O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa de referência de juros, Selic, a 10,50% ao ano, novamente, repetindo o movimento visto em junho, quando interrompeu o ciclo de cortes de juros. Após sete reduções, que levaram a taxa de 13,75% para 10,50%, a autoridade monetária assumiu uma postura mais cautelosa. A decisão foi unânime.
Participaram da reunião: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.
A concordância ou dissonância entre os membros tem sido uma preocupação para o mercado, porque dá pistas de como poderá ser a nova gestão do Banco Central, com um presidente indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para alguns investidores, o receio é de que a autoridade monetária passe a priorizar uma agenda política em detrimento do combate à inflação. Campos Neto deixa o cargo em janeiro.
Na reunião anterior, de junho, a decisão para manter a taxa foi unânime, trazendo uma mensagem de conforto para os mais desconfiados. De lá para cá, o comitê teve que considerar outras variáveis para chegar a essa decisão e ajustar o plano de voo.
O que mudou?
Na última reunião, houve uma melhora no cenário global, com expectativas renovadas de que um corte de juros nos Estados Unidos (EUA) virá em setembro. “Por outro lado, houve mais preocupação com atividade forte (mercado de trabalho), deterioração das expectativas de inflação e números correntes de inflação pior que o esperado, como visto no IPCA-15 de julho
Além da “prévia da inflação” acima do esperado, os economistas que contribuem para o Boletim Focus revisaram, semana a semana, um índice de preços maior para 2024 e 2025, que seria o “horizonte relevante” para o Banco Central. Isso significa que os efeitos da política monetária de hoje só deverão ser sentidos no ano que vem.
A mudança mais preocupante foi o nível do câmbio. O dólar é um importante vetor inflacionário, por isso, quando sobe demais, preocupa o comitê, uma vez que tende a elevar os preços. Nos últimos 10 dias, a média móvel do câmbio foi de R$ 5,62. À época da última reunião era de R$ 5,30.
Fonte Valor Invest
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