Indústria 4.0

Indústria 4.0

Qual o custo/retorno dessa revolução?

Se você investe em Embraer, Ambev, Weg ou em alguns ativos no mercado internacional, como Volkswagen, Mercedes-Benz, Bosch ou Siemens, já está investindo na indústria 4.0.

Obviamente, cada uma dessas empresas está em um nível de desenvolvimento diferente, estágios distintos, aplicações diferentes no processo produtivo.

Mas todas elas já perceberam a necessidade de olhar para o futuro com projetos pensados para a evolução dos sistemas de produção, a Manufatura Avançada.

 

A Mercedes-Benz

Por exemplo, já divulgou que após as alterações nos processos teve um ganho de rentabilidade na produção e na logística – acesse esse LINK para ver um vídeo da produção.

Ou então, se preferir, veja o da Indústria 4.0 – Planta da Bosch em Blaichach, Alemanha.

 

Se você investe na Ambev

Deve saber que o foco dela nesse processo de otimização é o menor consumo de energia e de água no processo.

O que reduz custo e tende a melhorar a margem, assim como melhora na projeção de demanda através de programas específicos.

Além de outros processos na linha que eram manuais e hoje são automatizados e conectados.

 

Se investe na Weg

Conhece o sensor que auxilia o monitoramento das fábricas.

O WEG Motor Scan (manutenção preditiva/diagnóstico antecipado), prevenindo assim falhas e paradas, o que preserva a vida útil do motor.

Indústria 4.0: institucional da WEG

Imagem retirada do site institucional da WEG

E isso é possível através da manufatura aditiva, IOT (internet das coisas), IA (inteligência artificial), CPS (sistemas ciber físicos) e SynBio (biologia sintética).

Se você tem o hábito de ler nossos materiais aqui no site aberto ou lá na área de membros (análises de negócio/podcast).

Vai lembrar que já comentei algumas vezes sobre a Weg e o modelo da modularidade, que permite uma maior flexibilidade e redução de perdas no processo.

 

Pois bem, esse é um dos pilares da indústria 4.0.

Assim é possível, por exemplo, a modificação de tarefas dos processos nos sistema com mais flexibilidade, agilidade e eficiência, e isso aparece nos números, lá na DRE.

Ou seja, a intenção dessa revolução é permitir a conectividade do sistema (máquinas), criando assim uma rede inteligente e, consequentemente, reduzindo as perdas dos processos produtivos.

Seja de tempo, matéria-prima, insumos ou produtos em produção e acabados.

Isso ocorre porque é possível testar todo o processo virtualmente, antecipar os problemas, reduzir os tempos, melhorar o controle de qualidade, reduzindo assim os retrabalhos e, com isso, aumentar o lucro do negócio.

Essa realidade aumentada, que simula a execução no virtual para posterior aplicação no mundo real, tem impacto inclusive na manutenção preventiva que.

Por sua vez, influencia diretamente a capacidade da planta, afinal, sem manutenção preventiva adequada, as possibilidades de paradas não programadas aumentam.

O que interfere na produção efetiva, ou seja, no volume e no faturamento, o que vai mexer no lucro operacional também.

 

Contribui também com o aumento da produtividade nos processos

Já que é possível detectar e eliminar as falhas de forma mais rápida e sem perder produção, e isso faz com que os produtos tenham menos falhas no final da linha.

O controle de qualidade mais efetivo produz efeito na confiabilidade do produto, que consequentemente faz com que a demanda por ele aumente.

Ou seja, a proposta é testar no virtual, através do rastreamento e monitoramento remoto de todo o sistema, prevenindo e otimizando a produção.

 

Quem iniciou esse movimento foi o governo da Alemanha

Na busca pelo desenvolvimento de plantas produtivas inteligentes e mais eficientes e também para superar a crise financeira global de 2008, usando a automação e a conectividade do sistema.

Ou seja, equipamentos integrados que interagem (porque estão conectados à internet, aqui um dos pilares da Indústria 4.0 – IOT – Internet das Coisas), os robôs inteligentes, impressoras 3D, simulação, digitalização da informação, etc.

E sabemos que essas mudanças alteram radicalmente as formas de produção, a forma como o trabalho é organizado e o quanto de energia é aplicada nas tarefas.

Basta voltar no tempo e refletir sobre a 1ª Revolução (uso da máquina a vapor, as ferrovias como modal de transporte e sem esquecer da fabricação têxtil);

Já a 2ª Revolução tem como protagonistas a eletricidade, o petróleo e o aço;

E a última (3ª Revolução), que ainda está presente na maior parte das indústrias e teve como personagens principais o computador, a microeletrônica e as telecomunicações.

Ocorreu a partir do final da década de 90, ou seja, a revolução da era da internet.

 

Caso você tenha 40 anos ou mais

Vai se lembrar de como eram as produções na década de 80 e como alguns gestores reagiam à possibilidade da internet mudar os sistemas de produção e como isso afetaria as formas de trabalho e também o consumo.

Veja um vídeo da linha de montagem da GM – Opalas.

opalas

Vamos usar um exemplo bem simples para que fique mais claro: imagine uma montadora de veículos.

Lá existe a pintura do veículo correto?

Em um sistema padrão, a troca de cor exige que o processo seja pausado, é feita a limpeza do equipamento de pintura e alteração da cor da tinta.

Isso faz com que o funcionário (na cabine de pintura) use tempo hábil em uma tarefa que não é produtiva, e ainda existem os riscos dessa atividade (tóxicos).

 

No modelo de conectividade a proposta é mais simples

O comando vem diretamente do computador para o equipamento, a troca é mais rápida e, com isso, é possível que a planta produza carros de cores variadas na mesma linha de produção.

Ou seja, o sistema movimenta as cores para a cabine de pintura com quase zero perdas, minimizando consumo de tinta e mudanças rápidas de cor.

Um case interessante é da Dürr e a linha de pintura inteligente para a  BMW ao redor do mundo.

Ou então, um processo onde o acionamento e o controle ocorrem por rádio frequência – (cada tipo de produto tem um código de RF).

Oossibilitando assim que robôs executem tarefas específicas variadas nas estações de trabalho, ou seja, ele sabe o que fazer naquele produto especifico (CPS);

Isso atinge diretamente a capacidade de personalização dos produtos e quebra a necessidade de escala para viabilizar determinados produtos.

Ou ainda, a necessidade de capex elevado para grandes fábricas, que acabam em momentos de queda de demanda com uma capacidade ociosa elevada e um custo maior, o que corrói a margem.

 

Aqui o foco seria a descentralização da produção, onde os módulos executam seus processos individuais.

Mas são integrados e com o fluxo de acordo com o projeto virtualmente desenhado e monitorado, o que afeta diretamente a forma como as empresas trabalham o estoque.

O RFID é usado para aumentar a visibilidade da cadeia de suprimentos, o famoso saber o que você tem em estoque e onde está o produto.

E de quebra deixa o mercado consumidor satisfeito e fidelizado.

Sem falar em indústrias que podem integrar a produção em plantas de diversos países, integrando assim a cadeia produtiva inteira para evitar atrasos, excessos, perdas etc.

Integrando inclusive a parte dos estoques (aqui é a cadeia inteira, incluindo as fábricas próprias e também os fornecedores) e isso é possível graças à computação na nuvem.

Que faz o controle e processamento de todos os equipamentos da cadeia, e isso interfere diretamente na forma como a informação é usada.

Além da agilidade com que os processos podem ser redirecionados e corrigidos.

Ou o YuMi, que é um robô para a tarefa de montagem de peças menores (eletrônicos, por exemplo):

 

Indústria 4.0 no Brasil

A evolução é essencial, seja para sermos mais eficientes no uso dos recursos que não são infinitos, quanto para melhorar a vida das pessoas.

Mas essa realidade de revolução 4.0 ainda precisa trilhar um longo caminho por aqui.

Considere que, segundo dados do governo e da Confederação Nacional da Indústria, a participação da indústria no PIB hoje representa menos de 10%.

E que o Brasil ocupa, também segundo dados do governo, a 66ª posição no Índice Global de Inovação, que leva em consideração P&D, aumento de produtividade, educação, exportação de produtos de alta tecnologia, etc.

 

Os ganhos para o setor são grandes:

  • aumento de produtividade
  • redução de falhas
  • redução de custos
  • redução de paradas
  • descentralização do controle dos processos produtivos
  • customização e flexibilidade

Isso significa bilhões.

Mas para que isso ocorra é preciso que nossa indústria cresça forte, organicamente, olhando para o futuro e com confiança para fazer os investimentos necessários.

No Brasil, os setores de bebidas, farmacêutica e de automóveis são os grandes precursores dessa inovação, porém ainda está restrita a esses grandes negócios e não é a realidade da maioria das indústrias que têm um porte menor, menos capital e menos expertise.

Logo, entende-se que existe um longo caminho para percorrer até os resultados serem sentidos não apenas em alguns negócios, e sim no resultado da indústria como setor.

Daniel Nigri com apoio da Patrícia Rossari

O analista Daniel Nigri CNPI1810 é o responsável pelas informações perante a ICVM 598

As informações não constituem recomendação de compra ou venda de qualquer ativo

 

 

 

 

 

 

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