Imagine que você é um estrategista financeiro e tem R$100 mil para investir. Aí surge a oportunidade: o Tesouro Prefixado, pagando generosos 14% ao ano até 2031. Parece uma oferta tentadora, mas como em toda decisão de investimento, você precisa pensar nos possíveis cenários que podem rolar até lá.
Vamos brincar de prever o futuro? Trago aqui quatro cenários: otimista, realista, pessimista e aquele cisne negro: o ultrapessimista.
Cenário Otimista: Inflação de 3% ao Ano
Resumo: O Brasil virou a Noruega tropical. Inflação controlada, crescimento sustentável, e todo mundo feliz (menos quem ainda está no trânsito).
Cálculo: Com o Tesouro Prefixado a 14% ao ano, e a inflação anual em 3%, você teria um retorno real (descontada a inflação) próximo de 10,68% ao ano.
Investimento inicial: R$100 mil
Valor bruto final em 2031: R$363.349,70
IR (15% sobre os rendimentos): R$39.502,46
Valor líquido final: R$323.847,24
Agora vamos ao que importa: o poder de compra. Descontando a inflação acumulada de cerca de 34,4%, seus R$323,8 mil valeriam aproximadamente R$241.000 em valores reais. Em termos de rentabilidade, foi um baita negócio. Você venceu a inflação com folga e fez o dinheiro trabalhar por você.
Cenário Realista: Inflação de 4,5% ao Ano
Resumo: O mundo não acabou, mas também não estamos na Dinamarca. Um Brasil com inflação dentro da meta, só que sempre no limite.
Cálculo: Com uma inflação anual de 4,5%, o retorno real do investimento seria algo como 9,05% ao ano.
Investimento inicial: R$100 mil
Valor bruto final em 2031: R$363.349,70
IR (15% sobre os rendimentos): R$39.502,46
Valor líquido final: R$323.847,24
Com a inflação acumulada ao longo dos anos (cerca de 43,9%), o valor líquido ajustado para o poder de compra seria de aproximadamente R$225.000 em valores reais. Ainda valeu a pena, mas já não dá pra dizer que foi o investimento do século.
Cenário Pessimista: Inflação de 6,5% ao Ano
Resumo: As coisas começaram a desandar. Gastos descontrolados, crises e aquele velho jeitinho brasileiro.
Cálculo: Nesse cenário, o retorno real cai para cerca de 7,04% ao ano.
Investimento inicial: R$100 mil
Valor bruto final em 2031: R$363.349,70
IR (15% sobre os rendimentos): R$39.502,46
Valor líquido final: R$323.847,24
A inflação acumulada ao longo dos anos seria de 68,5%, o que significa que o poder de compra final seria próximo de R$192.000 em valores reais. Você ainda ganha, mas a margem é apertada.
Cenário Ultrapessimista: Inflação de 10% ao Ano
Resumo: É o caos. Você pensava que o Tesouro Prefixado era seguro, mas agora o churrasco virou carne moída.
Cálculo: Com inflação de 10% ao ano, o retorno real despenca para 3,63% ao ano.
Investimento inicial: R$100 mil
Valor bruto final em 2031: R$363.349,70
IR (15% sobre os rendimentos): R$39.502,46
Valor líquido final: R$323.847,24
A inflação acumulada seria surreal: 159,4%. No fim das contas, o valor ajustado pelo poder de compra seria de apenas R$125.000 em valores reais. Ou seja, você praticamente estacionou seu dinheiro no tempo.
O Tesouro Prefixado com 14% ao ano é uma aposta com potencial de ganhos relevantes em cenários controlados. Claro, há um risco: se a inflação disparar (e não seria a primeira vez no Brasil), os rendimentos reais podem se tornar decepcionantes.
Mas sejamos francos: se você realmente acha que o Brasil vai mergulhar num cenário ultrapessimista, talvez o Tesouro Prefixado não seja o maior dos seus problemas. Nesse caso, dolarizar o patrimônio ou investir fora do país deveria ser seu plano principal.
Investir é como surfar: você não controla o tamanho das ondas, mas escolhe quais valem a pena pegar. O segredo está em identificar as que oferecem o melhor equilíbrio entre risco e recompensa, sem se deixar levar pela tentação de entrar em todas.
O Tesouro Prefixado é um caminho interessante, mas exige que você esteja confortável com os possíveis cenários e seus desdobramentos. De qualquer maneira, vale a pena refletir sobre.
Grande abraço,
João Pedro Mello
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