja em reais)
- Aquisição de novas terras para desenvolvimento
Segundo dados divulgados pela SLC são 457.702 hectares no ano-safra 2018/19, destes 243.149 de soja, 123.721 de algodão, 88.917 de milho e 1.915 de outras culturas como trigo, milho, milho semente e cana-de-açúcar. Deste total de hectares, considerando a primeira safra a empresa possui 28% em arrendamento
Aqui fica claro a representatividade da soja na área total, mais de 55%, logo é preciso analisar o negócio considerando esse importante variável, já que o estoque x consumo pode resultar em uma queda nos preços do grão, afinal a demanda é que determina o resultado.
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Com a febre suína africana o mercado projeta uma queda no consumo da China (que é maior mercado), aliado a esse fator temos uma estimativa de safra elevada, a segunda maior da história atrás apenas da safra de 2018.
Os números oficiais estimados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) são de 114 milhões de toneladas, sendo que deste número a projeção é de exportar cerca de 73 milhões de toneladas.
Além disso, ainda existe a possibilidade de entendimento entre China e Estados Unidos, alguns especialistas de mercado consideram que é possível que esteja na mesa de negociação a suspensão da tarifa, que hoje é de 25%. Logo, se a safra norte americana for no montante indicado pelos órgãos, devido a melhora no clima, a safra pode surpreender positivamente o que aumentaria a oferta e pressionaria o preço, caso existir uma queda na demanda. Estes são detalhes que o investidor precisa observar sempre.
Lembrando que os Estados Unidos são o maior produtor mundial de soja, acompanhe o gráfico postado pela empresa em seu último release:
Porém no primeiro trimestre de 2019 devido as limitações de exportações dos Estados Unidos, fruto da “guerra comercial” com a China, o Brasil aumentou a exportação de soja para o país, atingindo os volumes mais altos dos últimos anos no trimestre em questão.
Entendendo a Ciclo de Produção
Tudo inicia com o planejamento agrícola, onde profissionais estudam o mercado das comodities para o ciclo atual e futuro, observam as projeções do clima nos locais de plantio e trabalham nos custos de produção de cada cultura.
Esse planejamento engloba também a aquisição dos insumos que serão utilizados no processo, como por exemplo a semente, além de defensivos e fertilizantes, e também um trabalho de organização das oportunidades de venda das colheitas.
Então ocorre o preparo da terra, a semeadura e o manejo (aqui entra a rotação de culturas em determinados locais, mantendo assim a sustentabilidade do solo).
A colheita das safras ocorre de janeiro a setembro, iniciando com a soja, depois o milho e em setembro a colheita de algodão, a empresa mantem um mapa de colheita que é uma ferramenta do método de Ciclo de Agricultura de Precisão, onde as plantações possuem registro em um banco de dados de todos os manejos que a empresa fez nos anos passados.
Para suprir esse banco de dados a SLC usa imagens de satélite e mapas de produtividade das safras, assim ela consegue identificar as variações e assim monitorar, acompanhe a imagem abaixo retirada do site da empresa:
Através da Agricultura de Precisão a SLC busca:
- Identificar problemas nas lavouras
- Manejo racional de insumos
- Corrigir a fertilidade do solo
- Aumentar a produtividade
- Aumento da qualidade dos produtos
- Redução de custos em situações específicas.
Após a colheita existe o beneficiamento e armazenagem, a empresa possui capacidade de armazenar 612.700 toneladas de grãos e 115.981 toneladas de algodão.
Abaixo podemos acompanhar na imagem a quantidade comercializada por cultura, a receita liquida, lucro líquido e ebitda ajustado.
No primeiro trimestre de 2019 a Receita Líquida foi 46,2% maior em relação ao primeiro trimestre de 2018, principalmente pelo maior volume de soja (72,6% maior), e aumento de preço em todas as culturas.
Segundo a empresa os ajustes de monitoramento e melhoria nos processos operacionais fazem com que a empresa consiga executar o plantio em menor tempo assim como ter uma maior eficiência e na colheita, assim ela consegue aproveitar as janelas de exportação, e isso quer dizer preço e preço significa resultado.
Os custos por hectare para a safra 2018/19 tiveram aumento de 16,5% em relação à safra anterior, isso ocorreu em parte pela desvalorização do real frente ao dólar, já que 55% dos custos são dolarizados.
O ebitda ajustado foi 50% maior que no mesmo trimestre de 2018, novamente devido ao aumento do volume de soja comercializado, por isso é importante prestar atenção ao preço desse grão no mercado. E apesar desses bons números o lucro líquido reduziu, aqui entram em cena a variação do valor justo e realização do valor justo da cultura da soja. Acompanhe:
Observe que a SLC é uma entre tantas empresas que tiveram uma modificação em algumas contas de resultado devido a contabilização pela IFRS16, no caso dela a despesa financeira líquida ajustada aumentou 35,0% pelo ajuste a valor presente dos passivos de arrendamento, R$8,6 Milhões.
E a dívida?
O endividamento bruto no primeiro trimestre de 2019 era de R$1.676 milhões, aumento de 5,7% na base anual, e a dívida líquida ajustada aumentou R$943 milhões para R$1.249 milhões, isso significa 1,68x o ebitda ano.
Lembrando que nos últimos anos ela vendeu controladas, a SLC alimentos para a Camil e outra controlada no segmento de maquinas e equipamentos.
O próximo resultado da empresa será divulgado no dia 14 de agosto de 2019 após o fechamento do mercado.
Concluindo
Isso não é uma indicação de compra ou venda do ativo, apenas uma abordagem do negócio com o intuito de mostrar as variáveis que mais afetam o negócio na receita e consequentemente no lucro, assim como mostrar que ela investe em tecnologia e pesquisas para aprimorar os processos e aumentar a rentabilidade através da padronização e do monitoramento, assim ela tem informações para melhorar a produção e continuar crescendo.
Informação é dinheiro e colhemos o que plantamos.
Daniel Nigri com apoio de Patricia Rossari
O analista Daniel Nigri CNPI1810 é o responsável pelas informações perante a ICVM 598
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