VOCÊ OPERA BASEADO EM NOTÍCIAS?

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As ações que estão na minha carteira todo mundo conhece. Quem não conhece pode baixar a planilha clicando aqui. As pessoas também sabem que eu tenho uma página no facebook que já tem mais de 1100 seguidores.  Juntando uma coisa à outra, cada notícia que possa ser ruim com relação a qualquer uma das minhas ações o pessoal posta e me pergunta se agora estou pensando em me desfazer delas.

Só para todos ficarem situados, durante o carnaval saiu uma reportagem mostrando que a qualidade dos serviços prestados pela Direcional no Minha Casa Minha Vida foram ruins em uma construção no Amazonas, e que as construções que  possuíam em pouco tempo rachaduras e infiltrações seriam fiscalizadas.

E Agora, na última segunda feira, apareceu uma notícia no Valor que diz que a CVM estaria questionando a governança das Livrarias Saraiva, a SLED4.

Então vamos começar o meu comentário. É fundamental que sempre que nós compremos um ativo, qualquer que seja ele, que tenhamos uma estratégia. Um motivo pelo qual compramos aquele ativo. E isso serve para tesouro, pra renda fixa, pra ações e até pra imóveis por exemplo. Ninguém deve ou ninguém deveria comprar nenhum ativo, porque a televisão recomendou, porque subiu/caiu muito, pra tentar a sorte, ou qualquer coisa do gênero.

Darei o exemplo com os ativos da minha carteira:

Na minha carteira tenho o tesouro IPCA 2045, olhando o histórico dos títulos de longo prazo do Tesouro lastreados pela inflação percebi que em 2013, época que a taxa Selic estava em inacreditáveis 7,25%, o tesouro IPCA 2035 (o mais longo daquela época), chegou a marcar a mercado a taxa de IPCA +3,89%. Olhando essa taxa, pensei na seguinte estratégia: Entrei no título longo para aproveitar a queda dos juros quando este estava a IPCA + 5,70% em outubro. No mês de Novembro este título se desvalorizou muito e chegou a pagar IPCA +6,30%, aumentei a posição nele. Neste momento eu já tinha perdido cerca de 8%. Mas eu tinha confiança na minha estratégia e na melhora da economia como um todo (queda da inflação, redução iminente dos juros, PEC dos gastos públicos), mesmo os jornais falando do Trump e na época do PIB do terceiro trimestre que veio ruim. Hoje eu já estou com mais de 16% de valorização, mesmo tendo entrado na hora errada na aplicação. É hora de vender? Claro que não!!! Vou manter a minha estratégia. Como margem de segurança, paro de comprar quando a taxa cair de 4,60% e começo a vender a partir do 4,00% ou 4,10%.

 

Se alguma parte deste parágrafo você não entendeu, é porque provavelmente você não conhece ainda a marcação a mercado. Então sugiro que leia este artigo que escrevi recentemente.

Outro exemplo da minha carteira é Vale do Rio Doce. Ação que sempre gerou gordos dividendos e que pela queda do minério de ferro começou a gerar prejuízos por vários trimestres. A empresa, neste período, teve as suas margens de lucro bruto bem reduzidas, mas focou principalmente em reduzir seu custo de produção, para superar as adversidades. Hoje ela tem o menor custo de produção de minério do mundo. Todos os investimentos foram feitos nesse sentido incluindo o projeto SD11 em Carajás, que reduziu muito o custo de transporte do minério até o Porto. Quando eu percebi que ela gerou lucro por 3 trimestres seguidos, a ação já tinha subido mais de 150%, e já era cotada a 20,00, mesmo assim ainda a considerava barata (tinha P/L baixo e P/VPA abaixo de 1). Resolvi então investir nela, 10% do meu capital com base na recuperação, no histórico dela, nos avanços que ela conseguiu em termos de custos e na possibilidade de desalavancagem (redução de dívidas) prometida para esse ano. A ação continuou a subir e chegou a 35,00. E agora ela caiu pra 29,00. Da mesma forma que em dezembro ela chegou em 28,00 e caiu pra 22,00 depois subiu novamente, porque a base está bem montada. Eu não fico olhando todo o dia se ela está subindo ou não. Eu não estou preocupado que ela caiu 17%, e nem fico acordado de madrugada para saber como está o preço do minério na China. Apenas confio na minha estratégia de longo prazo nela, e nos resultados que ela vem divulgando.

No entanto, existem algumas empresas, que nós não confiamos tanto, que não tem fundamentos tão bons. Na minha opinião, o principal fundamento a ser observado é lucros crescentes. Mas, são empresas, que em compensação, sofreram uma desvalorização excessiva. Obviamente que essas empresas terão problemas. Estas empresas não estariam negociando com múltiplos tão baratos se fossem maravilhosas, se tivessem ótima governança, se gerassem lucros cada vez maiores todo ano, apesar da crise. E nesse momento estou falando de Direcional e de Saraiva. Aquelas duas que eu falei no início do artigo.

Nestas duas ações a minha estratégia é um pouco diferente. Dirr3, hoje está operando a 45% o Valor Patrimonial, e sled4 está mais barata ainda, operando a 33% o Valor Patrimonial. Quando eu aceito comprar ações descontadas como essas, apesar dos problemas que elas enfrentam, eu tenho que estar preparado, para as notícias ruins que virão com relação a elas. Eu tenho que saber que estas empresas têm um risco maior, mas em compensação se elas se transformarem em boas empresas com bons fundamentos elas terão uma possibilidade enorme de alta. Vejam que eu estou falando de assimetria. E uma assimetria positiva para mim. Pouco risco pra queda (Qual a chance de uma empresa negociar, por exemplo, a 20% Valor Patrimonial? Muito pequena) e uma chance enorme de alta, caso ela passe a gerar lucros ou maiores lucros. Imagina uma dessas negociando a duas vezes o valor patrimonial. Estaria falando de uma alta de 400% a 600%.

Obs: Não estou falando que isso irá acontecer. E nem recomendando investimento do tipo, transforme 1000,00 em 5000,00 em poucos dias, ok?

Vejam que Copel que está na minha carteira também cabe na mesma estratégia. Comprei a empresa a 21,00, negociando a 38% o Valor Patrimonial. Mesmo ela tendo prejuízo no terceiro trimestre, o primeiro desde 2012, O valor mínimo que sua cotação chegou, foi 18,50. Mostrando que o risco é bem pequeno frente a enorme possibilidade de retorno. Hoje a ação já está sendo cotada a 28,00.

Percebam também que a medida que as ações sobem o risco delas caírem mais sobe, e o potencial de alta delas diminui. Por isso, é fundamental perceber o esgotamento da alta para sair do ativo, mas esse é um movimento de longo prazo. Quando o ativo não se encaixar mais na nossa estratégia.

Esta estratégia de comprar ativos baratos que possam melhorar seus fundamentos e trazer retornos expressivos, eu chamo carinhosamente de patinho feio. Em momentos de alta da bolsa, eu separo uma parcela do meu capital para alguns patinhos feios que gerem lucros de preferência, mas que estejam bem descontados e tento estudar pra ver se eles têm potencial de virarem um cisne bonito e grande.

A última consideração que gostaria de fazer é para vocês se atentarem ao valor que eu coloco nessas ações que eu considero patinhos feios. Sled4 eu não tenho nem 1% da minha carteira nela. E dirr3, eu tenho hoje em torno de 2% do total da minha carteira. Vejam que se tudo der errado, a parcela que eu estou arriscando da minha carteira é apenas de 3%!! São ações que o ideal é você ir aumentando a posição ao longo do ano, se o cenário delas virarem bonitos cisnes se confirmar.

Se você ainda está em dúvida em como preencher a sua declaração de ajuste anual, recomendo fortemente que assista a esse vídeo  ou que compre esse curso do site parceiro clicando aqui

 

Bom Dia e Bons Negócios

Abs

Daniel Nigri

 

 

 

 

 

 

 

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