Caso SVB se assemelha à crise de 2008?

O que aconteceu?

Na quarta-feira (8), o banco informou a liquidação de US$ 21 bilhões em títulos com US$ 1,8 bilhão em prejuízo no 1º trimestre do ano. Além disso, a instituição planejava vender US$ 1,7 bilhão em ações e os clientes do banco correram para tirar o dinheiro. O banco perdeu quase US$ 10 bilhões da noite para o dia.

Outro ponto relevante é que o banco atuava com títulos públicos, que foram impactados pela economia dos EUA, especialmente com a alta da taxa de juros. Dessa maneira, a política monetária restritiva do Fed, com pressão dos juros, são fatores que impactaram no colapso do banco.

Ainda, grande parcela da carteira de clientes do SBC são startups do setor de tecnologia, que também sofrem com a política monetária e têm passado por um período difícil desde o último ano.

Em síntese, os principais pontos que levaram à quebra do banco são:

  • Aumento da taxa de juros dos EUA, que passou de 0,25% em 2020 para 4,75% em fevereiro deste ano;
  • Desaceleração do setor de tecnologia, que impactou as startups, principais clientes do banco, levando a saques em volume e rapidez maior do que esperado;
  • Perda de novos investimentos,
  • Investimentos no Tesouro dos EUA e títulos de dívidas públicas, que tiveram queda no valor, devido à pressão na taxa de juros;
  • Venda desses títulos com prejuízo;
  • Em tentativa de equilibrar as contas, o banco anunciou a venda de U$ 2,25 bilhões em novas ações, o que gerou pânico nas empresas com capital de risco, que retiraram dinheiro do banco de forma massiva.

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Quais são as diferenças e semelhanças com 2008?

O receio em relação a uma nova crise financeira é natural. Afinal, todas as vezes que o Federal Reserve sobe juros, algo acontece no mundo em algum setor (ou país) que estava alavancado ou com preços muito altos no mercado. Foi assim na crise do México em 1994, com o fundo LTCM em 1998, com a bolha de tecnologia em 1999-2000 e a crise do sub-prime e do setor de real estate em 2007-2008. Contudo, o colapso do SVB é o sinal de uma grande crise como a última financeira de 2008.

Isso porque os bancos americanos e globais têm hoje uma regulação muito mais restritiva, que foi aprovada após a crise daquele ano.

Os níveis de capital regulatório são maiores, e os níveis de alavancagem do sistema são menores, e as regulações ao redor de empréstimos também são mais duras. Isso tudo ajudou a tornar o sistema muito mais seguro, mas ainda não à prova de falências, como vimos no caso desses dois bancos regionais americanos.

Além disso, o rápido anúncio do Federal Reserve e do governo americano, garantindo todos os depósitos dos clientes dos dois bancos em intervenção, ajudou a estancar a crise de confiança que se gerou com os bancos regionais americanos. A possibilidade de uma nova corrida bancária nos bancos pequenos e médios nos EUA foi reduzida após esse rápido anúncio das autoridades americanas. Os EUA possuem mais de 4.200 bancos assegurados pelo FDIC, uma fragmentação muito maior do que a vista no setor bancário brasileiro.

Como resultado, o banco passou a alocar capital em títulos do governo para obter um melhor retorno. Por outro lado, esse não parece ser o cenário para os grandes bancos: “vemos o Citi (C), o Bank of America (BAC) e o Wells Fargo (WFC), que são mais ativos no mercado de crédito, em uma posição mais confortável. Até mesmo o JP Morgan (JPM) e Morgan Stanley (MS), que dependem um pouco mais das atividades de investment banking, têm taxas mais altas de empréstimos em relação aos depósitos.

Desta forma, o risco de um descompasso entre ativos e passivos nos balanços dos principais bancos parece controlado. Uma grande preocupação poderia ser um aumento repentino nas taxas de inadimplência. Porém, como a economia dos Estados Unidos parece sólida e a taxa de desemprego continua baixa, não parece ser o caso

Na quarta da semana passada, o SVB era uma instituição financeira respeitada e capitalizada, com quatro décadas de história e a reputação de ser o principal prestador de serviços para a comunidade tecnológica do Vale do Silício. Também era um banco grande. Dois dias depois, após sofrer uma corrida, o banco simplesmente quebrou.

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Quais são os impactos na política monetária?

Ainda que haja visões distintas sobre qual deve ser o impacto na política monetária global, notoriamente a do Federal Reserve, a visão geral do mercado é de que a autoridade monetária americana deve ao menos reduzir o ritmo de alta de juros, em um momento em que as apostas de uma alta de 0,5 ponto percentual (p.p.) nos juros na próxima reunião do Federal Open Market Commitee (Fomc) estavam ganhando força no mercado.

A primeira reação dos investidores na véspera foi reduzir praticamente a zero a probabilidade de que o Fed acelere o processo de aumento da taxa básica de juros para 0,5 p.p. na próxima reunião do Fomc, antes mesmo da divulgação do dado do Índica de Preços ao Consumidor (CPI), que saiu nesta terça.

Enquanto isso, alguns agentes argumentam que, mesmo que o Fed deixe de subir juros em março, isso não seria, necessariamente, uma notícia boa, uma vez que poderia significar que as implicações do risco de liquidez da história do SVB são mais severas, dentro de um contexto de inflação ainda muito alta.

As recentes preocupações com a estabilidade do sistema financeiro vão tomar o centro das atenções na próxima reunião do Fomc, praticamente eliminando qualquer possibilidade de um aumento de 50 pontos-base nos juros.

No cenário menos provável, em que novas evidências sugeririam que a ameaça ao sistema financeiro pode ser mais generalizada, o Fed pode até optar por estrategicamente pausar o ciclo de alta de juros até que as incertezas se amenizem. Ainda assim, nosso cenário-base permanece de que não haverá uma deterioração significativa do sistema financeiro e que o Fed manterá o ritmo de aperto em 25 pontos-base em sua reunião de março.

Daqui para frente, as perspectivas são ainda mais incertas. Desde o colapso do SVB, a precificação do mercado da taxa básica de juros dos EUA mudou agressivamente, e agora sugere uma taxa terminal mais baixa e o início do ciclo de flexibilização já em julho deste ano.

Em termos macro, o Fed terá que fornecer liquidez, o que não é uma flexibilização monetária propriamente. No entanto, avalia, seria muito difícil para o Fed justificar o aperto quantitativo e o aumento das taxas de juros no atual ambiente.

Como o colapso do SVB afetou setor de tecnologia global

Pouco tempo depois que as startups da Califórnia começaram a sacar dinheiro do problemático Silicon Valley Bank, os empresários de outras partes do mundo acordaram com a notícia do colapso do banco.

Enquanto os efeitos globais do colapso do Silicon Valley Bank estão apenas surgindo, uma coisa é clara: as startups de tecnologia, não importa o quão distantes estejam, estão interligadas. Muitos dependem de um único banco de médio porte para suas operações diárias.

Seguindo o exemplo de colegas da Califórnia, as startups da Europa e da Ásia gravitaram em torno do banco, o 16º maior dos Estados Unidos no ano passado, cujo nome soava com prestígio tech e oferecia serviços financeiros especializados.

Após um fim de semana de intensas discussões sobre o futuro do SVB, os reguladores dos EUA revelaram um plano de financiamento de emergência que dava aos clientes do banco acesso a todos os seus depósitos.

No Reino Unido, o chanceler do Tesouro britânico, Jeremy Hunt, disse que o governo e o Banco da Inglaterra facilitaram uma venda do braço britânico do SVB para o HSBC, em uma medida para proteger os depósitos sem o apoio dos contribuintes.

Autoridades da União Europeia também garantiram aos consumidores que o banco tinha uma “presença muito limitada” no bloco. E Christoph Stresing, diretor-gerente da Associação Alemã de Startups, expressou um otimismo cauteloso de que as empresas domésticas se sairão bem.

China

A joint venture do SVB com sede em Xangai, o SPD Silicon Valley Bank (SSVB), disse ter uma estrutura corporativa sólida e um balanço patrimonial independente. O SSVB é o primeiro banco de tecnologia e inovação da China e o primeiro banco de joint venture sino-americano.

Como o SVB foi um dos poucos bancos que facilitou a abertura de contas bancárias para financiamento em dólares, ele era o banco estrangeiro dominante para empresas em estágio inicial na China, disseram consultores e empresas.

Mas muitas startups chinesas e gestores de fundos estão trabalhando para tirar seu dinheiro do braço norte-americano do SVB.

Depois de um fim de semana turbulento, o presidente-executivo da Otta, Franklin, disse que sua empresa continuará operando com o braço britânico do SVB e criará contas em mais bancos.

A grande curva de aprendizado para muitos de nós neste setor tem sido: se você tem muito dinheiro, deve espalhá-lo.

Conclusão

O SVB, que é importante para o mercado de startups, e já vimos outras empresas preocupadas se vão conseguir realizar pagamentos este ano”, disse.

A fraqueza para o setor, diante do ambiente desfavorável, “é consequência dos juros maiores dos últimos meses.”

Ao mesmo tempo, ela acredita que não é possível apontar semelhança com a crise bancária dos Estados Unidos em 2008.

Esta não é uma crise sistêmica, o SVB foi um caso particular da base de clientes e tipo de ativos que tem”, afirmou.

Aliado a isso, houve investimento do banco em títulos do Tesouro de longa direção, que pagam juros maiores, mas são mais sensíveis às variações.

Com o cenário macroeconômico mais difícil, juros subindo, gerou dúvidas sobre a saúde financeira do banco e causou a corrida bancária, em uma tempestade perfeita.

O colapso do banco nos ensinou uma valiosa lição sobre diversificação de caixa a longo prazo e monitoramento da exposição de risco.

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