“Deixar dinheiro parado é burrice.”
Esse tipo de frase é comum entre investidores que acreditam que manter caixa é sinônimo de ineficiência. Mas essa visão simplista ignora o papel estratégico que a liquidez pode exercer dentro de uma carteira bem estruturada.
O caixa, quando bem utilizado, não serve apenas para reduzir perdas em momentos de estresse — ele pode ampliar retornos ao permitir que o investidor compre ativos em condições mais favoráveis, justamente quando o mercado está em pânico.
Quer um exemplo real?
Em 2025, o S&P 500 está caindo 8,5%, enquanto o Warren Buffett sobe 14%.
Além disso, foi o único entre os grandes bilionários que viu seu patrimônio crescer, segundo os dados mais recentes. A diferença? Buffett mantém uma alocação significativa em caixa. E, mais importante do que manter, ele sabe quando usar.
Neste artigo, vou te mostrar uma simulação prática com dois investidores: um 100% alocado em ações, e outro com 70% em ações e 30% em caixa. Apenas com essa mudança na alocação, o investidor com caixa termina dois anos com um patrimônio 12,3% maior do que o investidor totalmente alocado — mesmo tendo a mesma quantia inicial.
Imagina dois amigos com R$500 mil cada um pra investir. Eles tomam caminhos diferentes:
- Investidor A: mete tudo em ações.
- Investidor B: aloca 70% em ações e 30% em caixa (que rende 14,15% ao ano, algo comum em renda fixa nos últimos tempos).
Vamos ver como cada um se saiu em dois anos. O primeiro foi uma queda feia no mercado. O segundo, uma recuperação forte.
Ano 1: Ações caem 30%
Investidor A:
Ele estava 100% em ações. Tomou a queda inteira.
- R$500.000 × (1 – 0,30) = R$350.000
Investidor B:
Ele tinha:
- R$350.000 em ações → também caíram 30%:
R$350.000 × 0,70 × (1 – 0,30) = R$245.000 - R$150.000 em caixa → rendeu 14,15% no ano:
R$150.000 × (1 + 0,1415) = R$171.225
Total no fim do ano 1:
245.000 (ações) + 171.225 (caixa) = R$416.225
Queda no ano:
- A: perdeu 30%
- B: perdeu só 16,75%
Ou seja, o caixa amortizou quase metade da pancada.
Ano 2: Ações se recuperam e sobem 40%
Agora vem a parte que a maioria esquece: quem tem caixa pode atacar.
Investidor B recompõe a carteira pra manter os 70% em ações e 30% em caixa. Ou seja, compra ações baratas, ainda machucadas da crise.
Novo rebalanceamento com R$416.225:
- 70% em ações = R$291.358
- 30% em caixa = R$124.867
Agora vamos ver o que acontece com o patrimônio dos dois no ano da recuperação:
Investidor A:
- R$350.000 × 1,4 = R$490.000
Investidor B:
- Ações: R$291.358 × 1,4 = R$407.901
- Caixa: R$124.867 × (1 + 0,1415) = R$142.542
Total no fim do ano 2:
407.901 + 142.542 = R$550.443
Diferença final: R$60.443 a mais pro Investidor B.
Mesmo tendo começado do mesmo ponto.
Mesmo tendo ganhado “menos” no segundo ano (em termos percentuais).
O segredo? Protegeu na queda e se recuperou mais rápido.
O que fez a diferença nessa simulação não foi uma previsão brilhante, nem uma escolha certeira de ações. Foi simplesmente a alocação mais balanceada e a disciplina no rebalanceamento.
O investidor que manteve 30% do portfólio em caixa sofreu uma queda menor no primeiro ano e, ao rebalancear sua carteira após a crise, conseguiu comprar ações por um preço significativamente mais baixo. Com isso, capturou um retorno absoluto maior na recuperação — mesmo com a mesma performance percentual das ações.
Além disso, o caixa não ficou parado: ele rendeu 14,15% no período, ajudando a preservar e até aumentar o capital disponível para novas compras.
Essa diferença de abordagem resultou, ao final de dois anos, em um patrimônio 12,3% maior do que o do investidor que ficou 100% exposto ao risco do mercado.
Não foi sorte. Foi gestão de risco e uso inteligente da liquidez.
Ter caixa pode te ajudar a bater o mercado pois:
- Reduz perda em momentos ruins
- Dá liberdade pra comprar na baixa
- Rende enquanto espera
- E te ajuda a se recuperar mais rápido que o mercado
Investir 100% do capital em ações pode parecer corajoso, mas muitas vezes é só imprudente. Às vezes, ser agressivo é justamente ter munição na hora certa.
Grande abraço,
João Pedro Mello
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