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Planejamento Financeiro na Prática: Como Construir um Orçamento Familiar Eficiente

Fala, pessoal!

Minha ideia aqui é sempre trazer conceitos que fujam do que se encontra por aí. No meu último artigo, propus a criação de um orçamento familiar para que vocês pudessem ter mais clareza sobre seus gastos, identificando pontos de atenção e evitando armadilhas comuns. E, já que vamos aprofundar esse tema, quero falar sobre um conceito que gera muita dúvida: como registrar receitas e despesas corretamente.

Acho que 9 em cada 10 clientes se perdem na hora de categorizar seus ganhos e gastos. E aqui entra uma diferença fundamental que pode mudar completamente sua forma de enxergar seu dinheiro: Regime de Caixa vs. Regime de Competência. Sim, este conceito também existe nas finanças pessoais! Vamos entender melhor?

Regime de Caixa vs. Regime de Competência: Qual é o Melhor para Seu Orçamento?

Quando falamos em planejamento financeiro, um dos primeiros desafios é como organizar receitas e despesas de forma clara e realista. A grande questão é: devemos registrar os valores quando o dinheiro efetivamente entra e sai da conta (Regime de Caixa) ou quando a obrigação financeira é gerada, independentemente do pagamento (Regime de Competência)?

Regime de Caixa: Simplicidade e Controle no Dia a Dia

O Regime de Caixa é o mais intuitivo e usado pela maioria das pessoas. Ele considera o fluxo real de dinheiro no seu dia a dia, ou seja, você registra quando o dinheiro cai na conta ou sai dela. Isso traz benefícios como:

✔ Facilidade no acompanhamento do saldo real disponível.

✔ Melhor controle do fluxo de caixa e das despesas variáveis.

✔ Maior previsibilidade sobre a liquidez.

Exemplo: Se você recebe seu salário no dia 5 e paga o aluguel no dia 7, esses valores só entram no seu orçamento nesses dias. Parece prático, certo? Mas há um problema…

Regime de Competência: O Olhar Estratégico de Longo Prazo

Já o Regime de Competência foca em quando a receita ou despesa foi gerada, independentemente do pagamento. Esse conceito é muito usado por empresas para uma visão mais precisa das finanças, mas também pode (e deve!) ser aplicado às finanças pessoais.

✔ Permite enxergar compromissos futuros e evitar surpresas.

✔ Ajuda a entender o verdadeiro custo de vida mensal.

✔ Torna o planejamento de longo prazo mais confiável.

Exemplo: Imagine que você faz uma compra no cartão de crédito hoje, mas o pagamento só será debitado no próximo vencimento. Pelo Regime de Caixa, você só registrará a despesa na data do pagamento. Pelo Regime de Competência, ela já é contabilizada como um compromisso, ajudando a prever e planejar os gastos futuros.

E Qual o Melhor para Seu Orçamento?

A resposta pode te surpreender: o ideal é combinar os dois!

Use o Regime de Caixa para controle do dia a dia, garantindo que não falte dinheiro para compromissos essenciais. Esse modelo é fundamental para acompanhar entradas e saídas da sua conta corrente e evitar surpresas no saldo. Para isso, é essencial acompanhar regularmente o extrato bancário, prestando atenção às datas de recebimentos e pagamentos. Esse controle deve ser feito diretamente pelo cliente, garantindo que todas as movimentações estejam alinhadas com o planejamento financeiro.

Use o Regime de Competência para planejamento estratégico, entendendo seu verdadeiro custo de vida e prevendo gastos futuros. Esse é o modelo que utilizo para analisar o orçamento dos meus clientes, pois permite ajustes antecipados e evita desequilíbrios financeiros. O profissional tem um papel essencial em ajudar o cliente a interpretar seu orçamento de forma estratégica. Isso inclui identificar padrões de gastos, entender quais despesas impactam mais o fluxo de caixa e propor ajustes que tornem o orçamento mais equilibrado e sustentável ao longo do tempo. Com essa abordagem, é possível criar um plano financeiro personalizado, garantindo que os recursos sejam alocados de forma mais eficiente e sustentável ao longo do tempo.

Eu mesma adoto essa metodologia com meus clientes, e a diferença na clareza financeira é enorme! Afinal, um bom orçamento não é apenas sobre anotar gastos, mas sim entender como o dinheiro se comporta e tomar decisões estratégicas.

Passo a Passo para Construir seu Orçamento

  1. Levante suas receitas:
    • Liste todas as suas fontes de renda: salário, bônus, aluguéis, dividendos, pensões, entre outros.
    • Se sua renda é variável, faça uma média anual para ter uma previsão mais realista.

 

  1. Liste todas as suas despesas:

Registre absolutamente tudo que sai do seu bolso, sem exceção. Para facilitar, categorize os gastos em grandes grupos e subdivida-os para maior detalhamento:

    • Moradia: aluguel, condomínio, IPTU, contas de água, luz, gás, manutenção.
    • Veículo: combustível, estacionamento, pedágios, manutenção do veículo, transporte público.
    • Alimentação: supermercado, restaurantes, delivery, cafés.

Dessa forma, você saberá exatamente o peso de cada categoria no seu orçamento e poderá identificar com mais precisão onde ajustar seus gastos caso seja necessário.

  • Diferencie os gastos compromissados dos eletivos, para saber onde cortar se necessário.
    • Compromissados: Despesas fixas essenciais, como aluguel, supermercado, luz, escola dos filhos.
    • Eletivos: Gastos supérfluos, que podem ser cortados se necessário, como viagens, roupas e restaurantes.

 

  1. Construa o balanço patrimonial da sua família:
    • O balanço patrimonial é essencial para entender seus ativos (investimentos, imóveis, bens em geral) e passivos (dívidas, financiamentos). Ele revela sua real situação financeira. Veja o exemplo abaixo:

Balanço Financeiro Familiar

Ativos Valor (R$) Passivos Valor (R$)
Imóvel 500.000 Financiamento Imóvel 200.000
Automóvel 150.000 Consignado 50.000
Dinheiro Investido 500.000
Total de Ativos 1.150.000 Total de Passivos 250.000
Patrimônio Líquido 900.000

O patrimônio líquido é calculado subtraindo os passivos do total de ativos, representando o valor real da riqueza acumulada pela família.

4. Não sabe por onde começar? Use a regra 50/30/20:

50% para necessidades: Moradia, alimentação, contas fixas (gastos compromissados).

30% para desejos: Lazer, viagens, compras (gastos eletivos).

20% para investimentos e emergências: Construção de patrimônio e reserva financeira.

Seguir essa regra pode ser um ótimo ponto de partida para equilibrar seu orçamento e garantir um futuro financeiro mais seguro. No entanto, é importante adaptar esses percentuais à sua realidade e objetivos, ajustando conforme necessário para que sua vida financeira seja sustentável e alinhada com suas prioridades.

Dicas Extras para Manter seu Orçamento em Dia

Revise seu orçamento sempre que houver mudanças na renda ou nas despesas.
Evite compras por impulso; pergunte-se se você realmente precisa daquele item.
Envolva a família no planejamento financeiro para manter os gastos sob controle.
Automatize pagamentos e investimentos para garantir disciplina financeira.

Criar um orçamento é o primeiro passo para um futuro financeiro tranquilo e estruturado. Mas lembre-se: viver o presente também é essencial! Planeje com inteligência, mas aproveite a jornada.

Até a próxima!

Abraços,
Julia Priante

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