Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu elevar novamente a taxa Selic, que agora atinge 14,75% ao ano, o maior nível desde 2006. A decisão foi unânime e, segundo o comunicado oficial, visa conter uma inflação que segue persistente e acima da meta, com projeções de 5,5% para 2025 e 4,5% para 2026, de acordo com o Boletim Focus.
“O ambiente externo mostra-se adverso e particularmente incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente acerca de sua política comercial e de seus efeitos….. Além disso, o comportamento e a volatilidade de diferentes classes de ativos também têm sido afetados, com fortes reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes em ambiente de maior tensão geopolítica.”, destacou o Copom na nota pública.
Mas aqui vai um ponto muito importante — e que talvez nem todo investidor perceba:
Embora a Selic atual esteja em alta, o mercado já começa a precificar a queda.
Sim, isso mesmo. A curva futura de juros começou a ceder.
Isso significa que produtos prefixados ou atrelados ao IPCA já embutem taxas mais baixas, antecipando uma eventual desaceleração da economia e, consequentemente, um ciclo de corte na Selic mais à frente.
Por isso, nem tudo o que parece mais “gordo” hoje realmente representa uma boa oportunidade. É essencial observar a trajetória esperada dos juros, e não apenas a taxa atual.
O que o Copom sinalizou?
No comunicado oficial o Banco Central foi claro:
“A conjuntura externa, em particular os desenvolvimentos da política comercial norte-americana, e a conjuntura doméstica, em particular a política fiscal, têm impactado os preços de ativos e as expectativas dos agente”.
Ao mesmo tempo, o comitê reconhece que há sinais de moderação no crescimento e que os efeitos acumulados da política monetária ainda estão por vir. Em outras palavras: a política de juros já está fazendo efeito e, por isso, o ciclo de alta pode estar chegando ao fim.
E é aí que entra um ponto crucial: o mercado financeiro já antecipou esse cenário.
R$10.000 investidos por 5 anos — Simulação com a nova Selic (14,75%)
Elaborado por Savoir Invest
O que os números mostram?
- Os produtos isentos de IR (LCI/LCA) continuam atrativos, mesmo com uma taxa nominal menor.
- O Tesouro prefixado já entrega um rendimento inferior,
- CDBs atrelados ao CDI ganham força nesse cenário de Selic elevada — mas o investidor precisa estar atento ao prazo e à alíquota de IR.
A curva de juros começou a ceder
Mesmo com a Selic em 14,75%, a chamada curva de juros futura, que precifica os retornos esperados dos títulos prefixados e atrelados ao IPCA, já começou a cair. Isso acontece porque o mercado projeta que essa Selic elevada não vai durar para sempre.
Resultado? Os títulos prefixados e IPCA+ mais longos já estão pagando menos do que há poucas semanas. E isso muda o jogo para quem está tentando “travar” uma taxa alta por vários anos.
O que fazer agora?
Este é o momento de ter estratégia, não euforia.
Quem está investindo precisa entender que:
- A Selic alta não garante bons retornos para todos os ativos.
- O mercado precifica o futuro, não o presente.
- É necessário ter cautela com prazos muito longos e produtos sem liquidez;
- Manter uma carteira alinhada com seus objetivos e perfil de risco.
Se você quer proteger e crescer seu patrimônio, é hora de revisar seu portfólio com cuidado.
Planejamento financeiro não é sobre prever o futuro, mas sim sobre se preparar para ele.
Julia Bastos Chagas Priante – @julia.priante
Engenheira de Alimentos pela Universidade Federal de Viçosa, atua no mercado financeiro desde 2006. Com ampla experiência como Officer no Itaú Unibanco/Itaú BBA nos segmentos de Empresas, Nicho Imobiliário e Multinacionais. É Especialista em Investimentos (CEA) e Pós-graduada em Planejamento Financeiro. Auxilia famílias a alcançarem seus sonhos por meio de um planejamento financeiro estruturado e personalizado.
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