A IMPORTÂNCIA DE UM FUNDO DE EMERGÊNCIA

 

Muitos investidores na ânsia de ganhar mais, ou de aproveitar um bom momento na Bolsa de Valores, desprezam a importância da formação de um fundo de reserva para emergências eventuais. Ter bons retornos é fundamental, mas é importante fazê-lo com segurança e com a garantia que você irá realizar os lucros desses investimentos apenas por critérios racionais, e não por necessidades vindas de sua vida particular. E aí entra a importância do fundo de reserva para emergências.

Quando as pessoas contratam a minha assessoria, a primeira pergunta que eu faço, é sobre o perfil da pessoa, o quanto ela aceita correr de risco, e quais os ativos que ela se interessa. A segunda pergunta é se ela já tem uma reserva financeira para eventuais emergências, que possam acontecer na vida de qualquer um. Normalmente esse fundo de reserva, gira entre 3 e 12 meses de despesas da pessoa ou família. Vários fatores são levados em consideração para a determinação do melhor montante a se guardar para o fundo de reserva.

Dentre alguns fatores que demandam um aumento do fundo de reserva para emergência são os seguintes: Pessoas que são únicas responsáveis pelo sustento de uma casa inteira, pessoas que tenham o percentual de gastos muito próximo ao valor que recebe de salário, pessoas que possuem apenas um tipo de renda proveniente de apenas uma empresa, pessoas com idade mais elevada ou com problemas crônicos de saúde, e pessoas que trabalhem em setores com grande sazonalidade.

Já alguns fatores que nos deixaria confortáveis em ter um valor menor como reserva para eventuais emergências seriam: Estabilidade no emprego, pessoas que gastam menos de 60% do que ganham, pessoas que possuam múltiplas fontes de renda que não sejam interligadas, residências onde mais de uma pessoa seja responsável pelo sustento da casa, se as pessoas não trabalhem no mesmo lugar, Pessoas que morem com os pais, dentre outros.

Outro motivo que faz as pessoas não darem tanta importância para essa necessidade é porque elas não enxergam que em um curto espaço de tempo elas terão a necessidade de usar aquele dinheiro, isto posto elas rolam esse pensamento por toda a vida, até a ocorrência de um evento fortuito. É importante ressaltar que essas ocorrências em nossas vidas são repentinas, e até mesmo imprevisíveis. Impossível sabermos, quando ficaremos doentes e precisaremos ficar no hospital, quando haverá uma infiltração na nossa casa, quando nossos filhos irão resolver casar ou viajar/estudar no exterior, quando seremos demitidos de nossos empregos, ou quando teremos menos clientes no nosso comercio, consultório ou escritório.

Espero que vocês já tenham percebido a importância de separar uma parcela do seu dinheiro para estes eventuais problemas. No entanto, esse dinheiro não precisa ficar guardado embaixo do colchão, nem no cofrinho e nem mesmo na caderneta de poupança. Esse dinheiro deve ser alocado nas aplicações de renda fixa com maior potencial de rentabilidade, mas que tenham liquidez imediata e rentabilidade diária, e que não sofram alterações bruscas diárias nos seus rendimentos. Portanto, eu sempre indico, para este objetivo, o Tesouro Selic, que pode ser substituído por um CDB que tenha resgate automático. Parte desse fundo de emergência pode ser colocado também em CDBs ou LCI e LCAs bem curtos, de até 3 meses de prazo. O mais importante para essa aplicação não é a rentabilidade em si, mas a possibilidade de sacar no momento necessário.

Vamos agora imaginar um médico que trabalha em um consultório e toda a sua renda venha das consultas aos seus pacientes/clientes. Este médico não possui nenhum fundo de reserva, mas possui investimentos em renda variável (ações), como mostrado na tabela abaixo. Para facilitar vamos colocar apenas dois ativos.

FUNDO-DE-EMERGENCIA-01

 

Como vocês podem ver, são dois bons ativos, que geram lucros constantes. Klabin, gera Ebitda crescente, e eu acredito que poucas pessoas duvidem destas duas empresas no longo prazo. No entanto, se este médico, que resolveu alocar todos os seus recursos na renda variável tivesse uma emergência hoje, que ele tivesse que sacar R$ 50000,00 (Cinquenta Mil Reais), por exemplo, ele teria que realizar prejuízo, mesmo tendo uma carteira com dois bons ativos.

Esta questão é mais normal que aparenta. Só pra exemplificar acabou de acontecer comigo. Mesmo com plano de saúde muito bom, existem exames ou que o plano não paga, ou que ele vai reembolsar depois. Tive que fazer uma cirurgia em que eu contratei um médico particular, pois tinha mais confiança neste, e tudo isto gerou custos. Imagina se eu tivesse que sacar o dinheiro da bolsa de valores justo no mês que a bolsa caiu quase 10%!!!!

E para finalizar, uma dúvida que surgiu no grupo de whatsapp de apoiadores e que é bem pertinente foi a seguinte: Se eu mantiver o meu fundo de reserva na renda fixa e a minha carteira de renda variável continuar rendendo, um dia o percentual deste plano será bem pequeno, não seria melhor que fosse um percentual do total dos meus investimentos?

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  Minha resposta: O melhor é fazer o fundo de emergência com base nos seus gastos mensais, como foi explicado no inicio. Se for um percentual dos seus investimentos, pode ser que seja muito pouco no momento que for necessário, ou pode ser que seja além do necessário, fazendo com que parte do seu dinheiro renda menos do que deveria. Com relação ao percentual diminuir, é até desejável que ele diminua com o tempo, porque isso significa que seus outros investimentos estão dando mais retorno que o investimento livre de risco com liquidez imediata e rentabilidade diária (caso dos investimentos da Reserva Emergencial). Mas existe um aspecto que eu ainda não comentei no artigo. A medida que a pessoa vai ganhando mais dinheiro com seus investimentos, o custo de vida dela vai aumentando também. Ela passa a comprar mais supérfluos que muitas vezes geram despesas extras e portanto seus gastos mensais aumentam também.

Neste momento é importante que o investidor tenha a consciência que suas despesas mensais aumentaram e que ele realize uma readequação do valor da reserva emergencial, para a quantidade de meses multiplicado pelo seu novo custo de vida. Caso não seja feita essa readequação pode vir a faltar dinheiro em caso de uma emergência, e ele pode vir a ser forçado a realizar prejuízos como no exemplo do médico citado acima, ou pode ser obrigado a retornar ao seu padrão de vida e de conforto anterior a mudança de patamar.

Abraços a todos e Bons Negócios.

   Daniel Nigri    CNPI

 

 

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