Como será a recuperação da economia pós-pandemia

Como será a recuperação da economia pós-pandemia?

A pandemia do COVID-19 desencadeou efeitos econômicos diferentes dos que o mundo já viu antes. O corona representa um choque para o crescimento econômico e também para o emprego, e os esforços de contenção de pandemia faz até a crise financeira global de 2008 parecer insignificante.

Muitos economistas falam que trata-se de um desastre comparável ao que aconteceu durante a Grande Depressão dos anos 30 no século passado.

No entanto, apesar do que Warren Buffet disse, comparações com a crise de 29 também podem ser inadequadas quando olhamos para a janela de tempo, já que a grande depressão durou quatro anos e grande parte dos epidemiologistas afirmam que o covid pode durar 2 anos.

Um choque sem precedentes no PIB americano

Atualmente, embora o choque atual seja severo, os choques provocados pela Covid-19 têm sido profundos enquanto duram, mas invariavelmente serão temporários. A recuperação pode começar mais cedo do que com as recessões passadas, uma vez que os efeitos econômicos da paralisação podem ser mais relacionados à saúde e são considerados motivos suficientes para que as empresas possam retomar as operações.

As projeções macroeconômicas divulgadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em abril mostraram uma economia global fortemente abalada pela Covid-19.

Cerca de noventa países deverão ter seus PIBs menores este ano. Mesmo se antecipando um retorno a taxas positivas de crescimento no próximo ano, a renda per capita no final de 2021 será menor que a de dezembro do ano passado.

Uma recuperação em duas fases

Presume-se que a recuperação pós-crise poderá começar na segunda metade do ano, pelo menos naqueles países onde o surto de coronavírus seja considerado que tenha saído da fase aguda e as políticas de achatamento da curva de contaminação possam ser relaxadas.

As restrições abrangentes à atividade nos Estados Unidos, Europa e Ásia irão começar diminuir no verão. Acredita-se que a atividade seja retomada de maneira escalonada, com alguns segmentos da economia se acelerando mais rapidamente do que outros.

Nessa semana, o Stoxx 600 subiu 0,47%, impulsionado por boas novas vindas da China. A produção industrial subiu 3,9% em abril, na comparação com o mesmo mês em 2019.

Já o petróleo, pela terceira semana os preços mais subiram do que caíram, na esteira de sinais de retomada da demanda, com destaque para as compras chinesas.

Mas afinal, a recuperação será em “V” ou “U”?

Quão rápida será tal recuperação, ou seja, qual será o formato da curva de evolução do PIB no tempo? De que dependerá esse formato?

A corrente mais otimista acredita na recuperação em forma de um “V”. Depois de sofrer uma forte pancada durante a pandemia, a mesma velocidade de queda pode ser a mesma velocidade de retomada e, assim, a economia retorna em pouco tempo a trajetória anterior.

A perda de PIB durante o período de restrições por conta da interrupção de oferta e da demanda é definitiva. Todavia, desde que não fiquem sequelas duradouras do período de surto do vírus e da crise sobre o sistema produtivo e as condições econõmicas dos agentes, tudo volta ao normal anterior.

Sendo assim, uma recuperação em forma de V é, em função da rapidez com que estamos passando, tão grave que é improvável que continue por muito tempo. Tecnicamente, sairemos da recessão assim que o PIB se recuperar dos baixos induzidos pela pandemia e o desemprego começar a declinar.

Mas isso não significa que as coisas serão tão fáceis. Para a atividade comercial retornar para onde estava antes da pandemia, pode levar dois anos – e essa recuperação seria em forma de U – já que a economia sofreu choques tanto na oferta (decorrente de medidas de contenção) quanto na demanda, decorrentes da impossibilidade dos consumidores voltarem a consumir atividades como jantar fora, viajar ou participar de grandes eventos.

A recuperação em formato de “U” é algo menos otimista. Nessa teoria, os efeitos da pandemia podem perdurar por mais tempo, inclusive porque as normas de distanciamento social tendem a permanecer por algum prazo, mas depois de um tempo o PIB retoma sua trajetória anterior, após um período em baixa.

No entanto, algumas partes da economia irão se recuperar mais rapidamente do que outras, mas é bem improvável que vejamos o mercado de trabalho americano como antes do COVID-19. Algumas análises mostram que a completa recuperação do emprego nos Estados Unidos só devem ocorrer em 2023, o que significa que o Federal Reserve dos EUA pode esperar taxas de juros  perto de 0% por um tempo significativo também.

Não obstante, há outras duas trajetórias mais pessimistas. Entre elas, temos aquela em forma de um “W”, que após um relaxamento das políticas de distanciamento social, novos surtos de Covid-19 podem voltar a aparecer e novas rodadas dessas políticas sejam implementadas.

Essa possibilidade é mencionada por todos aqueles que argumentam contra algum levantamento precoce de restrições à mobilidade e à aglomeração de pessoas, e nessa semana ganhou força, já que a covid-19 voltou a aparecer em países onde a doença já aparentava estar controlada, como China, Coreia do Sul e Alemanha. O sinal dado por essas notícias foi de que relaxar as medidas de isolamento não será tão simples.

Na reta final do caminho do pessimismo, finalmente, há a possibilidade de que o estrago deixado pelo coronavírus seja permanente ou durável. Nesse caso, a recuperação toma a forma de um “L”.

A economia volta a crescer, porém em patamares do PIB ao longo do tempo inferiores aos que seriam, caso a Covid-19 não tivesse aparecido. Mesmo que as condições sanitárias sejam declaradas normalizadas, consumidores e empresas hesitarão antes de voltar a seus padrões de consumo e planos de investimentos anteriores.

De fato, já vemos planos prévios de investimento sendo engavetados e empresas que eram consideradas previamente saudáveis podem vir a falir por conta da deterioração abrupta e repentina em suas condições de operação durante a crise.

Como será a economia pós-pandemia?

Uma verdade é: sabemos que o mundo não será como antes.

As mudanças na maneira de consumir podem levar à eliminação definitiva de postos de trabalho sem que desempregados encontrem rapidamente emprego, já que cada vez mais o digital ganha mais força.

Os processos de produção podem ser alterados para formas menos eficientes, para evitar riscos anteriormente não considerados relevantes, e a situação financeira de famílias, empresas e governo poderá também sofrer deterioração significativa durante a epidemia.

A questão da dívida pública chama a atenção e outra verdade inquestionável é que ela  subirá em todo o mundo, algo naturalmente esperado em decorrência do papel do Estado como a grande seguradora de catástrofes em todos os países do mundo.

As medidas emergenciais e temporárias, bancadas pelo Estado, têm sido adotadas objetivando minimizar as consequências desastrosas da parada súbita provocada pelo coronavírus, que é temporária, mas potencialmente letal.

Pelo mundo afora, governos têm anunciado políticas significativas de transferência de renda para trabalhadores informais e linhas de crédito relevantes para segmentos de empresas atreladas à preservação de empregos, medidas de desoneração de encargos tributários e assim por diante.

A relação custo-eficácia dessas medidas públicas dependerá da resposta a essas medidas, dependerá do formato da recuperação, como falamos acima.

Por um lado, temos o ônus e o aumento da dívida pública e, por outro, quanto menor for o impacto nos fluxos de renda das famílias – especialmente das mais vulneráveis e sem poupança acumulada – menor será a falência de negócios que eram considerados saudáveis antes da pandemia e mais próximo o país estará do formato em “U” do que do “L”.

Há também a possibilidade de que a crise, em seu curso, traga mudanças nos ambientes institucionais do país, com efeitos desfavoráveis ao crescimento com inclusão social. No longo prazo, as crises geralmente tornam os pobres mais pobres e os ricos mais ricos

No entanto, como em outras ocasiões de catástrofe na história, esse momento pode significar também a possibilidade de grande mudança. Exemplo óbvio disso, no caso brasileiro, foi a necessidade de incorporar trabalhadores informais “invisíveis” ao arcabouço de proteção social no país, que se cadastraram para receber o auxílio emergencial. Pode ser o início de um processo de integração.

E o Brasil? Como será?

A saída do segundo ministro da Saúde, na sexta passada, demonstrou como risco de que fragilidades institucionais subjacentes podem ser acentuadas pela situação de crise.

Ainda vivenciando a subida na curva epidêmica, podemos avaliar que o pacote de medidas emergenciais e temporárias adotado nos aproxima mais do U do que do V. Até porque, dado o âmbito global da crise, dependemos também de como se der a evolução no resto do mundo.

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